PMSP/SMC/DPH
São Paulo, janeiro/março de 2011
Ano 5 N.28 

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  • ESTUDOS & PESQUISAS
  • A TV Tupi no acervo do Arquivo Histórico de São Paulo:
    novas fontes







    | O bairro do Sumaré | A ocupação do bairro | A chegada da televisão | Notas | Fontes |


    A chegada da televisão

    A RCA Victor durante algum tempo deteve o controle sobre as patentes mais avançadas em radiofonia e televisão. Como vimos acima, a ligação entre Chateaubriand e a RCA já estava estabelecida, ampliando-se em 1949 com os preparativos para a vinda de uma nova tecnologia unindo a transmissão de imagem e som. Assis Chateaubriand logo se viu emparelhado no seu ideal pioneiro, pois outros empreendedores sentiram no ar as possibilidades da televisão. A Rádio Televisão Paulista S.A., futuro Canal 5, quase ao mesmo tempo que Assis Chateaubriand, também se lançou nessa trilha. Curiosamente, ela tinha sede na mesma Rua Sete de Abril, onde estava instalado os Diários Associados. Em 1º de maio de 1949, os incorporadores Luís Fonseca de Sousa Meireles, Nadir da Rocha Bressane e Celso Guimarães Arantes Nogueira, com o suporte de três bancos (Comércio e Indústria, Bandeirantes do Comércio e o ainda pequeno Itaú), abriram o capital de Cr$ 30.000.000,00 (30 milhões de cruzeiros), dividido em 30.000 ações de mil cruzeiros cada, dando partida para o empreendimento. O manifesto de lançamento declarava:
      “maravilhosa criação do espírito humano da nova era, conjuga o poder da imprensa, o prodígio da radiodifusão e o milagre do cinema, numa só expressão industrial de incalculáveis possibilidades econômicas e lucrativas. Ninguém ignora os lucros da publicidade, da radiodifusão e do cinema. Modestas iniciativas de poucos anos atrás tornaram-se entre nós poderosas empresas de lucros seguros e crescentes. A televisão já passou do terreno das experiências para o campo da realidade concreta. Assim o atestam de sobejo, as tentativas vitoriosas, nesse setor, nos EE.UU. da América do Norte, que já possuem mais de 40 estações emissoras em pleno funcionamento e aproximadamente 80 em vias de conclusão. O mesmo acontece em vários países da Europa, notadamente na Inglaterra e na França. Nos Estados Unidos a televisão revolucionou os meios econômicos, ocasionando uma verdadeira corrida de capitais em busca desse novo e atraente ramo de negócios. Tudo demonstra ser 1949 o ano da televisão”.
    A eleição da diretoria da TV Paulista ocorreu somente no ano seguinte, fazendo-se o depósito legal de três milhões de cruzeiros. Comprou-se um prédio na Avenida Rebouças, nº 62, para a instalação dos estúdios. O contrato para a aquisição dos equipamentos eletrônicos foi realizado com a Standard Electric. Um dos sócios, Mário Monteiro Dinis Junqueira, queixou-se do atraso de dez meses na liberação da guia de importação pela Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil, levando a TV Paulista a proceder sua inauguração somente em 16 de março de 1952.

    TV Paulista, 1952
    Além da RCA, a Standard Electric também
    supria as novas estações de equipamentos eletrônicos.
    Fonte: O Estado de S. Paulo, 16 de março de 1952, p.18.

    Se em maio de 1949 o grupo da TV Paulista estava lançando manifesto, Chateaubriand preparava o terreno para o recebimento dos Cr$ 5.760.000,00 (5 milhões, setecentos e sessenta mil cruzeiros), cerca de 300 mil dólares ao câmbio da época, em equipamentos de televisão comprados da RCA Victor. Para isso, em 10 de junho de 1949, o engenheiro Dorvalino Mainieri, Crea 168-41 e registro na Prefeitura número 950-D, entrou com um pedido na Secretaria de Obras para a ampliação das instalações da Rádio Difusora, dando como endereço a rua Catalão, 4820. O aumento do prédio existente destinava-se à “instalação de um estúdio de televisão”. O engenheiro encarregado trabalhava para F. A. Pestalozzi Escritório Técnico de Projetos e Fiscalização de Obras, com sede na Avenida Ipiranga, nº 1123, sala 1103.

    Localização do estúdio, 1949
    Planta de situação para construção do
    estúdio para televisão. Detalhe de projeto, 1949.

    O bloco a construir corresponde ao trecho em cinza mais escuro,
    à esquerda da torre, que ocupa a parte central do terreno (área losangular).

    Observe que a indicação do Norte foi editada
    para melhor visualização na internet.


