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PMSP/SMC/DPH
São Paulo, março/abril de 2007
Ano 2 N.11


Edição temática

Série Edificações Particulares (1870-1921)

A Série Edificações Particulares, um dos conjuntos documentais mais consultados do acervo arquivístico do AHMWL, será a partir da segunda quinzena do mês de março, digitalizada e suas informações inseridas em banco de dados (Sirca), através de através de projeto da FAUUSP/Arquivo Histórico Municipal Washington Luís.

O presente número do Informativo Arquivo Histórico Municipal apresenta textos relativos a esse conjunto documental, como forma de exemplificar o tipo de pesquisa que a documentação favorece, já que abrange o grande período de transformações urbanas transcorridas em São Paulo entre o final do século XIX e começos do século XX.

O período final do Império e o subseqüente, conhecido como República Velha, foram marcados pelo rápido enriquecimento trazido pela expansão da cultura cafeeira. Esse enriquecimento causou bruscas transformações sócio-econômicas, culturais e até físicas na capital paulista. Foi nessa época que os primeiros prefeitos paulistanos se esforçaram para modernizar a cidade, através de grandes planos urbanísticos e crescente regulamentação das construções.


Gostaríamos de assinalar que em 9 de março de 2007, o Informativo Arquivo Histórico Municipal teve formalmente constituído o seu Conselho Editorial, conforme Portaria nº 01/2007 DPH-G, publicada no DOC. E que à nossa publicação virtual acaba de ser atribuído o ISSN 1981-0954.

Dentro do mesmo processo de estruturação deste veículo de divulgação, que se articula com outra publicação tradicional - Revista do Arquivo Histórico - e com o novo formato do site, também com acesso direto http://(www.arquivohistorico.sp.gov.br), incluem-se as Normas editoriais do Informativo Arquivo Histórico Municipal, que podem ser acessadas ao final da página no Expediente.


Primeiro Centenário AHMWL
ISSN: 1981-0954





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  • INTERCÂMBIO

  • Parceria Arquivo Histórico Municipal Washington Luís e FAU-USP
    A cidade de São Paulo e sua arquitetura (1906-1920)



    Inicia-se em março, com duração de seis meses, a primeira fase do projeto Arquivo Histórico Municipal Washington Luís – A cidade de São Paulo e sua arquitetura, aprovado pelo Programa de Políticas Públicas da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo –, uma parceria entre a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU-USP – e o Arquivo Histórico Municipal Washington Luís.

    O Prof. Dr. Nestor Goulart Reis Filho coordenará a equipe executora, constituída por Professores e Pesquisadores do Laboratório de Estudos sobre Urbanização, Arquitetura e Preservação – LAP da FAU-USP. A Profa. Dra Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno estará à frente deste projeto, supervisionando os trabalhos no Arquivo Histórico Municipal.

    O objetivo é informatizar parte da Série Edificações Particulares e o Fundo Particular Severo e Villares, pertencentes ao acervo do AHMWL. Estas são as Séries Documentais de maior interesse para os arquitetos e incluem tanto projetos arquitetônicos de obras públicas, quanto projetos de particulares (edifícios comerciais, de serviços, residenciais etc.), submetidos à aprovação da Prefeitura entre de 1906 a 1920.

    O tratamento arquivístico consistirá na descrição documental em banco de dados informatizado, reprodução fotográfica e digital dos desenhos – com o intuito de facilitar a sua consulta e preservação.

    Essas iniciativas, além de beneficiarem os pesquisadores e contribuírem para a formação dos universitários da FAU-USP envolvidos no projeto, devem repercutir para além das fronteiras da comunidade científica, favorecendo a preservação do acervo, bem como a divulgação do conteúdo documental e a conseqüente valorização do patrimônio histórico, arquitetônico e cultural da cidade de São Paulo.


    A primeira fase será o piloto do projeto e servirá para a consolidação da parceria. Nela serão alcançados os seguintes objetivos: definição das atribuições da equipe de trabalho; aquisição de parte do material permanente; seleção de candidatos às bolsas de capacitação técnica; definição de procedimentos metodológicos para a inserção dos documentos no banco de dados; seleção de documentos indicados para a amostragem e estabelecimento de metodologia de reprodução fotográfica e digital dos desenhos.

    As atividades desta fase constarão de:
    • Registro no banco de dados, reprodução fotográfica e digital das 1819 plantas do Escritório Técnico Severo Villares;
    • Registro no banco de dados de uma amostragem de 2000 processos de Edificações Particulares, de tipos variados (documentos não encadernados; de tamanhos diferentes), para definição do ritmo e procedimentos da rotina de trabalho da segunda fase.
    • Reprodução fotográfica e digital de aproximadamente 2000 desenhos que se acham nos processos de Edificações Particulares supracitados (nem todos os processos são acompanhados de desenhos).
    A segunda fase terá a duração de 24 meses, mas sua aprovação pela FAPESP dependerá dos resultados obtidos na primeira fase.


    Maria Bonafé
    Seção Técnica de Intercâmbio

    intercambioarquivohistorico@prefeitura.sp.gov.br
    mbonafe@prefeitura.sp.gov.br
    tel: 011-3326-1010 ramal 2057 fax: ramal 2054




  • MANUSCRITOS

  • A Série Edificações particulares


    Em nome do progresso, a cidade de São Paulo vem sendo demolida e reconstruída seguidas vezes. Nesse processo, tanto construções importantes quanto edifícios comuns desaparecem, e com eles se vão os laços afetivos que os moradores mantêm com suas comunidades. Dentre os conjuntos documentais existentes no Arquivo Histórico Municipal Washington Luís destaca-se a série Edificações Particulares – pertencente ao grupo Diretoria de Obras e Viação, do fundo Prefeitura Municipal de São Paulo –, e dessa documentação podem ser extraídos preciosos aspectos referentes ao desenvolvimento urbano da cidade e sua arquitetura, ao longo do período de 1870 a 1921.

