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PMSP/SMC/DPH
São Paulo, janeiro/fevereiro de 2008
Ano 3 N.16  

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  • INTERCÂMBIO

  • A propósito de uma obscura passagem de Tristes Trópicos ou
    um pequeno recanto perdido na cidade de São Paulo da década de 1930


    Em outubro de 2007, um professor assistente, membro do departamento de Francês e Filologia do Romance da Universidade de Colúmbia (Nova Iorque, NY, EUA), de nome Vincent Debaene, entrou em contato via e-mail com nosso colega Ricardo Mendes, pesquisador da Seção de Estudos e Pesquisas do Arquivo Histórico Municipal. Encarregado da edição dos trabalhos de um dos maiores intelectuais do século XX, Claude Lévi-Strauss (1908- ), na prestigiosa Bibliothèque de la Pléiade (Editions Gallimard), Prof. Debaene achava-se então ocupado na preparação da próxima edição de Tristes Trópicos (1955), um clássico da literatura e da antropologia francesa. Ao redigir as notas críticas para o famoso texto, enredou-se na decifração de um trecho obscuro, em que o renomado antropólogo descreve um recanto da São Paulo dos anos 30, hoje de difícil reconhecimento. Nem o venerando autor, do alto dos seus quase 100 anos, nem ninguém da França ou dos EUA, pôde ajuda-lo na recuperação dos pormenores. O trecho em questão envolvia a presença de uma estátua num vago espaço público e a menção a um político influente, antigo ministro, muito conhecido na época, mas agora completamente ignorado, com o nome de Carlos Pereira de Sousa, que atendia na intimidade pelo apelido de Carlito (ou antes Carlitos, como então se dizia).

    Na busca de obter informações precisas, o professor da Universidade de Colúmbia recorreu a Ricardo Mendes, por este ter sido o organizador do livro Saudades de São Paulo (Companhia das Letras, 1996), que reúne fotografias tomadas por Lévi-Strauss na época em que morou em nossa cidade. Para facilitar a identificação, o professor transcreveu na mensagem o fragmento de texto que o obsedava, tanto na versão original francesa quanto na versão inglesa, as quais seguem abaixo:
      Au milieu d'une de ces rues presque campagnardes, bien que longues de trois ou quatre kilomètres, qui prolongeaient le centre de São Paulo, la colonie italienne avait fait élever une statue d'Auguste. C'était une reproduction en bronze, grandeur naturelle, d'un marbre antique, en vérité médiocre mais qui méritait cependant quelque respect dans une ville où rien d'autre n'évoquait l'histoire en deçà du siècle dernier. La population de São Paulo décida néanmoins que le bras levé pour le salut romain signifiait: “C'est ici qu'habite Carlito.” Carlos Pereira de Souza, ancien ministre et homme politique influent, possédait dans la direction indiquée par la main impériale une de ces vastes maisons de plain-pied, construite de briques et de torchis et recouverte d'un enduit de chaux grisâtre et s'écaillant depuis vingt ans, mais où l'on avait prétendu suggérer par des volutes et des rosaces les fastes de l'époque coloniale.
      (Cap. XI , São Paulo, edição desconhecida)

      In the middle of one of those streets which led from the centre of São Paulo and still had a rustic look although they might be three or four kilometres long, the Italian colony had erected a statue of Augustus Caesar. It was a life-size bronze reproduction of an antique marble statue, of no great artistic significance, it is true, but deserving of some respect in a town were there was nothing to remind one of any historical event dating back to before the previous century. Nevertheless, the people of São Paulo decided that the arm raised in the Roman salute meant: “this is where Carlito lives”. In the direction indicated by the imperial hand, stood the home of Carlos Pereira de Souza, a former minister and an influential politician. It was one if those vast single-storeyed houses, built of bricks and mud and covered with a layer of greyish lime-wash that had been flaking off for the past twenty years, but with scroll and rose-windows meant to suggest the grandeur of the colonial period.
      Cap. 11, São Paulo, edição desconhecida).
    Ricardo recorreu então a mim, seu colega de trabalho, na esperança que pudéssemos resolver o quebra-cabeças. A primeira parte do enigma até me parecia de bem fácil solução, pois a estátua de César Augusto, nada mais era que a que está hoje instalada no Largo do Arouche, o chamado Augusto de Prima Porta, cópia do Liceu de Artes e Ofícios de uma escultura romana hoje depositada num dos Museus do Vaticano, e que fora encontrada num local um pouco distante de Roma, na localidade de Prima Porta, à beira da Via Flamínia, nas ruínas da vila suburbana de Lívia, esposa do Imperador.