    Acervo AHSP
    Projeto para estúdio, 1949
    Prancha do projeto para anexo destinado à estúdio de televisão, 1949.
    Na parte inferior, cortes do estúdio e parte da fachada para Rua Piracicaba.
    Em vermelho, elementos a contruir; em amarelo, a demolir.

    Abaixo, outra prancha do mesmo conjunto com detalhes construtivos do estúdio.
    Na parte inferior, detalhe de fachada e corte.

    Acervo AHSP

    Projeto para estúdio, 1949

    A ampliação inicial declarada era de 178,5 m2, correspondendo o restante dos trabalhos à reforma das antigas instalações da rádio. Com isso, abria-se espaço para dois estúdios. O maior, de 11,50 x 14,75 m (169,62 m2), tinha ao fundo do salão uma cabine de controle de 9,0 x 5,2 m, contendo um cubículo para o speaker de 2 x 2 m, e um espaço para o público de 7,0 x 2,0 m, imitando ainda as condições das rádios que permitiam uma proximidade visual externa com o trabalho do estúdio. Essa sala talvez seja a que Fannuchi se refere como
    Ocupação do estúdio da TV Tupi, déc.1950

    Reconstrução da ocupação da Tupi em 1950 idealizada por Mário Fannuchi.

    Observe que o edifício surge neste croqui girado em 180 graus
    em relação à planta de localização reproduzida anteriormente.
    Fonte: FANUCCHI, 1996.


    À esquerda desse estúdio instalou-se o equipamento de ar condicionado. Ao lado e à esquerda do primeiro estúdio situava-se o segundo, menor, com 5,20 x 4,85 m (25,22 m2)22. Na fachada principal, desenhada com um quadriculado de material não especificado, mas que ao final da obra era um alinhavado de tijolos aparentes, segundo Fannuchi, havia um vistoso “STUDIO TELEVISÃO” aplicado no alto à direita (substituído por um TELE VISÃO, palavras colocadas em planos distintos, como se pode ver pela foto).

    Estúdio da TV Tupi, 1950
    Fonte: FANUCCHI, 1996.

    O memorial descritivo definia um pé-direito de 7 m, piso dos estúdios e sala de “controle” com tacos de ipê, sala ladrilhada para o ar-condicionado. O forro seria revestido de celotex, um isolante (as paredes também seriam revestidas do mesmo material). A cobertura sobre estrutura de madeira de lei se faria com telhas Eternit. O resto tratava do trivial: esquadrias basculantes, paredes de tijolos, canalização de água para os extintores de incêndio, etc.

    O projeto caminhou pelas diversas instâncias da Secretaria até que o engenheiro Serafim Trapé anotou a infração da alínea b do art. 775 do Código de Obras (a reforma e ampliação ultrapassavam o 1/3 de área edificada, 1.899,5 m2, permitido pelo lote de 4.297 m2). Mainieri foi obrigado a se manifestar, anotando no processo que:
      “1) A construção destina-se a fins especiais, os quais representam elevado índice de progresso e de benefício geral para o público; 2) A atual estação da Rádio Difusora S/A ocupa o terreno todo de uma quadra, o que permite não haver inconvenientes para lotes de uma mesma quadra; 3) A ampliação solicitada não trará aumento de ruídos; sons e qualquer inconveniente, pois deverá ser perfeitamente isolada para evitar penetrações de sons e ruídos estranhos aos trabalhos; 4) Os prédios atuais ocupam área superior ao máximo permitido, o que sugeriu-me a existência de um precedente por ser obra de caráter especial e de utilidade pública. Pelo exposto e considerando-se o elevado espírito de progresso que norteiam os Srs. Engenheiros Municipais, que têm permitido o magnífico desenvolvimento de São Paulo, solicito que se considere o precedente existente e que se facilite o desenvolvimento da TELEVISÃO em São Paulo, permitindo neste caso excepcional que se ultrapasse o máximo permitido, para área de cobertura, nos casos rotineiros, prosseguindo-se normalmente no andamento desse processo para o fim colimado, a aprovação de plantas para construção projetada”.
    Não se sabe o que pesou mais na decisão da Prefeitura: se os argumentos patrióticos e morais de Mainieri ou a indicação de uma ilegalidade precedente. O fato é que os engenheiros municipais deram prosseguimento ao processo, embora se estivesse sancionando uma edificação equivalente a 42% da área total. Como declarou Rogério César Filho em 10 de agosto de 1949, “no caso de habitação e edículas é correntemente ultrapassada” essa porcentagem. Se um simples munícipe poderia cometer ilegalidades sem sofrer sanções, por que o mesmo não poderia ocorrer em contexto de “utilidade pública” e, podíamos acrescentar, principalmente quando ela beneficiava o poderoso Assis Chateaubriand, o magnata das comunicações? O processo subiu ao secretário de Obras, Dario de Castro Bueno, que mandou seguir o requerimento, já que se tratava de “fim especial”. Em 5 de setembro deu-se a aprovação por Antônio José Capote Valente da “reforma de um prédio para estúdio com aumento de área” (191 m2), emitindo-se o alvará nº. 15558 três dias depois, com emolumentos de Cr$ 361,10 (trezentos e sessenta e um cruzeiros e dez centavos).