    Esta importante série documental é constantemente consultada por diferentes tipos de pesquisadores: desde professores e alunos de nível técnico e superior, sobretudo das áreas de História e Arquitetura, técnicos dos órgãos públicos de preservação e tombamento do patrimônio histórico (Conpresp, Condephaat e IPHAN) e peritos judiciais, até simples cidadãos interessados em obter cópias autenticadas de plantas arquitetônicas anexas aos processos de aprovação ou que apenas estão em busca do resgate de sua memória familiar.

    Palacete Germania - 1907
    Fachada do
    Palecete Germânia
    Largo da Sé
    1907
    Acervo: AHMWL/DPH/SMC


    A série em questão é composta de 429 volumes encadernados, abrangendo o período de 1870 a 1905, e mais de 900 caixas-arquivos, contendo aproximadamente 68.000 processos dos anos 1906 a 1921.

    Como só em 1893, através da lei n.38, de 24 de maio desse ano, foi instituída a aprovação obrigatória de plantas das construções que se pretendiam edificar na cidade, o que até então era solicitado pelos interessados em edificar era o mero alinhamento das testadas dos lotes. Por isso, praticamente, inexistem plantas anteriores à data dessa lei.

    No entanto, a partir de 1893, acham-se nesse gênero de documentação ofícios de interessados, pareceres técnicos de engenheiros, despachos de autoridades e plantas arquitetônicas, quer das construções aprovadas, quer das indeferidas.

    As peças gráficas vão do simples croquis aos projetos completos, e referem-se a toda modalidade de edificação, por exemplo: cortiços, residências populares ou de classe média, palacetes, mansões, edifícios comerciais ou de escritórios, indústrias, galpões, escolas, hotéis, bancos, hospitais, teatros, cinemas, capelas, igrejas, mosteiros, etc.

    A pesquisa dos documentos é aberta ao público, mas em razão da fragilidade dos suportes, não são permitidas cópias xerográficas. Os documentos podem ser fotografados mediante recolhimento de taxa pelo uso da imagem.

    A partir do mês de março de 2007 terá início o projeto de digitalização das plantas arquitetônicas anexas aos processos de aprovação datados de 1906 a 1921. Isso facilitará em muito a pesquisa e a reprodução de documentos por parte dos interessados.


    Guido Gustavo Venturini Flud Alvarenga
    Seção Técnica de Manuscritos


    Serviços: A Seção Técnica de Manuscritos atende de segunda-feira à sábado, das 9 às 17 horas.


  • ESTUDOS & PESQUISAS

  • EDIFÍCIO GUINLE & CIA.,
    o precursor dos arranha-céus de São Paulo

      É sempre muito produtiva para os pesquisadores, sobretudo historiadores, arquitetos e urbanistas, a consulta aos processos de aprovação de plantas referentes ao período 1906-1921, da série Edificações Particulares. Às vezes encontramos nesse tipo de documentação pequenos e valiosos fragmentos da história urbana da cidade de São Paulo.
      Como exemplo do que se pode extrair desses processos, reproduzimos abaixo um ligeiro estudo sobre o Prédio Guinle & Cia., cuja aprovação remonta a 1912, quando então se exerceu sobre a Câmara Municipal uma grande pressão para que fosse permitida a verticalização do centro paulistano.


    Quem se interessa pela história da arquitetura paulistana conhece muito bem o Edifício Sampaio Moreira, localizado na Rua Líbero Badaró, n° 340 e 350, tradicionalmente chamado de “o avô dos arranha-céus de São Paulo” por ter sido a construção mais alta de sua época, hoje já bastante recuada – 1924. O que talvez muitos ignorem é o fato de doze anos antes de construído o Sampaio Moreira haver sido solicitada à Prefeitura a aprovação dos planos daquele que deve ser considerado o verdadeiro precursor dos prédios altos paulistanos, por ter sido o primeiro edifício a romper definitivamente, com sua altura, a harmonia até então existente entre as edificações erguidas no centro da cidade.

    Rua Direita - déc.1920
    Vista da Rua Direita em direção à Praça da Sé. À extrema direita, o Edifício Matarazzo (c. 1910-1916), depois, a esquina da Rua José Bonifácio. A seguir, o prédio de torreão na esquina das Ruas José Bonifácio e Direita, antiga Drogaria Amarante.
    Atrás dele, o Prédio Guinle & Cia.,
    com oito pavimentos mais um par de edículas acima da cobertura.

    Autoria desconhecida. Década de 1920.
    Acervo: DIM/DPH/SMC


    São Paulo em 1912

    No início do século passado, São Paulo havia-se transformado num imenso e agitado canteiro de obras, em razão dos alargamentos e retificações viárias que vinham sendo executados desde o início da gestão do primeiro prefeito da cidade, Antônio Prado (1899-1911). Os imóveis atingidos pelas expropriações situavam-se sobretudo dentro do perímetro da área comercial, o chamado Triângulo, formado pelas Ruas Quinze de Novembro, São Bento e Direita, e em suas imediações.

    As autoridades municipais não tencionavam apenas alargar e retificar a arcaica estrutura viária paulistana, de modo a adequá-la ao tráfego sempre crescente de bondes e automóveis particulares, preocupavam-se também em fazer desaparecer os traços da velha arquitetura luso-brasileira, que teimosamente resistia nas ruas mais importantes daquela que se tornava a Metrópole do Café. Na busca de alcançar este último objetivo, andara a Prefeitura fazendo acordos com os proprietários das construções parcialmente adquiridas, para garantir que os edifícios reconstruídos nos novos alinhamentos apresentassem fachadas condizentes com a paisagem urbana que a elite paulistana europeizada sonhava em compor para a Capital.