    Augusto da Prima Porta
    Imagem da cópia de Augusto de Prima Porta, primitivamente instalada na esquina da Rua da Consolação com Rua São Luís, em 1935, e que hoje se vê no Largo do Arouche, para onde foi transferida em 1948.
    Fonte: DPH/SMC/PMSP

    Sabia por fotos conservadas no Arquivo de Negativos de DIM (DPH/SMC), datadas do início da década de 1940, que ela fora originalmente implantada na esquina da Rua da Consolação com Rua São Luís. Pelo que me lembrava da imagem (que atualmente não está disponível), a estátua erguia-se no cruzamento, mas não podia precisar exatamente onde, porque a fotografia, segundo minhas lembranças, focava a escultura, não permitindo deduzir em que ponto preciso se localizava. Por uma dedução lógica, deveria estar no meio do cruzamento das ruas – caso fosse isso possível, o que não era, pois o centro do leito viário estava ocupado pelos trilhos dos bondes que subiam e desciam a Consolação. Para a implantação da escultura, só restariam dois espaços laterais, um próximo à embocadura da São Luís, outro mais perto da embocadura da Major Quedinho. Talvez estivesse posicionada nesse último lugar, voltada sua frente para a parte mais nobre da cidade, ou seja, estaria ela assentada de modo a olhar em direção à Rua Xavier de Toledo e ao Teatro Municipal, distante algumas centenas de metros do local.

    Lembrei-me então de consultar uma passagem da obra de Jorge Americano, um memorialista injustamente esquecido, que sempre evocava o passado da cidade com pitadas de saborosa ironia. No volume intitulado São Paulo nesse tempo (1915-1935), Americano faz a reconstituição da São Paulo conhecida por Lévi-Strauss, quando aqui esteve entre os anos de 1935 e 1939.

    O autor abre o volume com a hipotética visita, ocorrida em 1958, de um personagem que havia 20 anos não vinha à cidade. Saindo da Praça do Patriarca, o personagem perambulava pelas Ruas Xavier de Toledo e Sete de Abril, passando pela Biblioteca Municipal, inaugurada em 1942. Não reconhecia o percurso. Tudo estava mudado. A Rua Marconi no seu tempo não existia, a Xavier havia sido alargada. Alguns opulentos palacetes da Rua São Luís haviam desaparecido e o prédio da Biblioteca o desnorteava. Olhando para o outro lado da rua, em frente, não encontrou de imediato a embocadura da Rua Major Quedinho. Verificou que fora recuada (em razão dos trabalhos urbanísticos do Anel de Irradiação realizado pelo prefeito Prestes Maia a partir de 1942). Lembrava-se o personagem de ficção que na esquina da Quedinho com a Consolação (agora naquele ponto desembocava mais uma via, chamada Martins Fontes), havia antigamente duas velhas construções bem conhecidas dos paulistanos. O volumoso sobrado no canto da direta, então ocupado pelo Colégio Coração de Maria, e a vasta casa do canto esquerdo, que, segundo recordava o personagem, era a residência de José Carlos de Macedo Soares. O que ele não menciona, porém, é que ali em algum ponto do cruzamento da Consolação com São Luís esteve durante certo tempo localizada a cópia de Augusto de Prima Porta.

    Mapa de localização - Rua da Consolação
    Pormenor do Mapa SARA, escala 1:1000, datado de 1930, onde podemos reconhecer as projeções horizontais do antigo sobrado dos Melchert, ocupado então pelo Colégio Coração de Maria (cor verde), da residência de José Carlos Macedo Soares, no nº.1 da Rua Major Quedinho (cor laranja), e do palacete construído em 1903 para um membro da família Sousa Queirós, na Rua São Luís, para onde Macedo Soares se mudaria depois que teve a casa desapropriada para o prolongamento do Anel de Irradiação em 1942 (cor vermelha). Os pontos em vermelho assinalam as alternativas para a localização primitiva da cópia da estátua de Augusto da Prima Porta.
    Fonte: AHMWL/DPH/SMC/PMSP

