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PMSP/SMC/DPH
São Paulo, setembro/outubro de 2006
Ano 2 N.8


Edição temática


Mário de Andrade por B. J. Duarte, anos 30
Mário de Andrade
déc.1930


B. J. Duarte
SAN/DIM/DPH/SMC/PMSP






























Números anteriores:

01 (jul/ago)
02 (set/out)
03 (nov/dez)
04 (jan/fev)
05 (mar/abr)
06 (maio/jun)
07 (jul/ago)


Mário de Andrade

A permanência da obra do escritor Mário de Andrade (1893-1945), em sua vertente dedicada à memória cultural e aos mecanismos para estudos e preservação de suas manifestações, é um traço difuso que pode ser detectado em muitas facetas das instituições e serviços especializados criados nos últimos cinqüenta anos.

A presente edição do Informativo do Arquivo Histórico Municipal, tomando como referência a comemoração em outubro dos 103 anos de nascimento do intelectual, apresenta artigos e notas sobre essa presença. Seja em fundos documentais sobre a guarda do AHMWL, seja em serviços que a entidade desenvolve, diretamente relacionados à sua passagem pelo Departamento de Cultura e Recreação, da Prefeitura da Cidade de São Paulo.



ENCONTRO DE TRABALHO: Área Luz - ações educativas

Em novembro, o AHMWL promove a primeira edição do Encontro de Trabalho: Área Luz, dedicada à discussão de ações educativas desenvolvidas pelas diversas entidades culturais atuantes nas regiões da Luz e do Bom Retiro.

O programa está estruturado em três núcleos temáticos: memória urbana, acervos de artes visuais e patrimônio imaterial. As respectivas mesas serão compostas por representantes das principais entidades de cada especialidade atuantes na região, com a participação de observadores de instituições do mesmo segmento que irão comentar e debater os temas apresentados. O Encontro encerra-se com uma plenária geral para avaliação de projetos e oportunidades de desenvolvimento de ações articuladas.

O Encontro, dirigido diretamente às equipes técnicas dessas instituições, será realizado às segundas-feiras, das 14:00 às 18:00, nos seguintes dias e locais:
  • 06.11.2006 - AHMWL
  • 13.11.2006 - Museu da Língua Portuguesa
  • 20.11.2006 - Oficina Cultural Oswald de Andrade e
  • 27.11.2006 - Estação Pinacoteca.
Serão oferecidas 30 vagas para interessados que não integrem às equipes dessas instituições, mas que trabalhem no setor, bem como estudantes de cursos afins ao tema do encontro.

Os inscritos, com 75% de presença, receberão comprovante ao final do evento.

As inscrições serão feitas, a partir de 02 de outubro, exclusivamente por e-mail: luz@fotoplus.com, com o envio dos seguintes dados: nome completo, e-mail, endereço completo, formação e área de atuação.

Mapa e acessos
Horários de funcionamento
Links






















































  • BIBLIOTECA

  • BIBLIOGRAFIA SOBRE MÁRIO DE ANDRADE
    • ACERVO de pesquisas folclóricas de Mário de Andrade: 1935-1938. São Paulo, CCSP: 2000. 304 p.
    • ALVARENGA, Oneyda. Mário de Andrade, um pouco. Rio de Janeiro: J. Olympio; São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1974. 136 p.
    • ANAIS do curso “A Semana de Arte Moderna de 22, sessenta anos depois”. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1984. 257 p.
    • ANDRADE, Mário. Curso de Filosofia e História da Arte: anteprojeto do serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. São Paulo: Centro de Estudos Folclóricos (GFAU), 1955. (Curso ministrado no ano de 1938 na Universidade do Distrito Federal, hoje extinta)
    • ______. Ensaio sobre música brasileira. São Paulo: I. Chiarato & Cia, 1928. 94 p.
    • ______. Mário de Andrade: cartas de trabalho. Brasília: SPHAN; Fundação nacional Pró Memória, 1981. 191 p.
    • ______. Mário de Andrade: fotógrafo e turista aprendiz. São Paulo: IEB, 1993. 124 p.
    • ______. Poesias completas. São Paulo: Martins, 1966. 383 p.
    • AZEVEDO, Téo. A vida de Mário de Andrade: literatura de cordel. São Paulo: CCSP, 2004. 24 p.
    • BARBATO JR., Roberto. Missionários de uma utopia nacional-popular: os intelectuais e o Departamento de Cultura de São Paulo. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2004. 251 p.
    • BRASIL: 1° tempo modernista, 1917/29. São Paulo: IEB, 1972. 467 p.
    • O CADERNO São Paulo. São Paulo: Rhodia, 1979. 83 p.
    • CAMARGOS, Marcia. Villa Kyrial: crônica da Belle Époque paulistana. 2. ed. São Paulo: Senac, 2001. 255 p.
    • CANTOS populares do Brasil: a Missão de Mário de Andrade. São Paulo: CCSP, 2004. 92 p.
    • CAVALCANTI, Pedro; DELION, Luciano. A juventude do centro. São Paulo: Grifo, 2004. 193 p.
    • COLEÇÃO Mário de Andrade: artes plásticas. São Paulo: IEB; USP, 1984. 316 p.
    • ______ : religião e magia, música e dança, cotidiano. São Paulo: Edusp; Imesp, 2004. 446 p.
    • DAMANTE, Hélio. Nova Paulística. São Paulo: Conselho Estadual da Cultura, 1971. 149 p.
    • DE São Paulo: cinco crônicas de Mário de Andrade 1920-1921. São Paulo: Editora Senac, 2004. 119 p.
    • DUARTE, Paulo. Mário de Andrade por ele mesmo. São Paulo: Hucitec; SMC, 1985. 370 p.
    • HISTÓRIA da cidade de São Paulo: a cidade na primeira metade do século XX 1890-1954. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 4 vls.
    • KNOLL. Victor. Paciente arlequinada: uma leitura da obra poética de Mário de Andrade. São Paulo: Hucitec; Secretaria de Estado da Cultura, 1983. 261 p.
    • LARA, Cecília de. Klaxon & Terra Roxa e outras terras: dois periódicos modernistas de São Paulo. São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, 1972. 307 p.
    • MÁRIO de Andrade e a sociedade de etnografia e folclore: no Departamento de Cultura da Prefeitura do Município de São Paulo: 1936-1939. Rio de Janeiro: Funarte; São Paulo: SMC, 1983. 80 p.
    • MÁRIO de Andrade e Villa-Lobos. São Paulo: CCSP, 1987. 120 p.
    • MÁRIO de Andrade: diretor do Departamento de Cultura de São Paulo. São Paulo: CCSP, 2003. (Publicação integrante da Exposição Mário de Andrade no Depto. de Cultura: Imaginação e Rigor)
    • MÁRIO universal paulista: algumas polaridades. São Paulo: Departamento de Bibliotecas Públicas, 1997. 150 p.
    • NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos. Por um inventário dos sentidos: Mário de Andrade e a concepção de inventário. Tese (Doutorado) – PUC, São Paulo, 2002.
    • PINTO, Zélio Alves (Org.). Cadernos paulistas: histórias e personagens. São Paulo: Senac; Imesp, 2002. 232 p.
    • PRADO, Paulo. Paulística etc. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 397 p.
    • REIPERT, Herman José. História da Biblioteca Pública Municipal Mário de Andrade. São Paulo: Departamento de Cultura, 1972. 72 p.
    • REVISTA DA BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE. São Paulo: Biblioteca Mário de Andrade, v. 50, 1992; v. 51, 1993.
    • REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL. São Paulo: Departamento do Patrimônio Histórico, 1934-
    • ROSSO, Mauro. São Paulo, 450 anos: a cidade literária. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2004. 336 p.
    • SÃO Paulo: 1934-1938: os anos da administração Fábio Prado. São Paulo: FAU/USP, 1999. 116 p.