    Assim fora criada a Praça Antônio Prado (1904) e assim vinha sendo reedificada a Rua 15 de Novembro (1904-1913), por exemplo. A Câmara Municipal, por sua vez, aplicava-se em aprovar leis que promovessem a renovação edilícia da cidade com um nível aceitável de qualidade estética. Ora incentivava a edificação de prédios com fachadas estabelecidas pela Prefeitura na área circundante ao Teatro Municipal, então em construção (1904), ora oferecia vantagens àqueles que, ao erguerem edifícios de três ou mais pavimentos em determinadas ruas do centro, adotassem fachadas aprovadas pelos órgãos municipais competentes (1907). Como estímulo adicional chegou-se a criar prêmios anuais que, durante dois anos, seriam conferidos aos proprietários dos prédios mais perfeitos do ponto de vista arquitetural.

    Casa Martinico. Praça Antonio Prado

    Autoria desconhecida. Década de 1920.
    Acervo: DIM/DPH/SMC
    Casa Martinico - Praça Antonio Prado - déc.1920


    Técnico da diretoria de Obras Municipais, o engenheiro José de Sá Rocha estava particularmente empenhado no controle da aparência das construções paulistanas. Havia mesmo feito passar às mãos do Prefeito Raimundo Duprat (1911-1914), por intermédio do diretor Vítor da Silva Freire, uma indicação sobre as alturas a dar às construções da cidade, “no sentido de harmonizar-lhes as linhas arquitetônicas das fachadas”.

    Podemos surpreender reflexos desse cuidado com a composição do novo cenário urbano de São Paulo no art. 5° da Lei n° 1585, de setembro de 1912. Nesse artigo estava prescrito que em todos os quarteirões as linhas mestras arquitetônicas seriam horizontais e obedeceriam às da construção que estivesse situada na cota mais alta. Mas o propósito último do engenheiro que era fixar alturas máximas para as edificações da cidade não chegou a ser contemplado nessa lei.

    Pela criação de um gabarito para as construções paulistanas

    No mesmo mês de setembro de 1912, o engenheiro Sá Rocha analisou o projeto de um edifício de “cimento armado”, com oito pavimentos, a ser construído na Rua Direita, n° 7 A (atual n° 49). A obra teria 32 m de altura total e isso significava o dobro da altura dos prédios que lhes ficariam próximos e fronteiros – na maioria, construções de tijolos, com três pavimentos, erguidas a partir dos anos 90 do século XIX.

    Contra o projeto em si o engenheiro nada tinha a alegar. Destinado a abrigar os escritórios da firma proprietária Guinle & Cia., os planos estavam de acordo com as exigências legais. Mas a altura que deveria atingir o prédio saia fora dos padrões até então observados em construções no centro da cidade. Naquele tempo, as mais notáveis eram a Casa Martinico (1904-1906), situada na Praça Antônio Prado – um edifício de escritórios que substituíra a velha Igreja do Rosário, propriedade de uma irmandade de negros alijada da área central da cidade –, o Edifício João Brícola (1906-1908), sito na mesma praça, no ponto de fuga da perspectiva da futura Avenida São João, que em 1912 começariam a abrir conforme desígnio da Câmara Municipal e do Prefeito Raimundo Duprat (a abertura dessa via radial não estava prevista no Plano Bouvard, que então se adotava), e a recente Casa Barão de Iguape (1909-c.1912), localizada na Rua São Bento, entre as Ruas Direita e Quitanda, cuja altura, tal como a Casa Martinico, correspondia a cinco pavimentos. (Neste último prédio funcionaria durante os anos 20 a famosa loja de departamentos Mappin Stores, deitando então sua fachada principal para a recém-aberta Praça do Patriarca).


    Praça da Sé - 1916
    Vista da Praça da Sé, pormenor.
    No canto esquerdo da foto, vemos a silhueta do Edifício Guinle
    rompendo com a escala das construções paulistanas.
    Autoria desconhecida. 1916
    Acervo: DIM/DPH/SMC

    Não era a altura de 32 m propriamente que causava espanto ao técnico da Repartição de Obras. O que parecia incomodá-lo era o violento contraste visual que surgiria entre o gabarito da construção nova e o dos prédios das vizinhanças (visto que, neste caso específico, devido às condições de implantação, não seria a iluminação natural dos prédios existentes prejudicada pela altura do edifício novo, pois todas as construções, enfileiradas, olhavam para o norte).

    A seu ver, a criação de uma regra que determinasse as alturas a serem toleradas nas edificações da cidade, iria constituir um princípio no qual se baseariam a crítica de todos os futuros projetos e sua conseqüente aprovação. Para orientar a tomada de decisão em instâncias superiores, o engenheiro juntava um pequeno resumo das alturas máximas admitidas em prédios de diferentes cidades estrangeiras, norte-americanas e européias principalmente. Os diversos limites de altura coletados revelam que as cidades norte-americanas em geral admitiam alturas maiores, de 40 a 70 m, enquanto cidades como Paris e Buenos Aires, esta então sob forte influência da cultura francesa, toleravam alturas máximas bem mais modestas, algo entre 24 e 30 e tantos metros nas avenidas mais largas.

    Enviada a questão à Câmara Municipal, a Comissão de Obras, que primeiramente analisou o assunto, admitiu a conveniência de limitar a altura máxima da construção a ser erguida na Rua Direita. Não deveria ela exceder a duas vezes e meia a largura da via no ponto em que seria levantada. O que redundava em 28,60 m de altura por ter aí a via pública 11,45 m de largura média. Sugeria também a comissão que a Diretoria de Obras da Prefeitura organizasse um projeto estabelecendo o gabarito de alturas para os prédios que de futuro viessem a ser construídos nas diversas ruas da Capital e, simultaneamente, executasse um projeto de padrão para substituir o em uso (vigente desde 1889!), ouvindo-se se necessário a Sociedade dos Arquitetos e Engenheiros de São Paulo.