    A primeira televisão no Brasil e a quarta fora dos Estados Unidos foi inaugurada em 18 de setembro de 1950. Não foi preciso mais do que três meses de funcionamento do Canal 3 para que os Diários Associados entrassem com novo projeto de adaptação23. O mesmo Dorvalino Mainieri ficou encarregado de apresentar as plantas em substituição às aprovadas em 1949, indicando alterações na circulação interna do prédio e reforço no revestimento acústico dos estúdios. A entrada pela Rua Piracicaba foi deslocada para a Rua Catalão. O tratamento acústico foi redobrado por uma camada isolante interna sobrepondo-se à parede, mostrando que a simples aplicação do celotex não fora suficiente. O telhado foi levantado, passando o pé-direito para oito metros (9,20 na fachada), de modo a facilitar a inclusão de gambiarras. A separação entre a sala de controle e o estúdio recebeu janelas, indicadas na planta como “visores”, eliminando-se o espaço anteriormente dedicado ao público. A cabine do speaker mantinha suas dimensões originais. A parte antiga dos estúdios da rádio que não tinha recebido atenção no projeto de 1949, ganharam agora novas funções, sendo ocupadas por oficinas, sala de projeção, arquivo, vestiários, salas para cenários e maquiagem. O projeto foi aprovado em 2 de fevereiro de 1951, emitindo-se a guia nº. 01119 de Cr$ 88,50 (oitenta e oito cruzeiros e cinquenta centavos) para os emolumentos. O alvará de construção nº. 35544 foi dado em 9 de fevereiro.

    Aparentemente, os dois estúdios pioneiros, o “maior” e o “menor” se reduziram a um único, já que David José citou uma escada como um entrave para a ligação entre eles. Dada a insuficiência desse arranjo, em janeiro de 1952 entrou-se com nova planta para a edificação de outro estúdio, com entrada também pela Rua Catalão. O mesmo engenheiro Mainieri foi encarregado do projeto. Prevendo um obstáculo semelhante ao de 1949, o diretor dos Diários Associados, Edmundo Monteiro, introduziu um arrazoado no seu requerimento encaminhado ao Departamento de Arquitetura: A nova edificação era em um único pavimento, dando entrada na Prefeitura em 17 de janeiro de 1952, para um estúdio com as dimensões de 12,5 x 10 m, pé-direito de sete metros, e duas salas de 2,5 x 3 m e 2,5 x 7 m, não especificadas no projeto, mas com certeza com a mesma função de sala de controle (switch) do primeiro estúdio. A fachada repetia as mesmas linhas retas do projeto anterior, prevendo-se um emboço e reboco de cal e areia para os tijolos. O “salão” receberia um tratamento acústico de “acordo com as necessidades técnicas”.
    Projeto para estúdio, 1952
    Modificações no conjunto de instalações. 1952.

    A nova área corresponde ao anexo hachurado
    indicado na parte superior direita da prancha.

    Acervo AHSP

    O processo foi encaminhado ao topógrafo Cid Florentino Pais de Barros que informou em 16 de fevereiro: o local faz frente para três vias públicas; “Considerando-se a frente principal do lote para a avenida Professor Alfonso Bovero, via pública de ligação entre dois bairros, aberta por esta Prefeitura, a qual não está sujeita a restrição alguma, e, tendo sido respeitado os recuos para as duas outras ruas, julgamos s.m.j. [salvo melhor juízo] nada haver a opor ao presente processo”. Dito isso, o processo correu tranquilamente pelas diversas seções do Departamento de Arquitetura da Secretaria de Obras, recebendo a aprovação de Flávio Túlio de Oliveira em 27 de fevereiro, anotando-se o aumento de área de 170 m2 “para estação de rádio”, o que era um engano. O acréscimo de área construída elevou a ocupação para quase 50% do terreno (2.008 m2). O novo estúdio recebeu a denominação de “B”, em contraposição ao primeiro “estúdio maior”, que ficou conhecido como “A”.