    LIVROS E TESES RECEBIDOS

    • O ÁLBUM de Afonso: a reforma de São Paulo. São Paulo: Pinacoteca, 2001. 164 p.
    • FELDMAN, Sarah. Planejamento e zoneamento. São Paulo: 1947-1972. São Paulo: Edusp; Fapesp, 2005. 312 p.
    • ______. ______. 207 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura Urbanismo/USP, São Paulo, 1996.
    • GAMA, Luís. Diabo Coxo: São Paulo, 1864-1865. Edição fac-similar. São Paulo: Edusp, 2005. 216 p.
    • LAS, Cristina. Acervos indígenas do Brasil: conservando bonecas karajá. Monografia (Especialização em Museologia) – CEMMAE, 2006. (CD)
    • MARCONDES, Maria José de Azevedo. Urbanização e meio ambiente: os mananciais da metrópole paulista. 337 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/USP, São Paulo, 1995.
    • RENASCENÇA: 75 anos: 1922-1997. São Paulo: Sociedade Hebraico-Brasileira Renascença, 1997. 215 p.
    • REZENDE, Eduardo Coelho Morgado. O céu aberto na terra: uma leitura dos cemitérios na geografia urbana de São Paulo. São Paulo: E. C. M. Rezende, 2006. 184 p.
    • SETUBAL, Maria Alice. Vivências caipiras: pluralidade cultural e diferentes temporalidades na terra paulista. São Paulo: CENPEC; Imesp, 2005. 144 p.
    • TÉRAN, José Ángel. CET 30 anos. São Paulo: CET, 2006. 104 p.
    • UMA história de crédito: 50 anos do SCPC. São Paulo: Associação Comercial de São Paulo, 2006. 96 p.

    PERIÓDICOS RECEBIDOS

    • ESTUDOS AVANÇADOS. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados\USP, v. 20. n. 57, maio/ago. 2006.
    • HISTÓRIA, CIÊNCIAS, SAÚDE: Manguinhos. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, v. 13, n. 2 abr./jun. 2006.
    • PENSAMENTO & REALIDADE. São Paulo: Faculdade São Luís, n. 18, maio 2006.
    • REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA. Salvador: Academia de Letras da Bahia, n. 47, abr. 2006.




  • LOGRADOUROS

  • RUAS E LUGARES DE MÁRIO NA PAULICÉIA


      Na rua Aurora eu nasci
      Na aurora da minha vida
      E numa aurora cresci.

      No largo do Paissandu
      Sonhei, foi luta renhida,
      Fiquei pobre e me vi nu.

      Nesta rua Lopes Chaves
      Envelheço, e envergonhado
      Nem sei quem foi Lopes Chaves.

      Mamãe! me dá essa lua,
      Ser esquecido e ignorado
      Como esses nomes da rua.
    A preocupação de Mário de Andrade com o patrimônio histórico já é algo bem conhecido. Mas, nesses tão difundidos versos, o seu zelo vai além do tangível, uma vez que seu interesse recai sobre os nomes das ruas. Quem teria sido Lopes Chaves, ele pergunta, demonstrando uma atenção para com a toponímia presente na cidade e que, anos depois, seria um de seus alvos no antigo Departamento de Cultura.

    Residência de Mário de Andrade à rua Aurora n.320
    Casa onde nasceu Mário de Andrade em 1893, na Rua Aurora nº320.
    Curioso exemplar de casa de chácara, como então se dizia, assobradada, ou seja, com um andar sobre porão, de estilo neoclássico, talvez construída em fins do Império. Edificada com recuo em relação à testada, no interior do lote, e com palmeiras imperiais ladeando o portão de entrada.
    Registro realizado em 20/07/1946. Fotógrafo desconhecido.
    SAN/DIM/DPH/SMC/PMSP

    Como os versos revelam, o escritor nasceu na Rua Aurora em 1893, numa casa de nº 320. Foi criado no Largo do Paiçandu e, em 1921, mudou-se para a Rua Lopes Chaves, num imóvel ainda hoje existente, sob nº 546. Ali ele viveu por um longo período, somente interrompido entre 1938 e 1941, quando de sua estada no Rio de Janeiro, e pelo seu falecimento, em 1945. Não por outro motivo, esta rua aparece em diversos dos seus escritos como, por exemplo, no poema “Descobrimento”:
      Abancado à escrivaninha em São Paulo
      Na minha casa da rua Lopes Chaves

      De supetão senti um friúme por dentro.
      Fiquei trêmulo, muito comovido
      Com o livro palerma olhando pra mim.

      Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
      muito longe de mim
      Na escuridão ativa da noite que caiu
      Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
      Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
      Faz pouco se deitou, está dormindo.

      Esse homem é brasileiro que nem eu.
    Em outro ainda, quando ele se despedaça por São Paulo, a Rua Lopes Chaves também está presente:
      Quando eu morrer quero ficar,
      Não contem aos meus amigos,
      Sepultado em minha cidade,
      Saudade.

      Meus pés enterrem na rua Aurora,
      No Paissandu deixem meu sexo,
      Na Lopes Chaves a cabeça
      Esqueçam.

      No Pátio do Colégio afundem
      O meu coração paulistano:
      Um coração vivo e um defunto
      Bem juntos.

      Escondam no Correio o ouvido
      Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
      Quero saber da vida alheia
      Sereia.

      O nariz guardem nos rosais,
      A língua no alto do Ipiranga
      Para cantar a liberdade.
      Saudade...

      Os olhos lá no Jaraguá
      Assistirão ao que há de vir,
      O joelho na Universidade,
      Saudade...