    A solução proposta, no entanto, não foi plenamente aceita pela Comissão de Justiça. Seus componentes argumentaram que sem estudos aprofundados a respeito não se podia estabelecer de imediato o limite de duas vezes e meia a largura da rua. E foi essa afinal a opinião prevalecente na Câmara, disso resultando a Resolução n° 32, de 23 de novembro de 1912, que autorizou a Prefeitura a permitir a edificação do prédio Rua Direita, n° 7 A, com a altura originalmente prevista de 32 m. Consta, ademais, que decisiva para a aprovação do projeto de autoria de Hipólito Pujol Jr. foi a visita que o eminente engenheiro Antônio Francisco de Paula Sousa, então diretor da Escola Politécnica, fez ao prefeito Barão de Duprat, convencendo-o da estabilidade da futura construção.

    A obra foi então executada e até hoje se eleva muitos andares acima dos prédios adjacentes, que são ainda, praticamente, os mesmos existentes em 1912. Por outro lado, o projeto de regularização de alturas que a Repartição de Obras deveria elaborar, conforme a Resolução n° 32, só seria transformado em lei muitos anos depois, em 9 de novembro de 1920 (Lei n° 2332).

    Segundo esse diploma legal, nas vias de mais de 12 m de largura, a uma construção no alinhamento se permitia uma altura de três vezes a largura da rua. Quando a via possuísse de nove a 12 m de largura, como era o caso da Rua Direita no ponto em que se ergueu o Prédio Guinle & Cia., a altura seria duas vezes e meia a largura da via (prescrição igual à resolução sugerida em 1912 pela Comissão de Obras da Câmara de Vereadores e não aceita pela Comissão de Justiça). Quando, porém, fosse a rua de nove metros somente, o prédio no alinhamento poderia ter no máximo cinco metros de altura. Vemos assim que em 1920 as autoridades paulistanas ainda se mantinham suficientemente conservadoras para impor aos edifícios alturas moderadas, proporcionais às larguras das ruas, e rejeitar o modelo norte-americano, que por razões econômicas e ideológicas incentivava a extrema verticalização dos centros das metrópoles modernas.

    Com o tempo, entretanto, iria predominar na Capital o modelo ianque, não constituindo nesse aspecto mera coincidência o fato de ter sido um arquiteto formado nos EUA, Cristiano Stockler das Neves, quem procurou o proprietário de um lote na Rua Líbero Badaró para convencê-lo a erguer o edifício Sampaio Moreira, prédio de 14 pavimentos e 54 m de altura (limite máximo então permitido nas ruas de 18m de largura), numa via onde a quase totalidade das construções não possuia mais de três pisos.

    O terreno situava-se entre os dois palacetes do Vale do Anhangabaú, projetados e construídos pelo escritório do pai do arquiteto entre 1912 e 1914, e um prédio de grande altura naquele ponto teria como função estética assinalar o eixo transversal do conjunto monumental do parque, eixo que passava próximo do centro da fachada lateral do Teatro Municipal (1903-1911).

    Para conseguir realizar essa proeza teve Cristiano de enfrentar muitas dificuldades, entre elas, a má-vontade do engenheiro Vítor da Silva Freire, diretor da Repartição de Obras, que não apreciava edifícios muito altos (em artigo de 1918 Freire defendera o gabarito máximo de seis andares para as edificações de São Paulo). E, como todos sabem, o Sampaio Moreira, inaugurado em 1924, seria logo depois superado em altura pelo admirável Edifício Martinelli (1924-1934), que em sua versão definitiva atingiu a então espantosa altura de trinta pisos.

    O Prédio Guinle & Cia. e o engenheiro Pujol Júnior

    Muito embora o projeto do Prédio Guinle & Cia tenha sido aprovado em 1912 com a altura de 32 m, correspondentes a oito pavimentos, sua estrutura acabou recebendo durante a execução o acréscimo de duas edículas situadas acima do nível da cobertura do ático, construções que devem ter elevado a altura final da edificação a 36 m aproximadamente.


    Fachada do Prédio Guinle - 1912
    Fachada do Prédio Guinle, tal como foi aprovada em 1912: com 8 pavimentos e sem as edículas da cobertura que, depois de construídas, aumentaram ainda mais a altura do edifício.
    Projeto de Pujol Júnior. 1912
    Acervo: AHMWL/DPH/SMC

    Projetado pelos engenheiros Hipólito Gustavo Pujol Júnior e Augusto de Toledo, o Prédio Guinle & Cia. – atualmente recuperado e ocupado pela loja de calçados Mundial – tem um lugar assegurado no processo de verticalização da cidade, por possuir o mais alto arcabouço de concreto erguido em São Paulo na época de sua construção (1913-c.1916).

    No entanto, recentes trabalhos dedicados à recuperação da história da verticalização da cidade de São Paulo vêm apontando outras construções paulistanas como as mais altas erguidas durante os primeiros anos da década de 1910. De fato, o que têm feito esses trabalhos não é senão difundir enganos baseados em fontes pouco seguras. Ora identificam a Casa Médici, construída a partir de 1912 pelo Escritório Técnico de Samuel das Neves na esquina da Rua Líbero Badaró com Rua Dr. Falcão Filho, como um dos marcos da verticalização paulistana – quando esse prédio, segundo fotos de época, não possuia originalmente para o lado da Líbero nada além de cinco pavimentos, sendo quatro com estrutura de concreto e o quinto protegido por uma estrutura de metal em forma de mansarda (enquanto para ao lado da Rua Dr. Falcão Filho apresentava apenas sete pisos) – , ora citam como a mais alta construção da época o prédio da Rua 15 de Novembro, n° 324 a 336, sede do antigo Banco Comercial do Estado de São Paulo, equivocadamente chamado de sede do London and River Plate Bank Limited.