    Os sucessivos acréscimos entre 1949 e 1952 alertaram a direção dos Diários Associados para as soluções paliativas que estavam sendo tomadas em relação ao agigantamento da “Cidade do Rádio”, motivando um lance audaz de reorientação geral do espaço ocupado no Sumaré. Dessa forma, em 7 de abril de 1954 Edmundo Monteiro entrou com pedido de construção de um prédio de sete pavimentos com entrada pela Avenida Afonso Bovero25. O engenheiro encarregado foi o mesmo Dorvalino Mainieri, agora estabelecido com a Construtora Hohenhole, Mainieri Ltda., cujo escritório ficava na Rua Conselheiro Crispiniano, nº 105, 6º. andar, sala 63. A nova diretriz para utilização do terreno previa o reaproveitamento da maior parte dos espaços existentes, assim como do primeiro pavimento, que na nova ordem de ocupação se transformou em pavimento intermediário com área de 1.004,12 m2 (reformavam-se 365,7 m2 no térreo). O auditório contaria com 581 lugares (ampliado em relação ao original), mas o hall e outras salas eram eliminadas em favor de um futuro estúdio “C”26. No andar intermediário se localizariam as salas de controle de TV, do palco e do som. Os andares de 402 m2 estavam divididos pela seguinte destinação:
      1º. pavimento: administração, restaurante e bar;
      2º. pavimento: três estúdios de rádio com tratamento acústico;
      3º. pavimento: dois estúdios de rádio com tratamento acústico;
      4º. pavimento: salão de 14,4 x 21,5 m mais sanitários
      (sem especificação);
      5º. pavimento: idem;
      6º. pavimento: dividido ao meio para ocupação do departamento técnico, controle geral, almoxarifado e oficina técnica;
      7º. pavimento: terraço com casa de máquinas e caixa d’água.

    Térreo e andar intermediário, Rádio Difusora, 1954
    Projeto para Rádio Difusora. 1954.
    Térreo e andar intermediário.

    Observe como referência, na parte inferior, a Rua Piracicaba.
    Em vermelho, elementos a construir; em amarelo, a demolir.
    Acervo AHSP

    Pisos 1 a 7, Rádio Difusora, 1954
    Projeto para Rádio Difusora. 1954.
    Pisos 1 a 7.

    Observe que o edifício mais alto está posicionado no canto direito do conjunto,
    sempre tomando como referência a Rua Piracicaba.
    Acervo AHSP

    Elevações, Rádio Difusora, 1954
    Projeto para Rádio Difusora. 1954.
    Elevações: ao alto, para Avenida Afonso Bovero;
    abaixo, para Rua Piracicaba
    .
    Acervo AHSP

    Cortes, Rádio Difusora, 1954
    Projeto para Rádio Difusora. 1954.
    Cortes: em cima, transversal pelo bloco mais alto;
    em baixo, longitudinal, tendo como referência a Rua Piracicaba
    .
    Acervo AHSP

    O subsolo era aproveitado como depósito, instalação de aparelhagem de ar condicionado e caixas d’água subterrâneas e bombas de elevação. Todo o prédio seria servido por dois elevadores e iluminação fluorescente.

    O edifício da “Cidade do Rádio”, somando todos os pavimentos, ocuparia uma área de 4.844,8 m2, mais do que dobrando a capacidade já atingida até aquele momento.

    Durante o encaminhamento do processo foi pedida a anexação dos anteriores de 1952 (nºs. 32.220 e 88.369, este de 24/6/1952, sobre o qual se desconhece o paradeiro). Serafim Trapé, que tinha localizado o entrave legal de 1952, desta vez seguiu o parecer do topógrafo Cid Florentino Pais de Barros, declarando a construção de frente para a Afonso Bovero como isenta de problemas em relação à alínea b do art. 775 do Código de Obras. Como houve discordância do engenheiro Caiaffa quanto a esse aspecto em 8 de junho, Mainieri foi convocado à Divisão de Aprovação de Plantas de Obras Particulares para dar explicações. Ele compareceu entre 12 e 21 de junho anotando-se no processo que
      “[...] já havia tolerância quanto o disposto pelo art. 775 alínea b do Código de Obras em casos anteriores. Neste caso salientemos que o aumento de área coberta é diminuto pois haverá demolições onde serão realizadas as obras, e que a entrada principal do edifício será pela av. Professor Afonso Bovero onde não há restrições para construções. Solicitamos dispensa ao disposto pelo art. acima citado considerando-se a natureza especial e de caráter público das finalidades do interessado, por equidade, em face das obras anteriores e pelo exposto acima”.
    No dia 22 de junho, Dino A. Andreoni emitiu o parecer seguindo a explicação de Mainieri: com frente para a Afonso Bovero “não há restrições quanto à ocupação”. Outro engenheiro, Paulo T. de Lima, demandou em 23 de julho que se especificassem os destinos do 4º. e 5º. pavimentos e respectivas utilizações; baseado no art. 485 do Código de Obras, pediu também uma sobrecarga de 500 kg/m2. Outros quesitos anotados eram os de praxe: a falta da vistoria do Corpo de Bombeiros, a localização das poltronas do auditório, larguras dos corredores e indicação das portas. Dorvalino Mainieri pediu 15 dias para satisfação das exigências, mas somente em 10 de novembro de 1954 as solicitações foram declaradas como atendidas, já que requeriam auxílio de outras instâncias (o laudo dos bombeiros saiu dois dias antes da anotação final). As notas dadas pelo engenheiro Jandovy Lui eram maiores em 80 cm que as calculadas por Mainieri, somando um total de 4.845 m2 para efeito de emissão do alvará de construção. O projeto foi aprovado em 9 de dezembro, pagando-se emolumentos de Cr$ 44.265,00 (quarenta e quatro mil, duzentos e sessenta e cinco cruzeiros) em 16/2/1955.

