PMSP/SMC/DPH
São Paulo, julho/setembro de 2011
Ano 7 N.30 

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  • ESTUDOS & PESQUISAS
  • Modelando o República: um cine-teatro
    da década de 1920



    Ricardo Mendes
    Pesquisador da
    Seção Técnica de Estudos e Pesquisas


    | MODELAGEM | Skating | Cine-Theatro | Modelando | Novo República | Notas | Fontes |



    Projeto Modelagem

    Em meados da década de 2000, o quadro de desenvolvimento da computação gráfica, graças à difusão e à introdução de novas ferramentas na internet, atinge um patamar inimaginável quarenta a cinquenta anos atrás. Então, no contexto de grandes pesquisas associadas ao ambiente da Guerra Fria, têm início investigações em diferentes linhas que a seu modo conjugariam em direção à própria rede mundial de computadores, à imagem digital, do seu registro ao tratamento de imagem e difusão, e à computação gráfica.

    Restritas a laboratórios de pesquisa e grandes corporações, da engenharia a telecomunicações, na década de 1990 ferramentas de trabalhos nesses segmentos, agora utilizando plataformas acessíveis, chegam massivamente ao mercado internacional. Na virada do século, tem início a fase de popularização desses novos instrumentos em escala contínua, coincidindo com a expansão comercial acelerada (e especulativa) da internet.

    A introdução do tema da modelagem virtual no ambiente do Arquivo Histórico de São Paulo ocorre no segundo semestre de 2006 em parceria estabelecida com o Laboratório de Sistemas Integráveis, unidade da Escola Politécnica-USP (LSI-USP). A proposta visava reconstituir em ambiente de imersão (“caverna digital”, com 5 faces) um logradouro da cidade de São Paulo.

    A parceria procurava explorar o acervo documental custodiado pelo AHSP, com apoio de outros acervos históricos na esfera da Secretaria Municipal de Cultura, composto por pranchas de arquitetura de edifícios particulares, registros fotográficos da cidade e documentos textuais sobre a administração da cidade.

    A seleção final optou pela reconstituição do Largo da Sé na primeira década do século XX. Nesse momento, o logradouro já apresentava o resultado de quase duas décadas de contínua transformação ao seu redor com novos alinhamentos das ruas do centro histórico, abandonando o aspecto colonial que as caracterizaram por longo período, implementação de modernos serviços de iluminação pública e de transporte por bondes elétricos. O final da primeira década marcava o término de um ciclo de intervenção, marcado por ações pontuais e menos articuladas, e o início de outro em maior escala, que daria fim ao antigo largo e o surgimento da Praça da Sé em sua forma conhecida até hoje.

    O corpo técnico do Arquivo Histórico atuou assim como grupo de pesquisa de conteúdo e orientação para reconstituição espacial do ambiente do largo e como analista dos modelos individuais das edificações lindeiras ao Largo da Sé. A equipe multidisciplinar do LSI-USP estabeleceu a partir desse processo de interação o modelo final para visualização na “caverna digital”1.

    A experiência de trabalho, em especial a interação com a equipe do LSI-USP, constitui o ponto de partida para uma reflexão sobre a adoção de ferramentes similares no âmbito do Arquivo Histórico. O Projeto Modelagem foi proposto no quadro das novas modalidades de visualização de dados, procurando expandir a experiência institucional para além dos produtos clássicos do livro, da exposição e mesmo da publicação eletrônica.

    Ao longo de três anos (2007-2009) o projeto procurou explorar, de início informalmente, o potencial de programas de modelagem 3D e as possíveis aplicações em atividades rotineiras de pesquisa e divulgação. De modo resumido, o foco final era o desenvolvimento de aplicações como instrumentos de pesquisa e de educação patrimonial num ambiente operacional de baixo custo compatível com o cotidiano do serviço público2.

    O objetivo estratégico era estabelecer parâmetros para uma cultura de trabalho voltada para o uso dessas ferramentas, com foco no planejamento, estruturação de equipes de trabalho, processos de desenvolvimento e, especial, no uso criativo de instrumentos gráficos digitais3.