    Neste último caso, a obra não só foi levantada muitos anos depois do Prédio Guinle, por volta de 1924, o que se pode a princípio constatar facilmente por meio de fotos antigas, como também possuia de início apenas sete pavimentos, resultando de acréscimos posteriores os 12 pavimentos que hoje se vêem na parte que deita para a Rua Boa Vista.

    Deve-se ressaltar ainda, com relação ao Prédio Guinle & Cia., que um de seus autores, Pujol Júnior (1880-1952), desempenhou importante papel na introdução da técnica do concreto armado em construções paulistanas, o que era aliás plenamente reconhecido por seus contemporâneos. Formado pela Escola Politécnica em 1905, ainda como aluno se sentiu atraído pelo estudo da resistência dos materiais, assumindo logo no ano seguinte a direção do Gabinete de Resistência dos Materiais dessa escola. Em 1907, publicou o que talvez tenha sido o primeiro estudo de tecnologia do concreto armado realizado no Brasil, e, dois anos mais tarde, passou a lecionar disciplinas ligadas à área de seu interesse. Para a realização do Prédio Guinle & Cia., em que foram empregadas vigas vencendo vãos de 12 m de extensão, baseou-se Pujol Júnior em experiências por ele mesmo conduzidas no laboratório em que trabalhava.

    Por outro lado, não devemos nos esquecer que a primeira edificação paulistana, de natureza urbana, erguida com estrutura de concreto, foi um antigo sobrado que existiu pegado à Igreja de Santo Antônio. Situado na esquina das Ruas Direita e São Bento, não passava de obra singela, de apenas três pavimentos; datado de 1908-1909, fora projetado por um engenheiro italiano de nome Francesco Notaroberto (cumpre notar que as plantas desta edificação pioneira também pertencem à série Edificações Particulares).

    Dada a verticalização generalizada da megalópole atual, a poucas pessoas hoje ocorreria imaginar ter havido um tempo em São Paulo, há noventa e quatro anos atrás, em que foi necessária a autorização especial da Câmara Municipal para que a Prefeitura pudesse permitir a construção de um edifício com a modesta altura de oito pavimentos.

    Eudes Campos


    Fontes primárias consultadas
    • SÃO PAULO (Cidade). Arquivo Histórico Municipal Washington Luís. CMSP – Conselho de Vereadores – Proposições Legislativas. 1912. Resolução n° 32, de 23 de novembro de 1912.
    • ______. PMSP – Diretoria de Obras e Viação – Edificações Particulares, 1912.Caixa 01d. Projeto de um edifício a ser construído na Rua Direita, n° 7 A.
    Prédio Guinle - 2007 - Topo
    Andares superiores e edícula

    Prédio Guinle - 2007 - Edícula
    Edícula, detalhe. Elemento acrescido ao projeto

    Prédio Guinle - 2007 - Andares superiores
    Andares superiores



    Prédio Guinle - 2007 - Andares intermediários
    Sobreloja


    Prédio Guinle - 2007 - Térreo
    Detalhe do térreo


    Prédio Guinle - 2007 - Geral



    Prédio Guinle - 2007 - Geral
    Vista de conjunto



    Foto: Silvana Giglio








































  • LOGRADOUROS

  • As transformações urbanas da cidade de São Paulo
    nos primeiros anos do século XX



    O período compreendido entre os anos de 1899-1914 corresponde a uma fase de intensas mudanças introduzidas na cidade de São Paulo. A exemplo do que estava ocorrendo em outras capitais brasileiras daquele tempo, foi durante as administrações dos dois primeiros prefeitos paulistanos – Antônio Prado e Raimundo Duprat – que se envidaram grandes esforços na execução de importantes obras modernizadoras da Capital. Realizações que refletiam, acima de tudo, o sistema de valores e os interesses da burguesia, classe social à qual pertencia, desde a proclamação da República, a maioria dos dirigentes de então.

    Ao usar o Estado como instrumento de dominação social, a burguesia brasileira buscou traçar uma meta muito bem definida para as principais cidades do País: reformulá-las segundo os padrões técnicos e estéticos vigentes nas modernas congêneres européias. Fez questão de imprimir sua marca nas cidades, apagando os vestígios materiais mais evidentes que denunciavam aspectos vistos como indesejáveis do passado colonial e imperial. Em seu projeto de europeização radical, tentou até mesmo reformar os costumes tradicionais das populações urbanas, ajustando-os aos atualizados padrões de comportamento cosmopolita.

    Regularização do sistema viário

    No caso de São Paulo, foi a partir dos projetos de regularização do sistema viário existente no Centro, adotados para facilitar a circulação de um novo meio de transporte, o bonde elétrico, inaugurado em 1900, que o Poder Público desencadeou uma ação voltada para a criação de uma nova realidade urbana.

    À proporção que os trabalhos de retificação e alargamento viários iam sendo implementados nas ruas mais centrais da cidade – de acordo com projetos inicialmente elaborados pela Comissão de Melhoramentos Urbanos, em atividade entre 1896 e 1898 –, ia tomando forma uma paisagem urbana renovada, por cuja realização era responsável a iniciativa particular. As autoridades, porém, logo perceberam que não podiam deixar de se preocupar com a estética urbana. O Ato n.° 26, de 18 de outubro de 1898, por exemplo, proibiu o posteamento e a presença da rede aérea de força e luz elétrica nas ruas da Área Central. A Lei n.° 1.011, de 6 de julho de 1907, instituiu prêmios para as melhores fachadas e a Lei n.° 1.585, de 3 de setembro de 1912, passou a regular o aspecto externo dos edifícios em geral.