    O financiamento para a nova obra, que ultrapassava de muito as reformas anteriores, aportando uma nova concepção de utilização para o terreno do Sumaré, provavelmente se faria pelos procedimentos habituais dos Diários Associados. Conforme análise dos balancetes dos órgãos de imprensa e rádio do grupo publicados entre 1945 e 1949, percebe-se que a renda gerada por publicidade, venda avulsa e assinaturas dos jornais Diário de S. Paulo e Diário da Noite, rádios Tupi e Difusora, era muito pequena para o vulto dos negócios em que o consórcio se via enfronhado. A construção da sede na Rua Sete de Abril, nº. 230, onde se instalariam os dois jornais, parque gráfico e, mais tarde, o Museu de Arte de São Paulo, foi alcançada por meio de um empréstimo levantado na Caixa Econômica Federal, cujas hipotecas foram divididas entre os dois jornais e a Rádio Tupi. Em 1945 a empresa Diário da Noite S.A. conseguiu Cr$ 8.000.000,00 (8 milhões de cruzeiros) e no ano seguinte, a empresa Diário de S. Paulo S.A., mais Cr$ 20.000.000,00 (20 milhões de cruzeiros). As garantias dadas foram o imóvel e o terreno, que se valorizaram mais que os débitos: em 1950, as propriedades estavam contabilizadas em Cr$ 96.000.000,00 (96 milhões de cruzeiros), enquanto as hipotecas eram avaliadas em Cr$ 86.000.000,00 (86 milhões de cruzeiros).

    As receitas produzidas pela televisão certamente aumentaram a capacidade de endividamento do consórcio Associado. Se entre 1945 e 1949 as receitas operacionais das rádios giravam por volta de 1/3 das produzidas pelos jornais, com a televisão elas agregaram um volume significativo, já que a mídia eletrônica aproximou-se da mídia impressa, gerando uma equivalência aproximada de 2/3 dos resultados operacionais conseguidos pela mídia impressa.

    Apesar de haver um prognóstico favorável, a modernização não foi encaminhada. Em 20 de maio de 1955, Edmundo Monteiro entrou com novo requerimento para “reforma e aumento do prédio de sua propriedade” na Rua Catalão, nº. 4827. O projeto ficou a cargo de Armênio Crestana (Crea nº. 1247 e registro na Prefeitura 146-D), com escritório na Avenida Ipiranga, nº. 1123, 10º. andar, conj. 1003/1004. O objetivo era a ampliação do estúdio “B” para 18 x 10 m (180 m2), e edificação do estúdio “C”, com 11,25 x 18,50 m (208,12 m2), contíguos, dando face para a Rua Catalão. O subsolo de 235,5 m2 serviria para depósito, o térreo seria utilizado para os estúdios (295,23 m2) e um primeiro pavimento para salas diversas com depósito para o contrarregra, camarins, escritório, oficinas de marcenaria e eletrônica, almoxarifado e publicidade. O revestimento externo receberia uma “canjica” de pedra cinza e uma barra vertical com desenho em pastilha; na lateral para a Piracicaba, somente cerâmica. A cobertura seria em telhas francesas. Para facilitar o tráfego entre as oficinas e os estúdios haveria um monta-cargas manual. O revestimento acústico interno duplo em celotex mantinha o padrão anteriormente usado.

    Estúdios B e C, cortes, 1955
    Detalhe do projeto dos estúdios B e C,
    situados junto à Rua Catalão. 1955.

    Em cima, corte revela os dois estúdios B e C;
    embaixo, corte pelo estúdio C.
    Acervo AHSP

    O projeto foi aprovado em 23 de abril de 1955, sem receber qualquer observação. Pela área total de 837,6 m2 pagaram-se Cr$ 5.260,00 (cinco mil, duzentos e sessenta cruzeiros) de emolumentos em 25 de julho de 1955.