    A escultura ficara pouco tempo instalada no lugar. Lévi-Strauss, segundo conta em Tristes Trópicos, estivera presente na cerimônia de inauguração da estátua, por volta de 1935, encomendada por pessoas ricas e importantes pertencentes à colônia italiana. Na menção ao evento em Tristes Trópicos, o autor evoca, no parágrafo seguinte, ter ido a uma sessão de cinema no Cine Odeon. Ricardo Mendes, que desenvolvia naquela altura uma pesquisa sobre os velhos cinemas de São Paulo para o Informativo AHM n°.15, teve facilidade em encontrar no Mapa SARA Brasil (1930) essa sala de projeção alojada num grande edifício antigamente localizado entre a Rua Epitácio Pessoa (atual Avenida Ipiranga) e a Rua Consolação. Pouco anos depois de implantada, a estátua teve de ser retirada do ponto em que se encontrava para dar lugar às demolições que marcaram o início dos trabalhos do anel viário concebido por Prestes Maia (1938-1945), então nomeado prefeito pelo interventor Ademar de Barros. Segundo anotações constantes dos arquivos da Seção de Levantamento e Pesquisas, da Divisão de Preservação (DPH/SMC), a escultura só ressurgiria no espaço urbano paulistano em 1948, no Largo do Arouche, depois de terminada a Segunda Guerra Mundial e restabelecida a democracia no Brasil.

    Como já dito, é nossa hipótese que a cópia da estátua do imperador romano, em seu local de origem, estivesse voltada na direção do Teatro Municipal. Nesse caso, o braço direito de Augusto, num gesto dirigido a suas tropas invisíveis, apontaria o dedo indicador para a casa sita no canto da esquerda da embocadura da Rua Major Quedinho, correspondente ao lado ímpar dessa rua. Se assim fosse, o Carlitos, referido pelos populares da época, seria, de fato, uma destacada figura da política paulista dos anos 30, chamada José Carlos de Macedo Soares.

    Quando Ricardo Mendes comunicou nossa conclusão ao Prof. Debaene, ele a aceitou de imediato, pois já desconfiava que não estava certo o nome de Carlos Pereira de Sousa – a missppeling, disse ele – (ao que parece, o nome fictício fora constituído a partir de um dos prenomes do personagem real, Carlos, e do sobrenome Pereira de Sousa, proveniente de outra importante personalidade da época, o exilado ex-presidente Washington Luís). O Prof. Debaene tem sólidos motivos para acreditar que Lévi-Strauss pretendera compor inicialmente não um relato verídico, mas uma espécie de roman à clef (romance em que personagens reais aparecem disfarçados sob nomes fictícios). O tempo passou, e quando finalmente resolveu reconstituir suas expedições etnológicas durante sua permanência no Brasil, desistindo da idéia do romance, já não tinha, provavelmente, condições, ou talvez interesse, de recuperar o nome verdadeiro do personagem da São Paulo de quase 20 anos antes.

    Retrato de José Carlos Macedo Soares (1883-1968).
    Autoria: Rembrandt
    Fonte: http://www.mre.gov.br
    José Carlos Macedo Soares


    Afinal, quem era esse Macedo Soares e por que tão popular em São Paulo daquela época?

    Advogado, industrial, professor, político, diplomata e ensaísta, José Carlos de Macedo Soares (1883-1968) nasceu e faleceu em São Paulo. Descendente de tradicionais famílias dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, formou-se pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em 1905, e ganhou notoriedade a partir da Revolução de 1924. Durante o assédio militar que ameaçava a população da cidade com bombardeamentos e a falta de gêneros alimentícios (consulte-se sobre esse assunto o Informativo AHM n°.07), Macedo Soares, então presidente da Associação Comercial, decidiu, por iniciativa própria, fazer o papel de intermediador entre os revoltosos e as forças legalistas, com o propósito de obter provisões e abrandar a violência dos combates. Fracassada a revolução, propôs anistia geral, mas a sua idéia foi interpretada como ato de colaboração com os amotinados, sendo por isso preso, julgado e exilado. Absolvido pelo Supremo Tribunal três anos depois, os termos da sentença não economizaram elogios aos relevantes serviços prestados por ele durante o conflito.

    Em 1930, apoiou a candidatura presidencial de Getúlio Vargas, lançada pela Aliança Liberal. Após a deposição do presidente Washington Luís Pereira de Sousa, em outubro desse ano, e antes mesmo da posse do novo chefe de Estado, participou das tratativas entre os membros paulistas da Aliança Liberal em torno da formação do novo secretariado estadual, tocando a ele próprio a Secretaria de Justiça. Em 1932, Getúlio convidou-o para gerir a pasta do Ministério das Relações Exteriores; no ano seguinte, foi eleito deputado à Assembléia Nacional Constituinte; dois anos mais tarde, nomeado ministro das Relações Exteriores no governo constitucional de Vargas, cargo que deixou em 2 de janeiro de 1937. No exercício dessa pasta obteve o título de que mais se orgulhava, Chanceler da Paz, em razão da notável atuação medianeira que teve em conflitos internacionais. Em julho desse mesmo ano, assumiu o Ministério da Justiça, deixando-o em 9 de novembro, às vésperas do golpe ditatorial do Estado Novo. Elegeu-se para a Academia Brasileira de Letras em 1937 e nesse mesmo ano foi nomeado presidente do futuro Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo sido o responsável pela instalação desse órgão pertencente à administração federal. Não precisamos nos alongar nos vários cargos por ele ocupados e as inúmeras atividades que desenvolveu até o final da longa existência para percebermos que Macedo Soares teve uma vida profícua, cheia de reconhecimento e prestígio, a ponto de ter sua residência paulistana conhecida de todos e apontada por meio de um gracejo popular.