      As mãos atirem por aí,
      Que desvivam como viveram,
      As tripas atirem pro Diabo,
      Que o espírito será de Deus.
      Adeus.
    Mas, e quem teria sido Lopes Chaves? A partir dessa questão presente em sua obra, acreditamos que Mário de Andrade, ao organizar o Departamento de Cultura em 1935, tenha se apercebido da importância do trabalho iniciado ainda na gestão do prefeito Washington Luís e implantou uma seção dedicada a este tema. Hoje, a Seção de Denominação de Logradouros Públicos do Arquivo Histórico Municipal pode esclarecer aquela dúvida:

    Rua Lopes Chaves

    Aberta nas últimas décadas do século XIX, esta rua já aparece citada no Mapa da Cidade de 1897 e, curiosamente, com a mesma denominação de Rua Lopes Chaves. Dizemos isso porque, naquela época, Lopes Chaves ainda estava vivo, constituindo a homenagem algo que hoje não seria permitido pela legislação municipal. O homenageado: o dr. Joaquim Lopes Chaves nasceu na cidade de Jacareí, São Paulo, no dia 15 de janeiro de 1833, sendo filho do comendador Francisco Alves Chaves, barão de Santa Branca, e de d. Gertrudes de Carvalho Lopes Chaves. Era irmão do barão de Jacareí, Licínio Lopes Chaves, do 2º barão de Santa Branca, Francisco Lopes Chaves e de d. Marcelina Lopes Chaves, ela casada com o dr. Américo Brasiliense de Almeida e Melo. Feitos seus primeiros estudos em Jacareí, Lopes Chaves matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde bacharelou-se no ano de 1856. Residindo em Taubaté, envolveu-se com a política e filiou-se ao Partido Conservador. Eleito vereador naquela cidade, cumpriu diversos mandatos, tendo sido ainda presidente da Câmara e inspetor da Instrução pública. Eleito deputado Provincial, cumpriu mandatos sucessivos de 1858 a 1889, tendo sido ainda presidente da Assembléia Legislativa no período de 4/2/1874 até 1º/2/1876, e de 6/2/1877 a 4/3/1880. Posteriormente, e já no P.R.P., foi eleito deputado federal e, depois, senador estadual, cargo que exerceu de 1891 a 1892 e de 1895 a 1906. Seu último mandato foi o de senador federal por São Paulo, estando ainda no exercício quando veio a falecer, no dia 4 de agosto de 1909. Durante todo esse período, prestou relevantes serviços à causa pública, colocando-se sempre como um verdadeiro fiscal dos cofres públicos. Dedicado aos estudos sobre finanças, fez parte das comissões de Fazenda, apresentando vários trabalhos que eram aceitos e adotados pelos seus colegas. O dr. Joaquim Lopes Chaves foi casado com d. Ana Domingues de Castro, ela filha dos Barões de Paraitinga, tendo com ela duas filhas: Joaquina Lopes Chaves Porto, casada com Francisco de Oliveira Porto; e Ana Chaves de Alvarenga, casada com Antonio Silvério de Alvarenga.

    Caso estivesse vivo, Mário de Andrade poderia ver saciada a sua curiosidade mediante um serviço que ele mesmo criou e a que nós do Arquivo Histórico damos continuidade.

    De qualquer forma, a Rua Lopes Chaves, o Largo do Paiçandu ou a Rua Aurora não são os únicos logradouros presentes na obra do autor. E, para encerrar, poderemos acompanhá-lo por uma das vias mais conhecidas da Paulicéia, a Barão de Itapetininga:
      Na rua Barão de Itapetininga
      O meu coração não sabe de si,
      Não se vê moça que não seja linda,
      Minha namorada não passeia aqui.

      Na rua Barão de Itapetininga
      Minha aspiração não agüenta mais,
      A tarde caindo, a vida foi longa,
      Mas a esperança já está no cais

      Na rua Barão de Itapetininga
      Minha devoção quebra duma vez,
      Porque a mulher que eu amo está longe,
      É ... a princesa do império chinês.

      Na rua Barão de Itapetininga
      Noite de São João qualquer mês terá,
      Em mil labaredas de fogo e sangue
      Bandeira ardente tremulará.

      Na rua Barão de Itapetininga
      Minha namorada vem passear.
    Aqui ele não questiona a respeito do barão, mas podemos informar:

    Joaquim José dos Santos Silva, o barão de Itapetininga, nasceu em São Paulo no dia 16 de novembro de 1799 e faleceu no dia 11 de junho de 1876. Seus pais foram o coronel Joaquim José dos Santos e D. Antonia Josefa Mendes da Silva. Foi um grande empresário e proprietário de terras em São Paulo. Residiu durante muito tempo em um sobrado na atual Rua Líbero Badaró, imóvel este que foi desapropriado para a construção do Viaduto do Chá. Casou-se pela primeira vez com Ana Eufrosina Pereira Mendes (ou Ana Pereira dos Santos) com a qual teve a filha Maria Hipólita dos Santos, ela casada com o barão de Rio Claro e, depois, com o marquês de Três Rios. Em 1861, o barão de Itapetininga casou-se pela segunda vez com D. Cerina de Souza e Castro, com a qual teve a filha Antônia dos Santos, ela casada com o conde de Prates. O título de barão foi-lhe concedido por D. Pedro II no dia 23 de dezembro de 1863. O local onde se encontra esta rua era de propriedade do barão de Itapetininga, herdado de seu tio, o coronel Francisco Xavier dos Santos. Era a conhecida Chácara do Chá, localizada no também chamado Morro do Chá, e cujos limites seguiam pelo Vale do Anhangabaú, Largo da Memória, Rua Sete de Abril, Avenida Ipiranga e Praça da República até a Avenida São João e, por esta, até o Vale do Anhangabaú, fechando o perímetro. No ano de 1862 a Câmara Municipal paulistana foi autorizada a abrir uma rua que ligasse a Rua Formosa à Praça da República. Após protestar por escrito, o barão impediu que esta obra fosse realizada. Mas, a municipalidade não desistiu e, em 1875, porções de terras foram desapropriadas para a abertura desta rua que, inicialmente, deveria chamar-se Rua do Chá. No dia 7 de maio de 1875, o então vereador José Homem Guedes Portilho propôs que o logradouro recebesse o nome de Rua Barão de Itapetininga, sugestão esta que foi aprovada. Em 1904, a Prefeitura concedeu favores fiscais para os proprietários de terrenos nesta rua para que pudessem edificar visando a ocupação de espaços vizinhos ao Teatro Municipal. A partir da década de 1940, a rua Barão de Itapetininga passou a ser uma das mais elegantes da cidade, abrigando lojas especializadas em moda e muitas livrarias, o que a tornava um centro da intelectualidade paulistana.

    Luís Soares de Camargo



    Bibliografia:

    Andrade, Mário de. Poesias Completas. São Paulo: Ed. Martins, 1966.

    Serviços: A Seção Técnica de Logradouros é responsável pela pesquisa e orientação aos interessados sobre nomes de logradouros paulistanos. A documentação está disponível para consulta através do atendimento ao público.
    Conheça também o site Dicionário de ruas (parceria AHMWL e Plamarc), onde através de um banco de dados é possível realizar pesquisas sobre denominações de logradouros paulistanos.