    Postos em prática pelo Prefeito Antônio Prado (1899-1911), os projetos de reorganização dos espaços públicos tiveram de dividir a atenção da administração municipal com, ao menos, duas outras obras de larga envergadura: o Teatro Municipal, de arrastada e dispendiosa construção, e o Viaduto de Santa Ifigênia, cuja falta já era sentida desde os últimos anos do Império - obras só inauguradas na administração do prefeito seguinte, Raimundo Duprat (1911-1914).

    Os primeiros planos urbanísticos

    Em 1910, o Engenheiro Vítor da Silva Freire, à testa da Diretoria de Obras Municipais, desenvolveu, com a colaboração de seu subordinado, Eugênio Guilhem, um plano especialmente voltado para o centro de São Paulo. Sem abrir mão dos vários projetos de alinhamento que estavam em execução nem da idéia de criação do Parque do Anhangabaú, de futuro ainda incerto, esses técnicos pretenderam com seu estudo ultrapassar o limitado alcance que caracterizava os projetos parciais desenvolvidos até aquele momento. Para tanto, propuseram medidas que tinham como meta solucionar os principais problemas de tráfego da Área Central, agora entendida como um todo: construção de um anel perimetral a envolver o Centro e melhoria da comunicabilidade dessa área com outras partes da cidade.

    Outro plano, também desenvolvido em 1910, mas de divulgação anterior ao da Prefeitura, pois apresentado ao Congresso Estadual em fins desse ano, enquanto o primeiro só foi encaminhado à Câmara Municipal em princípios do ano seguinte, foi o elaborado pelo Engenheiro Alexandre de Albuquerque, em atendimento a uma encomenda feita por um grupo de empresários paulistanos. O chamado projeto Grandes Avenidas visava abrir largas e extensas vias na parte oeste de São Paulo, com o objetivo básico de permitir que a expansão física da área comercial da cidade, encastelada em local de difícil acesso, no topo da colina histórica, se desse em várias direções, sobretudo em direção às estações ferroviárias então existentes (Luz e Sorocabana).

    Havendo a Câmara Municipal, naquela mesma época, solicitado ao Congresso Estadual a autorização de um auxílio pecuniário direto para a realização de novos melhoramentos no Centro, decidiu o Congresso, ao invés disso, permitir ao Governo do Estado mandar proceder a outros estudos para aquela parte da Capital - projeto desta feita encomendado ao escritório do Engenheiro Samuel das Neves, por intermédio da Secretaria de Agricultura. Esse plano caracterizou-se por conter uma flagrante discordância com o plano Freire-Guilhem da Prefeitura, num ponto considerado naquela altura politicamente muito delicado - a forma de ocupação a ser dada ao lado ímpar da Rua Líbero Badaró (voltado para a encosta do Vale do Anhangabaú). A solução sugerida por Neves revelava as pressões políticas exercidas pelo Conde de Prates, o maior proprietário de terrenos da região, e por isso causou viva inquietação entre os vereadores paulistanos, que viram na proposta divergente encampada pelo Governo do Estado uma indevida ingerência nos negócios municipais. Na tentativa de neutralizá-la, resolveu a Câmara autorizar a contratação de um eminente profissional estrangeiro para que, na qualidade de árbitro, se pronunciasse a respeito dos vários trabalhos em discussão.

    Urbanista de renome, o francês Joseph-Antoine Bouvard, de fato, pouco mais fez do que compatibilizar as várias propostas existentes. Muitas de suas recomendações de caráter geral, aliás, nem sequer haveriam de ser levadas em consideração. Mesmo assim, durante certo tempo, continuou aprovando diretamente de Paris os detalhamentos e as alterações que iam sendo introduzidas pela Diretoria de Obras Municipais em certos aspectos daquilo que ele mesmo via não como um projeto acabado, mas como uma mera “base de um programa de ação”.

    Dividido em três seções – alargamento da Rua Líbero Badaró e criação do Parque do Anhangabaú; novo Centro Cívico, depois alterado para a nova Praça da Sé, e criação do Parque da Várzea do Carmo, futuro D. Pedro II –, o projeto Bouvard, como ficou conhecido, começou a se tornar realidade a partir de 1911. Isso fez com que o ciclo de demolições em andamento recobrasse forças e se alastrasse por diferentes pontos da Capital, atingindo tal intensidade que sufocantes nuvens de poeira logo envolveram o Centro, tornando-se motivo de vários transtornos para a população. Essa frenética e imprevidente onda de demolições atingiria seu ápice em 1913, último ano da gestão Duprat, tendo esse fato coincidido com a deflagração de uma série crise financeira. De súbito, todas as obras municipais perdem impulso, e, com o agravamento da conjuntura mundial representado pela eclosão da Primeira Grande Guerra, algumas delas terão de aguardar muitos anos para serem retomadas. Diante desse quadro, não restou ao Prefeito Washington Luís (1914 -1919), sucessor de Duprat, senão desempenhar o incômodo papel de gerenciador da difícil situação.

    Em meados da década de 20, no entanto, já era possível apreciar a nova e orgulhosa São Paulo, com seus belos jardins públicos, largas avenidas e praças e vistosos edifícios, públicos e particulares. Ganhava, finalmente, a capital paulista um Centro à altura de sua condição de terceira cidade da América Latina. Alçado à condição de verdadeiro ícone de paulistanidade, estava o Centro pronto para ser devidamente admirado por todos os brasileiros e pelos visitantes estrangeiros, a cuja opinião era tão sensível então a classe dominante.

    A nova fisionomia da cidade, porém, não perdurou. Por mais equilibrado e coeso que se mostrasse o ambiente urbano do centro da cidade, era ele fruto da política desenvolvida por uma oligarquia que em breve seria apeada do poder. Ao longo dos anos seguintes, grandes transformações de natureza política, econômica, social e cultural começariam a desfazer, com rapidez, todo esse cenário cuidadosamente montado.