    Uma notícia publicada no Diário de S. Paulo (17 de agosto de 1955) afirma que a construção do estúdio “C” envolvia a edificação de uma piscina de vidro, cuja “iniciativa é inédita na televisão em São Paulo”. Somente uma planta baixa de 1966 nos mostrou que os estúdios “B” e “C” foram edificados, enquanto a “inédita” piscina foi localizada no antigo hall da Rua Piracicaba28. O estúdio “C” foi inaugurado em 30 de junho de 1956, sendo apontado como maior que os antigos “B” e “A”, e melhor aparelhado (desmerece-se o “B”, cuja diferença com o “C” era de 28 m2). A matéria do Diário de S. Paulo destacava esses pontos: “além de possuir maiores proporções que os demais, está equipado com o que há de mais moderno em matéria de técnica de TV”. O programa de estreia deu-se com o Teatro da Juventude, levando uma peça baseada em Monteiro Lobato, adaptada por Tatiana Belinky, O Pronome fatídico.

    No ano seguinte, seguindo a norma das reformas e acréscimos no lote do Sumaré, entrou-se com novo projeto de “aumento de um estúdio”29. A planta arquitetônica organizada pelo escritório Manieri e Ferronato Ltda., nova razão social da antiga Construtora Hohenhole, Mainieri Ltda., era assinada por Dorvalino Mainieri. A frente ficava para a Rua Piracicaba, recebendo o estilo sóbrio que caracterizava os desenhos anteriores desse engenheiro. O bloco de três pavimentos era contíguo ao estúdio “A”, cuja vizinhança seria destinada a um “estúdio para televisão com sala de controle e dois aumentos em salas existentes”. Nos pavimentos seguintes se construiriam “dois estúdios para gravação e seus respectivos controles, uma sala e instalações sanitárias”; o segundo pavimento funcionava como um terraço, onde foi colocado um transmissor de TV. Os três pavimentos somavam uma área de 415 m2 entre reforma e construção, divididos entre 160 m2 no térreo, 145 m2 no primeiro pavimento e 110 m2 no segundo. O projeto foi aprovado em 22/1/1958 com emolumentos de Cr$ 2.135,00 (dois mil, cento e trinta e cinco cruzeiros), pagos pela guia 582 (alvará de construção de nº. 136.594).

    Novo estúdio, 1955
    Detalhe de projeto para novo estúdio. 1955.
    Observe à direita o mapa de localização,
    aqui girado em 90 graus em relação às pranchas anteriores.

    O estúdio a ser construído, em vermelho, ocupa
    espaço entre blocos já existentes.
    À direita, fachada para Rua Piracicaba.
    Acervo AHSP

    O estúdio do térreo estava destinado à “Publicidade-TV” com 10,3 x 9,7 m (quase 100 m2). A sala de controle com dois visores de estúdio tinha 5,2 x 4,7 m. Ao lado do controle estavam as instalações para “Depósito Publicidade” e “Publicidade – TV”. Uma sala para músicos também se situava nesse nível da rua. No primeiro pavimento havia dois estúdios: um de 9,0 x 5,3 m, com uma sala de controle de 3,4 x 3,5 m, e outro de 4,3 x 4.2 m, com sala de controle de 5,4 x 3,8 m. Depois de um hall, encontravam-se as salas do diretor, produtores, arquivo musical, controle geral da rádio, que não entravam na reforma.

    A importância dada à publicidade é digna de nota, porém como não há referências à realização dessa obra, não sabemos se ela chegou a ser tocada no seu contexto total. Uma planta baixa de 1966, com levantamento do conjunto, indica o estúdio de publicidade ao lado direito do estúdio “A”, com 9,60 x 10,30 m e pé direito de 4,80 m.

    Estúdios, levantamento, 1966
    Estúdios, conforme levantamento realizado em 1966.

    O documento caracteriza a importância de diversas pranchas aqui apresentadas para a história da televisão no Brasil. Esse registro da distribuição de usos é fonte valiosa para o estudo da dinâmica de trabalho na década de 1960.
    Para acessar uma cópia com maior dimensão, clique aqui <--.
    Acervo AHSP