    Por fim, todos os esforços visavam ampliar e problematizar as ações de educação patrimonial da instituição procurando explorar propostas voltadas para a exploração e estímulo da habilidade de percepção e compreensão das formas tridimensionais e suas expressões gráficas em representações bi e tridimensionais.

    Entre os produtos programados, quase sempre destinados para a internet, incluem-se imagens fixas e em movimentos, imagens esféricas e cilíndricas, produtos em realidade virtual e para compartihamento via Google Earth ou Sketchup Warehouse.

    Embora tenham sido avaliados diversos softwares selecionados de acordo com os parâmetros propostos, dentre eles ferramentas poderosas como o Blender, programa para modelagem de grande difusão no periodo, os produtos gerados utilizaram predominantemente o programa de modelagem Sketchup, em versões livres ou profissional demo, e o editor de realidade virtual Flux Studio (posteriormente disponibilizado como Vivaty, com restrições, e descontinuado após aquisição pela Microsoft). Foram utilizados basicamente dois programas para visualização de VR (players): Flux e Octaga, em versões embedded ou não. Efeitos adicionais utilizaram softwares específicos, com destaque para Terragen, utilizado na elaboração de skybox simulando efeitos cenográficos e atmosféricos. De forma geral, uma estratégia clara do projeto enfatizava a exportação de modelos para programas específicos a cada etapa, o uso de biblioteca de modelos para aspectos adicionais como árvores, veículos etc.

    Os modelos propostos procuraram sempre explorar os limites dos programas e da plataforma de hardware disponível. Numa contratendência ao praticado no segmento de modelos virtuais a filosofia de modelagem do projeto enfatizava a reconstrução geométrica apurada em detrimento do uso de texturas voltadas para a simulação.

    Na fase inicial do projeto, efetivamente antes de sua formalização, foram desenvolvidos modelos de edificações institucionais da região Luz/Bom Retiro, que geraram imagens aplicadas em mensagens de difusão do evento Encontro de Trabalho: Área Luz – ações educativas (novembro de 2006). Estes modelos integraram em seguida um primeiro megamodelo esquemático do entorno da sede do AHSP, empregando já a inserção de modelos inline de cada edifício num modelo principal.

    O Projeto Modelagem, efetivamente, promoveu a produção de três modelos, que exploravam aspectos distintos: (a) a reconstituição do Cine Teatro República, explorando a estruturação de modelos em módulos como forma de permitir a visualização de produtos complexos (mencionada no parágrao anterior); (b) a reconstituição da Praça Coronel Fernando Prestes, fronteira ao edifício sede da instituição, como protótipo zero para um catálogo da cobertura vegetal daquele logradouro, que integra uma das maiores áreas verdes da área central (Jardim da Luz, Praça Coronel Fernando Prestes e Mosteiro da Luz); e (c) uma mapa da área central da cidade de São Paulo a partir do levantamento cartográfico realizado em 1893 (data de edição) pelo engenheiro V. Huet de Bacellar4, explorando a associação de terreno em curvas de nível e modelos de edificações5.

    Em novembro de 2008, ainda no âmbito do Projeto Modelagem foi realizado o seminário Computação gráfica: pesquisas e projetos rumo à Educação Patrimonial, na sede da Secretaria Municipal de Cultura6. O evento promoveu a discussão sobre as novas aplicações a partir das seguintes perspectivas: o instrumento de pesquisa, o instrumento de educação patrimonial e o veículo de difusão. Foram adotados como vetores para uma abordagem crítica dessa matriz três eixos temáticos, estruturadores do evento: a representação da arquitetura e da cidade, a produção do discurso historiográfico e a educação patrimonial7.







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    Para citação adote:

    MENDES, Ricardo. Modelando o República: um cine-teatro da década de 1920.
    INFORMATIVO ARQUIVO HISTÓRICO DE SÃO PAULO, 7 (30): jul/set.2011
    <http://www.arquivohistorico.sp.gov.br> (disponível em novembro de 2011)

     
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    Ricardo Mendes

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