    Era casado com Matilde Melchert da Fonseca, filha de José Manuel da Fonseca e de Escolástica Melchert da Fonseca. E isso explicava porque morava na esquina da Rua da Consolação com Major Quedinho. Os Melchert, seus sogros, haviam habitado antes o velho sobrado da família, depois ocupado pelo Colégio Coração de Maria. Disto sabemos, porque esse prédio foi identificado durante as pesquisas desenvolvidas para a redação de minha tese de doutorado sobre a arquitetura paulistana sob o Império.

    Reconstituição da casa de Lúcio Capelo
    Reconstituição do aspecto original da casa de Lúcio Manuel Félix dos Santos Capelo, depois adquirida por Adolfo Júlio de Aguiar Melchert, baseada em iconografia do século XIX.
    Autoria: arq. Eudes Campos, 2007

    Era uma construção notável, datada do início do século XIX, havendo sido representada em aquarelas de Edmond Pink, que remontavam a 1823. Tratava-se de um sobrado de taipa, de dois pisos, provido de um mirante de dois andares, o que o tornava o edifício residencial mais alto da cidade, com quatro pavimentos. Aparecia em duas fotos tomadas a partir do Largo do Capim, ou do Ouvidor, da autoria de Militão Augusto de Azevedo, datadas do período 1862-1863. Nelas se mostrava ao longe, rodeado de árvores, no alto da subida da estrada de Sorocaba, atual Rua da Consolação, num trecho aquém da igreja dessa invocação. Nos meados do século XIX, aí morava o farmacêutico e vereador Lúcio Manuel Félix dos Santos Capelo. Capelo, segundo Martim Francisco de Andrada e Silva, era um homem de ilustração pouco vulgar, e um dos fundadores do Farol Paulistano, periódico de 1827, amigo íntimo de Líbero Badaró, assassinado, dizem, a mando de Pedro I. A construção depois passou a ser residência da família de Adolfo Júlio de Aguiar Melchert, rico fazendeiro proveniente de Amparo, conforme o Almanaque Seckler de 1884, casado com a prima Escolástica Joaquina de Campos, avós de Matilde, mulher de Macedo Soares. A casa então sofreu uma reforma, que eliminou o aspecto grosseiro e antiquado da construção (AHMWL. Livro de lançamento dos autos de alinhamento, 1880-1886. Lançamento do auto feito em 17 de junho de 1880. Folha 12) Foram-lhe dadas então linhas classicistas, com frontões sobre as envasaduras e balaustradas no lugar de platibandas. Para conferir proporções mais canônicas à construção, abateu-se o último pavimento do mirante. Com a nova aparência, o imóvel foi fotografado por volta de 1920, quando já sediava o Colégio Coração de Maria.

    Casa dos Melchert. Final da década de 1910
    Foto da casa dos Melchert, após reforma datada de 1880.
    No final dos anos de 1910,
    a antiga residência sediava o Colégio Coração de Maria.
    Fonte: A CAPITAL paulista commemorando o Centenario da Independência. São Paulo: Ed. Independencia, 1920. [p.94].
    Acervo: Biblioteca do AHMWL/DPH/SMC/PMSP

    O casal Macedo Soares já morava então na casa do outro lado da esquina, no n°.1 da Rua Major Quedinho. Essa via fora aberta nos anos de 1890, e a nova residência pode ter sido levantada ainda nessa mesma década. Conforme a descrição de Lévi-Strauss, era uma vasta residência de tijolos, com um único pavimento – plain-pied ou single-storeyed (e não térrea como dizem algumas traduções) –, indubitavelmente assentada sobre porão (detalhe omitido na descrição). No tempo do ilustre visitante, o revestimento acinzentado das paredes já estava descascando havia 20 anos e a decoração externa da casa era feita com volutas (volutes ou scrolls) e rosáceas (rosaces ou rose-windows), estas últimas a meu ver meros respiradouros circulares de porão. Infelizmente, até agora não conseguimos localizar fotos antigas que tragam a imagem dessa residência, incompreensivelmente relacionada por Lévi-Strauss com o período colonial.

