PMSP/SMC/DPH
São Paulo, julho/setembro de 2011
Ano 7 N.30 

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  • ESTUDOS & PESQUISAS
  • Modelando o República: um cine-teatro
    da década de 1920







    | Modelagem | Skating | Cine-Theatro | Modelando | NOVO REPÚBLICA | Notas | Fontes |



    O novo República: uma sala para um novo mercado exibidor

    Embora não fosse o foco da pesquisa estabelecer a trajetória do República em sua segunda fase entre as décadas de 1950 e 1970, é importante reconstituir os últimos momentos do velho edifício. Como no longo percurso anterior, a transição inicial será algo tumultuada.

    Entre o cinema silencioso e a produção dos pós-guerra ocorreram alterações severas no circuito exibidor local com a entrada de novas gerações de empresários, sempre a enfrentar os desafios que a dinâmica de mercado impunha. A televisão terá início entre nós em 1950 e não menos de uma década após já será apontada como uma concorrente a qualquer dissabor registrado nas bilheterias.

    A introdução do cinemascope com as grandes telas panorâmicas, do cinema em terceira dimensão e outras inovações sem maior permanência, tudo será tentado em busca de garantir o fluxo dos espectadores.

    Em março de 1950, Eliseu Teixeira de Camargo, ainda proprietário do velho edifício, apresenta requerimento à prefeitura para retomada das atividades como cinema e teatro42. Note-se nas pranchas apresentadas a construção da caixa de palco efetivamente, a presença de área para orquestra e a substituição do telhado. O pedido será indeferido por diversos motivos, entre eles por infringir o ato 1.366/38, que estabelecia gabarito e número de pavimentos para edificações naquele logradouro, e o decreto-lei nº 92/194143.

    Novo requerimento em julho de 1950 é deferido. O parecer do engenheiro chefe Serafim Trapé, da Div.Arq.2, considera que o prédio já atendia a mesma atividade anteriormente e assim poderia ser aprovado44. No entanto, o andamento revela-se tumultuado. A iniciativa da Empresa Sá Pinto45, que assumirá a nova sala de exibição com um contrato inicial de locação por cinco anos46, será contestada por Comissão de Artistas da Casa do Ator e do Sindicato dos Autores, que protesta pela transformação do “Teatro República” em cinema descumprindo assim promessa do governador do Estado Ademar de Barros (mandato 14.3.1947-31.1.1951). Despacho sucinto do prefeito Armando de Arruda Pereira (1.2.1951-7.4.1953), à folha 49 põe fim à questão: “A disposição da plateia não permite a utilização do palco para funções teatrais, sendo inutil a apostilação proposta.”

    O Sindicatos dos Atores Teatrais, Cenógrafos e Cenotécnicos no Estado de São Paulo dera entrada em abril de 1951 a requerimento defendendo seus interesses47. O pedido inclui carta ao governador Ademar de Barros, de 3 de fevereiro de 1948, na qual a entidade solicita a recuperação dos teatros República, Colombo e São Paulo48, com remoção da repartição pública que funcionava no edifício do República. A remoção seria aprovada, como informa no processo despacho na Casa Civil em março de 1949, para quando fosse possível.

    O requerimento do sindicato antecede em dez dias a entrada de substitutivo de plantas apresentado em 13 de abril de 1951 pelo proprietário, tendo como responsável o engenheiro Fabio Lanari do Val, da Soc.Nac. De Eng. Ltda49.

    A transformação agora seria radical. Com o despacho do prefeito Armando de Arruda Pereira, mencionado anteriormente, a situação estava definida. As pranchas constituem um documento precioso. Todo o edifício do velho República surge marcado como área a demolir. Considera-se como reforma a intervenção, prova talvez do poder de influência do empresário Sá Pinto que surge ao longo dos processos como figura principal em lugar do proprietário do edifício. Burla-se assim a legislação urbanística e paradoxalmente o prefeito justifica a decisão por uma restrição do edifício que seria demolido por completo.

    O jornal Folha da Manhã publica nota em sua edição de 8 de abril de 1952 com flagrante fotográfico da visita do Dr. Ademar de Barros às novas instalações acompanhado dos diretores da empresa: Oscar Ferreira, Herminio Ferreira Filho e Paulo Sá Pinto50. Dias depois, em 17 de abril, o República era inaugurado com o filme A vida secreta de Nora, produção em technicolor51.
      Na Cinelândia não há sinais de crise e muito do seu sucesso e carisma se devem às iniciativas de Paulo Sá Pinto, que traz para os seus cinemas novidades recém lançadas no mercado americano.E seu o privilégio de lançar o “cinemascope” e o som estereofônico no cine REPÚBLICA com O Manto Sagrado, em 1954, obtendo grande êxito de bilheteria. Ele também traz o processo 3D (cinema tridimensional), na mesma casa. Na entrada, o frequentador recebia óculos (esterilizado por moças em aventais brancos, manuseando equipamento importado), sem o qual não lhe era possível saborear o novo processo.
      (SIMÕES, 1990, p.91)
    Em 1978 o cine República, em decadência, como a refletir a radical transformação da área central de São Paulo (e uma completa alteração do circuito exibidor na cidade)52, tem o edifício desapropriado para uso durante as obras do Metrô53. A empresa utilizará o espaço com almoxarifado e logo depois o edifício será demolido. Ocupado após as obras como estacionamento há mais de duas décadas, o terreno integra, junto com o ocupado anteriormente pelo Palacete Campinas, uma das áreas livres de melhor localização do centro de São Paulo.



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    Para citação adote:

    MENDES, Ricardo. Modelando o República: um cine-teatro da década de 1920.
    INFORMATIVO ARQUIVO HISTÓRICO DE SÃO PAULO, 7 (30): jul/set.2011
    <http://www.arquivohistorico.sp.gov.br> (disponível em novembro de 2011)

     
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