    Por fim, Armênio Crestana foi o engenheiro encarregado de apresentar as plantas em substituição do projeto do prédio de 1954-5530. As plantas propostas seguiam as linhas gerais do desenho criado por Mainieri. A entrada do edifício de sete andares continuava pela Afonso Bovero pelo motivo já apontado. No térreo permaneciam os estúdios de televisão, acrescidos de um quarto, o “D”, com 17 x 25 m (425 m2), já que os estúdios e controles da rádio passavam para esse prédio, ocupando os 2º. e 3º. andares (estúdios nºs. 1 e 2 no segundo e 3 a 5, no terceiro, invertendo-se a localização primitiva), também como já tinha sido pensado no primeiro projeto. No que era considerado antes um andar intermediário, não havia especificação de utilização dos espaços, com exceção de uma indicação para marcenaria. No quarto andar haveria oito salas sem especificação, onde antes havia apenas um salão de 14,4 x 21,5 m; no andar seguinte se instalariam duas salas para ensaio, dividindo-se o piso ao meio; no sexto andar, antes voltado para o departamento técnico e controle geral, haveria uma sala de ensaios sem divisão. O terraço permanecia igual, assim como o subsolo. O processo teve um andamento normal, havendo alguma demora com o laudo do Corpo de Bombeiros. Carlos E. C. Conde aprovou as plantas em substituição a 8 de abril de 1957 para uma área construída de 4.820 m2 (25 m2 de diferença com o primeiro projeto), cujos emolumentos custaram módicos Cr$ 50,00 (cinquenta cruzeiros).

    Projeto de reforma e aumento, 1957
    Projeto substitutivo de reforma e aumento, 1957.
    Acervo AHSP

    Projeto de reforma e aumento, elevações e cortes, 1957
    Projeto substitutivo de reforma e aumento, 1957.
    Fachadas para Rua Piracicaba, ao alto, e Av. Afonso Bovero,
    à esquerda; além dos respectivos cortes.
    Acervo AHSP

    Durante o governo de Juscelino Kubitschek um novo empuxe expansionista se abriu para os Diários Associados, como tinha acontecido na primeira metade da década de 1940. A concessão de dez canais fez com que a cadeia associada, que até 1957 trabalhava com quatro estações transmissoras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Ribeirão Preto), entrasse numa nova espiral de aquisição de equipamentos e inauguração de estações de televisão. A década de 1960 se abriu com a perspectiva de inauguração em Porto Alegre (TV Piratini, 20/12/1959), Brasília (TV Brasília, 21/4/1960), Recife (TV Rádio Clube de Pernambuco, 4/6/1960), Curitiba (TV Paranaense, 29/10/1960), Salvador (TV Itapoan, 19/11/1960), Fortaleza (TV Ceará, 26/11/1960), Belém do Pará (TV Marajoara, 30/9/1961), Juiz de Fora (TV Alterosa, 1962), Londrina (TV Coroados, 1963) e um segundo canal em São Paulo (TV Cultura, canal 2, julho de 1960). O projeto pensado em 1954-55, reciclado em 1957, somente começaria a ser erguido em março de 1959. O endereço da Avenida Professor Afonso Bovero agora ganhou um número, o 52, onde a Tupi ficou até 1979, quando o conglomerado associado entrou em bancarrota depois da morte de Assis Chateaubriand.

    Nos referimos acima a uma quarta versão do prédio da TV Tupi, porque em 12/12/1958, portanto às vésperas do início das obras de construção do prédio, deu entrada na Prefeitura um projeto que transformava os estúdios em escritórios com 10 pavimentos31. Qual teria sido a intenção de Edmundo Monteiro para a mudança de rumo abortada? Não há informações no processo que esclareçam a alteração de rota. O projeto foi realizado novamente pelo escritório Manieri e Ferronato Ltda., com uma área edificável de 2.807,5 m2, para o qual se pagou de emolumentos Cr$ 26.850,27 (vinte e seis mil, oitocentos e cinquenta cruzeiros e vinte e sete centavos).

    Projeto de um predio de escritório, 1958
    "Projeto de um prédio de escritório",
    Av. Afonso Bovero nº. 52. 1958.
    A nova edificação ocuparia o espaço oposto à viela, onde se localizam hoje os estúdios da MTV.









    Detalhe da prancha apresenta a fachada principal. Os 7º. e 8º. andares abrigariam quatro estúdios com pé direito de 4,50m, correspondendo ao elemento liso presente na fachada.
    A ocupação dos demais pisos seria livre, com altura reduzida para 2,70 m, além das áreas destinadas aos banheiros e circulação vertical.

    Acervo AHSP

    Este terceiro projeto de edificação é tão estranho que ele contém duas guias de pagamento: a primeira de 12 de dezembro no valor citado, e uma segunda de 19 de dezembro, no valor de Cr$ 13.939,00 (treze mil, novecentos e trinta e nove cruzeiros), para áreas com diferença de apenas 60 m2 (alvará de construção nº.146.525). Essa provavelmente é a versão que foi adaptada por Gregório Zolko (projeto não localizado), levando na fachada o painel em mosaico de pedras do pintor e escultor israelense Gershon Knispel (Alemanha, 1932).