    Após a desapropriação da moradia, o casal Macedo Soares mudaria para outro palacete, situado nas imediações, na Rua São Luís. Conforme pesquisa do Prof. José Eduardo Levèfre, da FAUUSP, este último imóvel foi construído em 1903 para um membro da extensa família Sousa Queirós, e logo em seguida adquirido por um tio da mulher de Macedo Soares, Jesuíno da Fonseca Leme. Muito tempo depois, o embaixador José Carlos, ao retornar, já viúvo, de uma longa estada no Rio de Janeiro, quando foi Ministro das Relações Exteriores (1955-1958), durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek, montou no palacete da agora Avenida São Luís sua vasta biblioteca, indo morar num apartamento do Edifício Louvre, sito na mesma via. Após sua morte, ocorrida em 1968, a última casa da Avenida São Luís foi finalmente demolida (1970), num tempo em que a região já havia sido de todo modificada e verticalizada, definitivamente incorporada ao movimentado Centro Novo.

    Só temos a agradecer ao Prof. Vincent Debaene, da Universidade de Colúmbia, NY, EUA. Se não tivesse enviado um angustiado pedido de ajuda, não teríamos tido a oportunidade de recuperar um breve instante, já tão longínquo, da história da cidade de São Paulo. E quanto ao egrégio autor de Tristes Trópicos, só podemos desejar que possa ele se manter entre nós por mais 100 anos...

    Eudes Campos
    Seção Técnica de Estudos e Pesquisas



    Documentação manuscrita
    • SÃO PAULO (Cidade). AHMWL. Livro de lançamento dos autos de alinhamento, 1880-1886. Lançamento do auto feito em 17 de junho de 1880. Folha 12.



    Obras impressas
    • AMERICANO, Jorge. São Paulo nesse tempo (1915-1935). São Paulo: Melhoramentos, 1962.

    • CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império; aspectos da formação da cultura burguesa em São Paulo. 1997. 4 v. Tese (Doutorado em Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo.v.4.

    • ______. Quatro moradias paulistanas do tempo do Império. 1990. (Trabalho final para uma disciplina do Curso de Pós-Graduação) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo.

    • LEME, Luiz Gonzaga da Silva. Genealogia paulistana. São Paulo: Duprat e Cia., 1903-1905. v.3 (Títulos: Prados, 1ª parte, e Penteado, 2ª parte).

    • LEVÈFRE, José Eduardo. De beco à avenida: a historia da Rua São Luís. São Paulo: Edusp, 2006.


    Documentação eletrônica
    (consultada em outubro de 2007)



    CORREÇÃO

    A socióloga Fátima Antunes, da Divisão de Preservação do DPH, enviou-nos um e-mail, corrigindo certas afirmações feitas no Informativo AHM a respeito da cópia da escultura romana chamada Augusto de Prima Porta, que hoje está implantada no Largo do Arouche:
      A cópia do Augusto de Prima Porta foi fundida em Nápoles, pela Fonderia Artistica Laganà. Portanto, não é obra do Liceu de Artes e Ofícios, como aparece naquele livrinho preto, Catálogo de obras de arte... [n.e.: Obras de arte em logradouros públicos de São Paulo - Regiona Sé. São Paulo: PMSP/SMC, 1987], publicado pelo DPH nos anos 80.
      O nome da fundição está inscrito na estátua, mas não foi levado em consideração quando da confecção da placa que ficava no pedestal — hoje desaparecida —, onde constava ter sido executada pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. A inscrição com o nome da fundição napolitana prova que a peça foi executada na Itália e reforça as informações de que foi doada à cidade de São Paulo pelo Governo Italiano, fato que não foi único. Também nos anos 40, a cidade de Zaragoza, na Espanha, foi presenteada com uma cópia em bronze do Augusto de Prima Porta pelo mesmo Governo Italiano, na figura de Mussolini. Outro elemento que reforça a idéia de que houve erro na identificação da empresa responsável pela fundição é o fato de o Augusto de Prima Porta não constar do catálogo de obras do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - a famosa gipsoteca, composta por cópias de trabalhos greco-romanos, renascentistas e outros, adquiridas em museus da Europa com finalidade didática.
    Agradecemos sinceramente o importante esclarecimento prestado por nossa querida colega.

    Eudes Campos

     
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    edição de texto
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