  • ESTUDOS & PESQUISAS

  • MÁRIO DE ANDRADE, PAULO DUARTE E A PROTEÇÃO DOS BENS CULTURAIS PAULISTAS



    Mário de Andrade (1893-1945) ocupava o cargo de diretor do Departamento de Cultura e de Recreação da Prefeitura do Município de São Paulo (1935-1938) e era chefe da Divisão de Expansão Cultural, quando, em 1937, foi nomeado pelo Ministério da Educação assistente técnico da 6a Regional Administrativa para promover o tombamento dos monumentos históricos paulistas sobre os quais, de acordo com a legislação então recente, a União tinha de velar. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) fora criado havia pouco pela Lei n. 378 e para a sua concretização muito concorrera Mário de Andrade, já naquela época reverenciado homem de cultura.

    Este deu início então a uma série de excursões pela Capital e pelo interior com o objetivo de efetuar o reconhecimento do patrimônio histórico e artístico do Estado. E para participar da primeira dessas excursões, convidou um grande amigo, o deputado estadual e jornalista Paulo Duarte (1899-1984). Tendo sido o estruturador do Departamento de Cultura, Duarte, íntimo de Mário, costumava atuar como intermediário extra-oficial entre o Departamento e os dirigentes do Estado, principalmente junto do interventor Armando Sales de Oliveira (1933-1936), além de, neste caso específico, como veremos a seguir, ter vindo a público defender pela imprensa diária os interesses preservacionistas tão caros a Mário.

    Após a primeira excursão, Paulo Duarte publicou no mês de junho de 1937 um artigo no jornal O Estado de São Paulo, concitando os intelectuais, os poderes públicos e as associações científicas a se insurgirem contra a onda de vandalismo que ameaçava destruir o então considerado pequeno patrimônio histórico paulista. Pequeno porque naquele momento havia um consenso entre a intelectualidade de vanguarda, sob a liderança de Mário de Andrade, de dar prioridade total à conservação e proteção do minguado, e desmantelado, patrimônio histórico e artístico brasileiro herdado do tempo da Colônia. Pois era nele – e também nas mais diferentes manifestações folclóricas – que se evidenciavam os traços de uma “alma nacional” que os intelectuais modernistas pretendiam ver refletida e amplificada na moderna cultura brasileira.

    Segundo relato de Paulo Duarte, Mário e ele começaram o trabalho de reconhecimento numa tarde de sábado, por Embu e Carapicuíba.Velhos lugares que só lhes trouxeram desilusão. Carapicuíba resumia-se ao quadrado de casario velho com sua pequena capela dos tempos jesuíticos, e só era acessível por um caminho em mau estado que ligava o antigo aldeamento à estrada de Cotia. No meio das decrépitas e humildes construções, via-se um telhado novo, de telhas francesas, cobrindo uma garagem aberta nas paredes de pau-a-pique. Próxima, postava-se a bicentenária capela de São João, “devastada como tudo quanto pertenceu ao nosso passado, mas não ainda arrasada devido ao carinho do velho Lula de Camargo e sua família”, ressalvava Duarte.

    Adiante de Carapicuíba ficava Cotia, que já não tinha mais nada da Acutia seiscentista, pois “fora modernizada numa época em que as coisas de antanho não eram sequer olhadas”. Deixada para trás numa nuvem de pó vermelho e cheiro a gasolina, os excursionistas dirigiram-se então a Embu.(Ao que parece, a magnífica casa do Sítio do Padre Inácio localizada dentro dos limites de Cotia não foi visitada na ocasião.)

    Embu causava revolta. O velho convento e sua igreja estavam quase em ruínas. A igreja havia anos fora despojada de sua fachada primitiva para, numa reforma desastrada, vestir a que ostentava. (Segundo o historiador Afonso de Taunay, a reforma fora feita com boas intenções pelo arquiteto neocolonial Georg Przyrembel. Depois de tombada passou por ampla, e hoje considerada polêmica, restauração promovida pelo arquiteto Luís Saia.) O grande problema, contudo, era a péssima conservação do edifício. A decoração a ouro, as pinturas e as esculturas ainda estavam lá, mas tão malconservadas que, se nada fosse feito, em cinco anos tudo teria desaparecido. O conjunto jesuítico causou terrível impressão aos visitantes, mas o que viria depois causaria consternação ainda maior.

    Depois de Embu, Mário e Paulo rumaram para São Miguel Paulista, onde conseguiram chegar só duas horas depois. A capelinha, com sua “fachada simpática de caipirinha velha” estava situada à beira da estrada do Rio de Janeiro. Nada mais interessante havia do que essas capelas do interior do Brasil, com seus alpendres convidativos, com ar simpático e acolhedor de casa de residência. Em 1927 haviam sido feitos trabalhos de recuperação no edifício datado de 1622, com o auxílio do prefeito paulistano Pires do Rio e a assistência do historiador Afonso de Taunay. O pequeno templo, contudo, fora objeto de um terrível atentado: o vandalismo de um padre irresponsável, que simplesmente vendera a porta da sacristia, toda ela trabalhada à mão, uma grande cômoda de madeira de lei, onde antigamente eram guardados os paramentos dos jesuítas, e o precioso sacrário da igreja.(Má ação desfeita depois graças à indignação de Paulo Duarte, que cobrou das autoridades eclesiásticas providências urgentes nesse sentido.) E ainda havia mais: as imagens estavam amontoadas num canto, quebradas e cobertas de sujeira. Essa era uma das pragas que rondavam as velhas igrejas do Brasil de então: vigários ignorantes, desonestos, insensíveis ou simplesmente imbuídos de mau gosto que promoviam a torto e a direito reformas nos templos, tratando-os como suas propriedades particulares, vendendo imagens e alfaias a colecionadores e promovendo obras descabidas.

    Capela de São Miguel
    Capela de São Miguel Arcanjo, em São Miguel Paulista. [1921]
    Aspecto anterior ao restauro, executado após o tombamento.
    Fotógrafo: José Medina / SAN/DIM/DPH/SMC

    Paulo conta que antes de chegarem a São Miguel Paulista, haviam ele e Mário passado por Itapecerica, para ver a igreja. A construção sofria uma reforma geral. O vigário apressou-se em informar que uma vez terminado o serviço iriam fazer o mesmo em Embu. Os visitantes verificaram horrorizados em que consistia a tal reforma. Uma pintura ridícula a óleo, ora fingindo madeira, ora fingindo pedra, que cobria tudo indistintamente: pias de pedra, madeira trabalhada, candelabros, altares, taipas, etc. Tudo novo e tudo grotesco!