    O reverso da medalha

    Em geral, os pesquisadores só fazem menção ao lado positivo da metamorfose urbana então empreendida. Enaltecem os aspectos técnicos e estéticos exibidos pela São Paulo transformada, responsáveis por sua ascensão em tão pouco tempo à categoria de metrópole “civilizada” e se esquecem da face negra de todo esse processo de modernização, em que a injustiça social e o autoritarismo não deixaram de se fazer presentes.

    Com efeito, a Área Central absorvia quase todo o investimento do Poder Público, ao passo que o Brás, bairro operário por excelência, correspondente a um terço da área urbanizada da cidade, praticamente não recebia melhoramento algum. O Prefeito Antônio Prado chegou ao extremo de alegar infundadas razões técnicas para se negar a introduzir melhorias nessa parte da Capital, enquanto construções de luxo, como o Teatro Municipal, eram tidas como imprescindíveis, pois, na visão classista dos dirigentes, era através delas que as elites patenteavam, e alardeavam, sua comunhão com a cultura burguesa internacional.

    Embora as rendas municipais estivessem em constante crescimento, é evidente que uma década de gastos descontrolados teria necessariamente de conduzir a Prefeitura a uma situação financeira deveras preocupante. Afinal, as expropriações e as obras suntuárias progrediam graças aos sucessivos empréstimos obtidos no Exterior.

    Também o favoritismo e a corrupção se manifestaram de modo ostensivo, sobretudo durante a gestão de Raimundo Duprat. Durante sua administração, instalou-se uma verdadeira indústria de acordos - a Prefeitura, não contando com uma lei de desapropriação que lhe fosse favorável, evitava recorrer a ela -, fato timidamente denunciado na época pela imprensa e por alguns poucos vereadores. O prefeito, que tinha a maioria da Câmara a seu favor, e o próprio Governo do Estado, na parte que lhe tocou das expropriações, haviam instaurado uma generosa política de “negociações” com os proprietários influentes. Ao ceder à ganância desses personagens, o Poder Público só contribuía para elevar os preços dos imóveis da cidade a valores até então inimagináveis.

    Ao mesmo tempo, ia a população marginalizada ou de poucos recursos sendo varrida do Centro, sem o menor constrangimento. Vez por outra, na Câmara, debatia-se sobre a urgência da construção de casas populares, mas o liberalismo vigente na época impedia que algo de consistente fosse feito nesse sentido. Em 1914, pontificava com cinismo um vereador: “o pobre ou trabalha nas fábricas e, nesse caso, deve ter vila junto das fábricas, ou então é lavrador, e deve estar na zona rural”. Definitivamente, não havia espaço para os desfavorecidos dentro da área urbana da bela e rica metrópole em gestação.


    Maurílio José Ribeiro
    Seção Técnica de Logradouros

    Eudes Campos
    Seção Técnica de Estudos e Pesquisas



    Bibliografia
    • ANNAES da Camara Municipal de S. Paulo. São Paulo, Typ. D. Amicucci; Typ. H. Rossi; s.n. (período consultado :1906-1914)
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    • LEIS e actos do Municipio de São Paulo do anno de 1907. São Paulo: Graphica Paulista, 1935.
    • OS MELHORAMENTOS de S. Paulo. Revista de Engenharia. São Paulo, v.1, n.2, p.37-43, 10 jul. 1911.
    • RELATÓRIO de prefeito apresentado à Câmara Municipal de São Paulo. São Paulo, Vanorden & Co.(período consultado 1900-1920)
    • SÃO PAULO (cidade). Melhoramentos da Capital, 1911 - 1913. São Paulo: s.n., [1913].
    • SIMÕES Jr., José Geraldo. Anhangabaú: história e urbanismo. 1995. (Mestrado em Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, São Paulo.
    • ______. Melhoramento na área central de São Paulo. In: LEME, Maria Cristina da S.(coord.). Urbanismo no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAAUSP; FUPAM, 1999.

    Serviços: A Seção Técnica de Logradouros é responsável pela pesquisa e orientação aos interessados sobre nomes de logradouros paulistanos. A documentação está disponível para consulta através do atendimento ao público.
    Conheça também o site Dicionário de ruas (parceria AHMWL e Plamarc), onde através de um banco de dados é possível realizar pesquisas sobre denominações de logradouros paulistanos.


  • RESTAURO EM PAPEL

  • O estado de conservação dos documentos que constituem a Série Edificações Particulares


    A Série Edificações Particulares (1870-1921) é constituída por textos manuscritos, croquis ou desenhos arquitetônicos originais e cópias blueprint (cópias heliográficas em que o fundo é de cor azul e as linhas do desenho são brancas), todos em suporte de papel.

    Os diversos documentos estão distribuídos entre 429 volumes encadernados, 973 caixas-arquivo e mapotecas. Foram reunidos, organizados e acondicionados em diferentes épocas, de acordo com os preceitos de conservação e as condições materiais vigentes no momento.

    Os primeiros 16 volumes foram encadernados na década de 1980 por Zelina Castelo Branco e reúnem documentos, antes dispersos, produzidos entre 1870 e 1909. Os demais volumes (17 a 429) foram encadernados na Gráfica do Departamento de Cultura em 1940 e ilustram a excelência do trabalho aí realizado. Foi o suporte que melhor conservou os documentos. O acondicionamento em caixas-arquivo e em mapotecas é recente e encontra-se em fase de reorganização.

    O período de abrangência desta Série (1870-1921) coincide com o período no qual ocorreram as mais significativas transformações no processo de fabricação do papel, com repercussão direta sobre a sua estabilidade e, conseqüentemente, sobre o seu atual estado de conservação (ou estágio de degradação).