    Novas instalações da TV Tupi, 1960
    Depois de passar anos em acanhadas instalações,
    a Tupi ganhou um novo prédio em 1960.
    Fonte: Diário de S. Paulo, 5/8/1960, p.5.

    Sem que saibamos a razão, o anúncio publicado em 5 de agosto de 1960 refere-se somente ao projeto e execução pela construtora Mainieri e Ferronato, omitindo o nome de Gregório Zolko. O prédio recebeu o “habite-se” pelo auto de vistoria nº. 811 de 8 de abril de 1960. As especificações eram de 10 pavimentos, porão, ático e 14 salas. Pela publicidade, o restaurante ficava no subsolo, os dez andares eram divididos entre os diversos departamentos e estúdios de rádio e TV. O último andar foi ocupado pelo transmissor de 30 kw de potência e respectiva antena. A aparelhagem de vídeoteipe já estava instalada no novo edifício. A estação passou de Canal 3 para Canal 4 a partir de 1º. de agosto, transferindo-se o antigo Canal 3 para a TV Tupi de Ribeirão Preto. A inauguração do prédio ocorreu em 28 de setembro de 196032.

    Anúncio, 1960
    Fonte: Coleção do autor.


    Observações finais

    A documentação depositada no Arquivo Histórico de São Paulo traz dados não só sobre a ocupação do bairro do Sumaré por habitações e serviços de radiocomunicação e teledifusão, como apresenta novas informações sobre o desenvolvimento da TV Tupi que até agora tinha recebido pouca atenção dos especialistas desse campo do conhecimento. A exploração da documentação que fizemos foi superficial, destinando-se antes à sua exposição, cuja existência antes era ignorada. Esperamos que a utilização desse tipo de documento abra caminho para outras reflexões, que englobe temas variados e pouco tratados como estudos comparativos sobre outros estúdios de São Paulo, seu desenvolvimento, ocupações físicas e espaciais, tecnologia de apreensão da imagem, etc. Uma das questões que ficou em suspenso ao final desse ensaio foi, por exemplo, como se deu a ocupação do prédio da Afonso Bovero, como se dividiram os espaços entre o rádio e a TV. Dito de outra forma, o que aconteceu depois de 28 de setembro de 1960?

    Uma nova documentação mostra também como, por vezes, a memória dos participantes dos eventos desnuda-se como irrisória. A planta da distribuição dos equipamentos da Tupi no Sumaré apresentada por Mário Fanucchi quando posta diante de informações concretas, apresenta a sua face de objeto imaginado, um palimpsesto em que várias fases temporais são descritas na mesma superfície.

    A nova tecnologia eletrônica embutia uma perspectiva totalmente diversa da cinematográfica sobre a utilização do espaço físico. Assis Chateaubriand ocupava uma área de 4.297 m2 no Sumaré para todos os seus empreendimentos em rádio e TV, enquanto Francisco “Ciccilo” Matarazzo investia sobre uma área em São Bernardo do Campo na qual reservou 5.600 m2, somente na construção de um único estúdio de 140 x 40 m, e pé-direito de 14 m33. A diferença gritante entre o maior estúdio cinematográfico, o da Cia. Cinematográfica Vera Cruz, e os cerca de 210 m2 do maior estúdio de TV sugere a abertura de diversas linhas de estudos sobre as tecnologias de captação da imagem. Em termos industriais, o cinema produzido em São Bernardo poderia ser equiparado à indústria pesada e, sem dúvida, o foi durante muito tempo, quando se evocaram as similitudes entre o cinema e as indústrias do aço, petróleo ou a automobilística, enquanto o rádio ou a televisão já exibiam a modernidade das produtoras ligadas à alta tecnologia, que não demandam grandes áreas para existirem enquanto indústria. Não sem razão, a primeira providência do segundo canal a operar na cidade foi a aquisição de um prédio (de apartamentos?) e sua adaptação para estúdio de TV, sem se preocupar com a imobilização de capital em glebas de terra e vultosas construções como tinham operado a Vera Cruz e a Multifilmes.

    Obviamente que a história não é estática. O processo encaminhado pela TV Globo na última década de “saída do estúdio” para uma “natureza controlada” com os espaços do Projac em Jacarepaguá fornece outros indicativos para uma história da TV que ainda está se construindo.


    Continua > Notas




    | O bairro do Sumaré | A ocupação do bairro | A chegada da televisão | Notas | Fontes |




    Para citação adote:

    SOUZA, José Inácio de Melo. A TV Tupi no acervo do Arquivo Histórico de São Paulo: novas fontes. INFORMATIVO ARQUIVO HISTÓRICO DE SÃO PAULO, 5 (28): jan/mar.2011. <http://www.arquivohistorico.sp.gov.br>

     
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