    Paulo lembrou-se então do dia em que estivera com Mário, havia pouco, na capela de Santo Antônio, acabada de construir em 1681 pelo bandeirante paulista Fernão Pais de Barros. Achava-se num sítio adiante de São Roque que pertencera em fins do século XIX ao Barão de Piratininga e naquela altura, 1937, estava nas mãos de um sitiante espanhol. Washington Luís, visitando-a anos antes, dali trouxera preciosos tocheiros antropomórficos representando escravos da Guiné, e que se acham hoje incorporados no acervo do Museu Paulista.

    Santo Antônio era uma relíquia de rara valia histórica. Mário tanto se encantou com o monumento que fez sobre ele uma rápida comunicação no primeiro volume da Revista do SPHAN (1937). Seu entusiasmo levou-o, mais tarde, a adquirir o sítio em1944, apenas dois meses antes de morrer. Cumprindo um desejo dele a família doou o imóvel à União nos anos 60. Tombados em 1941 pelo IPHAN, a antiga casa do sítio e a capela seriam objeto dos cuidados de Luís Saia (1944) numa restauração hoje não menos controvertida.

    Com seu artigo publicado n’O Estado de São Paulo em 1937 Paulo Duarte pretendia mobilizar a sociedade paulista no sentido de proteger o ameaçado patrimônio histórico e artístico regional. Tinha a intenção de elaborar uma minuta de uma lei que, submetida à Assembléia Legislativa, criasse no Estado de São Paulo uma instituição de proteção dos bens culturais nos moldes do recente SPHAN. Mas não só ao Estado caberia agir a favor desse precioso patrimônio. A Prefeitura, “cujo programa cultural está notavelmente evidenciado por essa criação que por si só é capaz de notabilizar um governo e que é o Departamento de Cultura”, não podia “negar ajuda nessa cruzada de proteção e guarda a um graal que é também sagrado porque é a tradição da terra paulista”.

    Sua intenção, que poderíamos qualificar de arrojada – pois só efetivada muitas décadas depois (com o Condephaat, estabelecido em 1969, e o Compresp, criado em 1985, mas só atuante a partir de 1988) –, acabou por receber apoio incondicional de várias personalidades da época, por meio de uma correspondência que, devemos reconhecer, vinha às vezes impregnada de uma retórica bastante oca.

    Em outras viagens às áreas de antiga colonização paulista, Mário fez-se acompanhar sempre de auxiliares: o arquiteto Luís Saia (1911-1975), o historiador Nuto Santana (1889-1975) e o excelente fotógrafo Germano (Herman Hugo) Graeser (1898-1966). Dos trabalhos de recenseamento cultural empreendidos em fins de 1937 resultaram relatórios enviados por Mário ao diretor do SPHAN, Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969), acompanhados das conseqüentes recomendações de tombamento e das magníficas fotos de Graeser, registrando o estado de conservação em que se encontravam então os bens culturais paulistas.

    No início de 1938, Mário afasta-se do SPHAN para se dedicar integralmente às várias atividades desenvolvidas no Departamento de Cultura. Em carta datada de 26 de janeiro desse ano, endereçada a Franco de Andrade, confessa estar envolvido em inúmeros projetos: a Missão de Pesquisas Folclóricas a ser enviada ao Norte e Nordeste1, “o novo gênero de grandes festivais teatrais, o novo salão de artes plásticas, a nova Casa de Cultura Operária”, a subvenção parcial do Departamento a uma viagem etnográfica de Claude Lévi-Strauss entre os índios do Mato Grosso “e as novas cartas de distribuição geográfica de farinhas alimentícias”. Iniciativas que dão uma idéia da admirável diversidade dos campos de atuação abarcados pelo Departamento de Cultura e comprovam a espantosa hegemonia que essa repartição municipal pretendia exercer sobre o resto do País. De fato, o Departamento se aproximava cada vez mais da concretização da idéia havia muito idealizada de uma ”organização brasileira de estudos de coisas brasileiras e de sonhos brasileiros”, a que se referiria depois Paulo Duarte.

    Embora pleno de atividades promissoras, o Departamento de Cultura não demorou em ser brutalmente atingido pelo golpe de Estado desferido em 10 de novembro de 1937. Paulo Duarte, seu criador e mentor, seria preso e logo seguiria para o exílio no estrangeiro, onde permaneceria por quase nove anos, e Mário, o primeiro diretor, acabaria demitido após o término da gestão do Prefeito Fábio Prado (maio de 1938). Retirar-se-ia então por três anos para a cidade do Rio de Janeiro, anos marcados por profunda mágoa motivada pela súbita perda de seu querido Departamento.

    Enquanto isso, em São Paulo, o prefeito Francisco Prestes Maia (1938-1945) – nomeado pelo novo interventor do Estado, Ademar de Barros (1938-1941), e insensível às questões de cultura – daria início ao seu plano de remodelação viária da Capital com a prepotência característica dos governos autoritários, contribuindo para o desaparecimento de alguns bens culturais paulistanos, entre os quais um sugerido por Afonso de Taunay como digno de proteção naquele ano de 1937, a velha Igreja de Nossa Senhora dos Remédios (demolida em 1943). Sob esse aspecto, Prestes Maia não agia diferentemente dos velhos prefeitos paulistanos da Primeira República, Antônio Prado e Raimundo Duprat, que aproveitaram as obras urbanísticas que implementavam (1899-1914) para derrubar antigas construções coloniais, vistas como resquícios estorvantes do passado, cuja presença era incompatível com a moderna Capital que se propunham a construir.

    Como é sobejamente conhecido, a ditadura desencadeada pelo Estado Novo (1937-1945) trouxe graves conseqüências para todos os âmbitos da vida nacional. Poderíamos citar entre elas no Estado de São Paulo a desorganização das políticas públicas regionais e locais voltadas para a cultura, o que, como vimos, retardaria muitos anos a discussão sobre a proteção dos bens culturais paulistas e paulistanos.

    A todos aqueles interessados em saber mais a respeito desse momento instigante e crucial da formação da moderna cultura brasileira, recomendamos a leitura integral do citado artigo de Paulo Duarte e das cartas de apoio à sua idéia de uma campanha contra o vandalismo e o extermínio dos bens culturais paulistas, reproduzidos no volume XXXVII da Revista do Arquivo Municipal, editados quando Mário ainda estava à testa do Departamento de Cultura (1938). Recomendamos também o número especial de 1946 (volume CVI) da mencionada Revista, todo ele dedicado à comemoração do primeiro aniversário da morte de Mário de Andrade, ou a reedição fac-similar desse volume feita no volume 198 (1990), na passagem dos 45 anos de seu desaparecimento.


    Eudes Campos


    1. Desde o dia 22 de agosto deste ano, as gravações da Missão de Pesquisas Folclóricas, de 1938, propriedade da Prefeitura de São Paulo (Centro Cultural São Paulo, SMC), estão ao alcance do público em geral, sendo vendidas nas boas lojas do ramo. Seis CDs trazem o resultado das pesquisas sonoras empreendidas pelo Nordeste brasileiro de 70 anos atrás. Como manifestações folclóricas, temos, entre outros, cantos de pedintes, cantos de carregadores de piano, aboios, acalantos, reisados, modinhas, lundus e carimbós.





  • MANUSCRITOS

  • SONHO E REALIDADE: o Departamento de Cultura na documentação da Seção Técnica de Manuscritos


    O Departamento de Cultura constituiu um marco na atuação sócio-cultural da Prefeitura frente à cidade de São Paulo. Pela primeira vez as ações educativas, recreativas e culturais foram planejadas sistematicamente, considerando o público infantil, adolescente e adulto, e tiveram sua atuação estendida para as camadas sociais mais carentes da população paulistana.

    Em 7 de setembro de 1934, Fábio da Silva Prado é eleito para a prefeitura da cidade. Com determinação política voltada também para a área cultural, convida Paulo Duarte, eminente intelectual paulista, para assessorá-lo nessa área. Imediatamente este último convoca para a empreitada Mário de Andrade, figura já de grande projeção no meio artístico e intelectual da cidade de São Paulo. Retomam-se assim as famosas noites num apartamento da Avenida São João, onde se reunia um grupo de artistas e intelectuais (além de Duarte e Andrade, aí se encontravam Antônio de Alcântara Machado, Tácito de Almeida, Sérgio Milliet, Randolfo Homem de Mello, Rubens Borba de Morais e Nino Gallo, entre outros). Inspirados pelo “vinho bom, vindo do Buksky ou do Terminus”1, idealizavam todo um panorama para o desenvolvimento da cultura brasileira, “estudos de coisas brasileiras e de sonhos brasileiros”2. Segundo Paulo Duarte, essa era a frase várias vezes repetidas por Mário de Andrade, acompanhada por seu sorriso “de crânio aberto”, tanto na época daquelas reuniões, quanto durante o planejamento e os primeiros anos de existência do Departamento de Cultura. Era a sua hora: sob o apoio de Fábio Prado aquelas “bobagens deliciosas”4, no dizer de Paulo Duarte, poderiam finalmente ser implantadas e tomar corpo. De fato, o Departamento de Cultura e Recreação, criado pelo Ato Municipal nº 768, de 10 de janeiro de 1935, e organizado através do Ato nº 861, de 30 de maio do mesmo ano, constituiu iniciativa arrojada, não só dentro dos limites nacionais – tal como o SPHAN, Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado no ano seguinte por Mário de Andrade, sob os moldes da instituição paulista, na gestão do ministro Gustavo Capanema –, como chegou a chamar a atenção de representantes da cidade de Paris e de Praga.

    Com o objetivo maior de estimular e promover manifestações educacionais, artísticas e recreativas para a população da cidade, além de coletar manifestações culturais espontaneamente produzidas pela população brasileira, o Departamento de Cultura foi estruturado de acordo com quatro grandes áreas de atuação. Essas áreas estavam representadas organicamente pelas seguintes divisões: de Expansão Cultural, de Bibliotecas, Educação e Recreio e de Documentação Histórica e Social, que sustentavam os mais diversos organismos, tais como, a Rádio-Escola, os Teatros Municipais, os Parques Infantis, o Estádio Municipal, os Centros Esportivos e os Balneários Municipais e o Arquivo Histórico.

    Para Mario de Andrade, o folclore era o “paraíso da sensação democrática: tudo é igual, não se faz diferença entre o colaborador rural ou urbano, entre o alfabetizado e o analfabeto, não importa a idade e nem o sexo”5. Assim, ele, como diretor do Departamento de Cultura, vai-se empenhar na colaboração e manutenção da Sociedade de Etnografia e Folclore, formada por alunos do curso de folclore sob o comando de Dina Levi-Strauss. Essa parceria deu suporte às expedições de Claude Lévi-Strauss que resultaram na famosa obra Tristes Trópicos, editada recentemente pela Editora Companhia das Letras. É também este grupo que representa o Brasil no Congresso Internacional de Folclore realizado em Paris em 25 de junho de 1937.

    A organização do Departamento de Cultura, DC, bem como seu dia-a-dia no ano de 1935, pode ser acompanhada através da documentação existente no acervo do Arquivo Histórico Municipal. À primeira vista, esses processos, memorandos e demais documentos administrativos deixam transparecer pouco da paixão e do intelecto que seus criadores empenharam nos trabalhos. Entretanto, os anexos, as correções nas bordas das páginas vão revelando aos poucos o pensar e o sentir daqueles que desenvolveram esse projeto, expondo também a coerência dele e a sua concordância com as mais modernas formas de pensar o processo cultural de uma sociedade. Um panorama completo pode ser montado com a leitura, feita paralelamente, da vasta correspondência trocada por Mario de Andrade com seus amigos e colaboradores, encontradas nos livros Mario de Andrade por ele mesmo, de autoria de Paulo Duarte, e Mário de Andrade: Cartas de Trabalho: correspondência com Rodrigo Mello Franco de Andrade (1936-1945), também disponíveis na biblioteca do Arquivo Histórico Municipal.

    A Seção Técnica de Manuscritos é a responsável direta pela guarda e veiculação dos documentos do acervo institucional. Sob seus cuidados existem 704 documentos referentes ao Departamento de Cultura, datados principalmente do ano de 19356. Todos esses documentos são acessíveis ao público e podem ser fotografados mediante pagamento de uma taxa de cessão de imagem. A Seção atende ao público de segunda-feira a sábado, das 9h00 às 17h00, inclusive aos feriados.

    Consulte aqui uma relação parcial de documentos relacionados ao Departamento de Cultura e Recreação


    Ivany Sevarolli


    Notas
    1. Duarte, 1985. Pg. 49.    retorno
    2. Duarte, 1985. Pg. 50.    retorno
    3. Duarte, 1985. Pg. 49.    retorno
    4. Duarte, 1985. Pg. 55.    retorno
    5. Mário de Andrade, 1983. Pg. 8.    retorno
    6. A documentação municipal dos anos de 1936 a 1938 está sendo encaminhada para este Arquivo Público, e breve também estará disponível para consulta.     retorno


    Bibliografia:
    • DUARTE, Paulo. Mário de Andrade por ele mesmo. São Paulo: Hucitec/Secretaria Municipal de Cultura, 1985.
    • ANDRADE, Mário de. Mário de Andrade: cartas de trabalho: correspondência com Rodrigo Mello Franco de Andrade, 1936-1945. Brasília: Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: Fundação Pró-Memória, 1981.
    • MÁRIO DE ANDRADE e a Sociedade de Etnografia e Folclore 1936-1939: no Departamento de Cultura da Prefeitura do Município de São Paulo. Rio de Janeiro: FUNARTE, Instituto Nacional do Folclore; São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1983.


    Serviços: A Seção Técnica de Manuscritos atende de segunda-feira à sábado, das 9 às 17 horas.


  • INTERCÂMBIO

  • PROJETO: Processamento técnico e digitação em base de dados dos processos do Departamento de Cultura do Município de São Paulo na gestão de Mário de Andrade: 1935 a 1938

    Em 14 de julho último foi enviado ao Programa ADAI (Apoyo al Desarrollo de Archivos Iberoamericanos) o projeto para o processamento técnico (higienização, identificação e acondicionamento) e digitação em banco de dados dos processos do Departamento de Cultura do Município de São Paulo, datados de 1935 a 1938, período em que Mário de Andrade esteve à testa desse Departamento. Com esta ação será recuperado seu perfil como administrador e como homem de cultura, pois o Departamento foi o embrião da atual Secretaria de Cultura do Município e fazia parte de seu ideal de cultura brasileira a afirmação de nossas tradições e a preservação da memória nacional.

    O conjunto documental é composto por 2004 processos. Destes, os 704 correspondentes ao ano de 1935 já se encontram em nosso Arquivo e 1300 processos serão transferidos em breve do Arquivo Municipal de Processos, da Secretaria Municipal de Gestão, para o Arquivo Histórico. A documentação selecionada para o projeto em questão é fonte de informações ímpares para o aprofundamento do conhecimento acerca de uma época em que se buscava construir uma identidade nacional a partir das raízes culturais. A informatização otimizará o acesso às informações e os documentos originais estarão preservados do manuseio.

    Maria Bonafé




  • RESTAURO EM PAPEL

  • O LEGADO DE MÁRIO DE ANDRADE para a conservação e restauração de documentos antigos no Departamento de Cultura


    Entre 1926 e 1931, reunia-se quase diariamente no apartamento de Paulo Duarte, em São Paulo, um grupo de intelectuais formado por Mário de Andrade, Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes, entre outros. Foi nesse período que a idéia do Departamento de Cultura germinou. Em 1932, por razões políticas, Paulo Duarte e outros membros deste grupo foram exilados. Entretanto, o intercâmbio de idéias entre eles foi mantido através de intensa correspondência.

    Em 1934, com o retorno de Paulo Duarte à vida política, e tendo assumido a Chefia de Gabinete do Prefeito Fábio da Silva Prado, a discussão sobre a criação do Departamento de Cultura foi retomada. Um pré-projeto foi submetido a amigos e intelectuais para críticas e sugestões. A proposta final, elaborada por Paulo Duarte, Mário de Andrade e Paulo Barbosa de Campos, foi aprovada pelo Prefeito Fábio da Silva Prado, que, em 30 de maio de 1935, assinou o Ato n° 861, dando origem ao Departamento de Cultura e Recreação. Esta proposta era tão inovadora que se tornou referência para a criação dos Departamentos de Cultura de Paris, Praga e outras cidades.

    Para nos restringir ao tema deste texto, destacaremos, entre as finalidades do Departamento:
      recolher, collecionar, restaurar e publicar documentos antigos, material e dados históricos e sociaes, que facilitem as pesquisas e estudos sobre a história da cidade de São Paulo, suas instituições e organizações em todos os domínios da actividade. (Artigo 1°, letra g).
    Neste Ato, documento antigo foi definido como todo aquele existente no Arquivo Municipal de trinta e um anos para trás (Artigo 64, parágrafo único).

    O Departamento era constituído pelas divisões de: Expansão Cultural, Bibliotecas, Educação e de Recreios, Documentação Histórica e Social. Entre as atribuições desta última constava o recolhimento, restauração e conservação de documentos antigos, de caráter histórico para consulta e publicação, e a contratação de um restaurador, um mestre encadernador e dois oficiais, entre outros profissionais.
      Ninguém ignorava então, como ninguém ainda hoje ignora, que a maior parte do arquivo histórico do Brasil, especialmente de São Paulo, apodrece em repartições sem nenhum resguardo ou defesa dos documentos. O que o bicho não devora, consome a umidade e mais que a umidade, o desleixo.
    A preocupação com a preservação da documentação não se limitou à observação de Duarte (1985,p.94) acima citada e ao texto do Ato. Concretamente, entre 1936 e 1937, além dos trabalhos de transcrição paleográfica e publicação de coleções documentais, foram reunidos todos os documentos avulsos de 1800 a 1841 em 90 volumes, encadernados e restaurados 423 livros antigos de assuntos diversos e 90 volumes de manuscritos, e ainda organizados todos os documentos avulsos do século XIX para posterior restauração e encadernação.
      [...] Anexa à gráfica, instalou-se uma oficina de encadernação cujos artezãos se entusiasmaram de tal maneira que o Departamento, com gente por assim dizer improvizada, pôde fazer encadernações consideradas verdadeiras obras de arte. [...]

    Detalhe do trabalho de restauração - Volume 6

    Detalhe de etiqueta indicando data do término dos trabalhos
    de restauração e encadernação.
    Volume 6, Coleção Papéis Avulsos, 1841,
    restaurado e encadernado no Departamento de Cultura e Recreação, em 1937.
    foto: Leonardo Caramori, 2006 (DPH/SMC/PMSP)


    De tal forma houve reconhecimento e valorização do trabalho de conservação que, em 1937, estava sendo providenciada a contratação de um mestre encadernador parisiense, com o objetivo de aperfeiçoar a mão-de-obra e de criar uma escola de encadernação. Também estava prevista a aquisição de equipamentos, ferramentas e ferros de douração.

    Estilo de encadernação

    Estilo adotado na encadernação desta coleção.
    Volume 6, Coleção Papéis Avulsos, 1841, restaurado e encadernado no Departamento de Cultura e Recreação, em 1937.
    foto: Leonardo Caramori, 2006 (DPH/SMC/PMSP)


    À Divisão de Bibliotecas também competia conservar e restaurar o seu acervo, porque esta era a visão do Departamento de Cultura e Recreação. A conservação dos livros iniciava-se com a etapa de desinfestação, realizada pelos funcionários da Divisão, e a encadernação era realizada por um mestre-encadernador, um dourador, um encadernador e um meio-oficial.

    Detalhe do trabalho de restauração - Volume 6 Detalhe do trabalho de restauração.
    Volume 6, Coleção Papéis Avulsos, 1841, restaurado e encadernado no Departamento de Cultura e Recreação, em 1937.
    foto: Leonardo Caramori, 2006 (DPH/SMC/PMSP)


    Mais do que simplesmente conservar a documentação, este Departamento buscava oferecer à população acesso a sua História, com o objetivo de formar uma identidade brasileira. Mário de Andrade, como seu primeiro diretor, concretizou as intenções em estimular, desenvolver e democratizar o movimento educacional, artístico e cultural, idealizado pelo grupo de intelectuais ao qual pertenceu.

    As transformações políticas, provocadas pela instauração do Estado Novo em 1937, porém, atingiram diretamente o Departamento de Cultura e Recreação, paralisando a consecução dos seus objetivos. A extinção dos cargos de paleógrafo e restaurador, assim como a não concretização da escola de encadernação, ilustra como as políticas de conservação e de restauração foram desprezadas. Com a saída de Mário de Andrade da direção do Departamento, todo esse processo foi interrompido no âmbito municipal.


    Seção de Restauração e Encadernação:
    Márcia Aparecida de Freitas Rigone
    Maria Isabel Garcia
    Ruthe Helena Camargo Ferreira
    Sheila Cypukovas

    Seção Técnica de Estudos e Pesquisas:
    Rosiane Maria de Melo


    BIBLIOGRAFIA:
    • DUARTE, Paulo. Mário de Andrade por ele mesmo. São Paulo, Hucitec / Prefeitura do Município de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura, 2ª edição, 1985.
    • NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos. Por um Inventário dos Sentidos - Mário de Andrade e a Concepção de Inventário. Dissertação de doutorado apresentada ao Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2002.
    • OLIVEIRA, Rita de C.A. Colonizados do Futuro - Cultura, Estado e o Departamento de Cultura no Município de São Paulo (1935-1938). Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 1995.


    DICA: no site do projeto CPBA - http://www.cpba.net - estão disponíveis informes sobre o tema




  • CCAD

  • CCAD: atividades no período

    Foram realizadas no período quatro reuniões entre membros da CCAD – Comissão Central de Avaliação de Documentos e CSA – Comissões Setoriais.

    Em 14 de agosto p.p., a CCAD analisou e discutiu a proposta de Tabela de Temporalidade – Atividades-Fim, enviada e elaborada pela Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação.

    A reunião seguinte, ocorrida no dia 25, contou com a participação de membros da CCAD e representantes da CSA da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, com pauta dedicada à avaliação da Tabela de Temporalidade – Atividades-Fim dessa secretaria.

    Nas reuniões dos dias 29 e 30, a CCAD discutiu e elaborou a versão final da Tabela de Temporalidade – Atividades-Meio genérica, a ser oficializada em breve. Esta Tabela não contempla a documentação referente a Pessoal e Finanças, ainda em fase de estudo.

    Neste mesmo período foram nomeadas ou alteradas as seguintes Comissões Setoriais de Avaliação de Documentos:
    • CSA do Hospital do Servidor Público Municipal, através da Portaria n° 05/2006 –Gabinete da Superintendência, publicada no Diário Oficial da Cidade de São Paulo em 11/3/06, p. 31;
    • CSA da Secretaria Municipal de Gestão, através da Portaria n° 030/SMG.G/2006, publicada no DOC de 19/5/06, p. 06 e Portaria n° 039/SMG.G/2006, publicada do DOC de 7/6/06, p. 5;
    • CSA da PRODAM, através do memorando n° TID 792021, de 10/3/2006;
    • Substituição de membros da CSA da Secretaria Municipal de Gestão, através da Portaria n° 44/2006, publicada do DOC de 14/7/06, p. 4;
    • Alteração da composição da CSA da Secretaria Municipal de Educação, através da Portaria n° 3309/2006, publicada no DOC de 1/8/06, p. 10;
    • Ato da presidência da EMURB, nomeando servidores para integrar a CSA da Empresa Municipal de Urbanização, publicada em 23/8/06, p. 95.

    CCAD – COMISSÃO CENTRAL DE AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS

    A CCAD – Comissão Central de Avaliação de Documentos tem por objetivo geral a instituição de uma política de gestão de documentos no âmbito da administração pública municipal, com vistas à avaliação, seleção e preservação de seu patrimônio documental. Seu trabalho é desenvolvido em conjunto com as CSAs – Comissões Setoriais de Avaliação, de cada secretaria, autarquia ou empresa mista da Prefeitura da Cidade de São Paulo.

    À CCAD compete, entre outras atividades, orientar e coordenar os trabalhos desenvolvidos pelas Comissões Setoriais de Avaliação – CSAs, nos processos de levantamento e avaliação dos documentos produzidos e acumulados em suas unidades, além de avaliar, adequar e aprovar as propostas de Tabelas de Temporalidade elaboradas pelas CSAs.





  • Educativo
        (Serviço)

  • DIFUSÃO CULTURAL EM ARQUIVOS

    Mário de Andrade, tema desta edição do informativo, sempre demonstrou grande preocupação com o problema da difusão cultural. Enquanto diretor do Departamento de Cultura, propôs a criação e renovação de um conjunto diversificado de equipamentos e serviços como parques infantis, museus, bibliotecas e áreas de lazer. É também de sua autoria o anteprojeto de 1936 para a criação do SPHAN, em que se percebe o profundo cuidado com o caráter educativo e didático do patrimônio. É dele a frase “defender o nosso patrimônio histórico e artístico é alfabetização.”

    O desenvolvimento de serviços educativos em arquivos tem como primeiro obstáculo a visão tradicional de arquivo, concebido como um espaço reservado a um grupo restrito de pesquisadores. Essa mentalidade vem sendo mudada aos poucos, impulsionada pela evolução dos métodos pedagógicos, que potencializam a observação, o conhecimento da história local e o uso do patrimônio histórico-arquitetônico como recurso didático.

    Alguns passos importantes nesse sentido tiveram lugar no AHMWL com a estruturação da monitoria do Edifício Ramos de Azevedo em 2001, quando o prédio ainda era sede do Departamento do Patrimônio Histórico.

    Hoje estamos estruturando o nosso trabalho com a formação de uma equipe especializada e o desenvolvimento de um plano de trabalho, para que as tradicionais visitas de estudantes não venham a constituir-se em meros “eventos”.

    Nesse processo, além de novos projetos, vamos resgatar iniciativas neste setor já realizadas pelo Arquivo Histórico Municipal, com o objetivo de proporcionar atividades que difundam o conteúdo dos fundos documentais, dêem a conhecer o funcionamento e a função social do arquivo, e a conservação do patrimônio documental. Aspectos esses, entendidos como parte importante do patrimônio histórico e cultural da cidade, tal como é garantido nos direitos de cidadania.


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    Serviços: Visita Monitorada - O Edifício Ramos de Azevedo, projetado pelo escritório técnico de Ramos de Azevedo, foi inaugurado em 17 de abril de 1920 para receber os cursos de eletrotécnica e mecânica da Escola Politécnica. A partir de dezembro de 1999 tornou-se sede do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.


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    Prefeitura da Cidade de São Paulo - 2005-2006 (c)



    DPH


    SECRETARIA DE CULTURA


    Cidade de São Paulo


    Gilberto Kassab
    Prefeito da Cidade de São Paulo

    Carlos Augusto Calil
    Secretário de Cultura

    José Roberto Neffa Sadek
    Secretário Adjunto

    Paulo Rodrigues
    Chefe de Gabinete

    Walter Pires
    Departamento do Patrimônio Histórico

    Liliane Schrank Lehmann
    Divisão do Arquivo Histórico Municipal "Washington Luís"