    Até meados do século XIX, o papel era produzido com as fibras obtidas através do processamento artesanal de trapos (linho, algodão e cânhamo). Era resistente, poroso, pouco denso e extremamente refratário ao envelhecimento natural.

    A partir de 1850, em virtude do aumento da demanda pelo produto, ao alto custo da produção e à escassez de trapos na Europa, o papel passou a ser fabricado a partir de cavacos de madeira (pinho e eucalipto), cujas fibras são curtas, pouco resistentes e ácidas (em razão dos componentes naturais, sobretudo da lignina). O processo de obtenção da polpa, a encolagem e o branqueamento demandavam ainda a adição de agentes químicos responsáveis pela pouca estabilidade e pelo acelerado processo de autodegradação do produto.

    No início da Série em questão, como suporte dos documentos ainda encontramos papéis mistos (produzidos com fibras de trapos e madeira), resistentes e bem conservados. São plantas e croquis feitos sobre papéis de linho ou de algodão e manuscritos sobre o papel italiano Alamasso, que legou as suas características ao almaço que conhecemos hoje. Com eles conviveram os papéis de polpa de madeira, que nos anos subseqüentes se tornariam o suporte da quase totalidade dos documentos. Passaram a predominar então os papéis almaço, manteiga, vegetal e o utilizado nas cópias blueprint. O emprego destas últimas a partir de 1893 foi gradativamente substituindo e prevalecendo sobre os demais suportes.

    A partir de 1910, e sobretudo durante a Primeira Guerra, houve uma queda acentuada na qualidade dos papéis. A quase totalidade dos documentos produzidos no período encontra-se com o suporte em acentuado processo de degradação: estão escuros, quebradiços, secos, manchados e com as fibras rompidas (com a curiosa exceção das plantas produzidas nos escritórios de arquitetura de Ramos de Azevedo e de Dubugras).

    Além dos danos provocados pelas causas endógenas apontadas, os documentos que integram a Série Edificações Particulares apresentam outros, provocados por causas exógenas: ataques de insetos e de microorganismos (fungos) desenvolvidos em ambientes úmidos; escurecimento provocado pela excessiva exposição à luz; rasgos causados por vincos e manuseio inadequado; sujeiras com diversas origens, inclusive as mais obscuras.

    Todos os recursos empregados na restauração e na conservação da integridade física dos suportes contribuirão, como já o fizeram, para prolongar a vida dos documentos, mas não para reverter ou estancar o seu processo de degradação. Este é irreversível. Para todos!
    Cabe ao Arquivo Histórico Municipal buscar os meios necessários para preservar e divulgar as informações contidas na Série, reproduzindo-as em suportes mais duráveis e de fácil acesso.


    Maria Isabel Garcia
    Seção de Restauração e Encadernação

    Colaboração:
    Ruthe Helena Camargo Ferreira, Sonia, Zínia Carvalho




  • BIBLIOTECA

  • DESTAQUE DO ACERVO:
    Transformação urbana e arquitetura em São Paulo no início do século XX

    • AMERICANO, Jorge. São Paulo naquele tempo (1895-1915). São Paulo: Saraiva, 1957. 497 p.
    • AZEVEDO, Aroldo (Org.). A cidade de São Paulo: estudos de geografia urbana. São Paulo: Nacional, 1958. 4 v.
    • BACELLI, Roney. Jardim América. São Paulo: SMC, 1982. 133 p.
    • BARBUY, Heloisa. A cidade-exposição: comércio e cosmopolitismo em São Paulo, 1860-1914. São Paulo: Edusp, 2006. 304 p.
    • BORGES, Eduardo Fares. São Paulo e a origem dos arranhas-céus. São Paulo: RG Editores, 1999. 143 p.
    • BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Teatro Municipal de São Paulo: grandes momentos. São Paulo: DBA, 1993. 11l p.
    • CAMPOS, Cândido Malta. Os rumos da cidade: urbanismo e modernização em São Paulo. São Paulo: Senac, 2000. 660 p.
    • CARAM, André Luis Balsante. Pujol: concreto e arte. São Paulo: Banco do Brasil, 2001. 199 p.
    • CAVALCANTI, Pedro. São Paulo: a construção da cidade. São Paulo: DBA, 1999. 115 p.
    • A CIDADE iluminada: tecnologia e política a serviço da light no início do século. São Paulo: Eletropaulo, 1989. 68 p.
    • COSTA, Luiz Augusto Maia. O ideário urbano paulista na virada do século: o engenheiro Theodoro Sampaio e as questões territoriais e urbanas modernas (1886-1903). São Carlos: Rima, 2003. 343 p.
    • ESCOLA Politécnica 100 anos. São Paulo: Expressão e Cultura, 1993. 142 p.
    • EVOLUÇÃO urbana da cidade de São Paulo: estruturação de uma cidade industrial: 1872-1945. São Paulo: Eletropaulo; SMC, 1990. 209 p.
    • EXPOSIÇÃO Vila Penteado. São Paulo: USP/FAU, 1976. 135 p.
    • FABRIS, Annateresa (Org.). Ecletismo na arquitetura brasileira. São Paulo: Nobel, 1987. 296 p.
    • FERREIRA, Miguel Ângelo Barros. O nobre e antigo bairro da Sé. São Paulo: Secretaria da Educação e Cultura, 1971. 158 p. (Série História dos Bairros de São Paulo).
    • FICHER, Sylvia. Os arquitetos da Poli: ensino e profissão em São Paulo. São Paulo: Edusp, 2005. 400 p.
    • GODINHO, Margarida Cintra. Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo: missão excelência. São Paulo: Marca d’Água, 2000. 113 p.
    • GROSTEIN, Marta Dora. A cidade clandestina: ritos e mitos. 1987. 617 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – FAU/USP, São Paulo.
    • GUIMARÃES, Laís de Barros Monteiro. Luz. São Paulo: SMC, 1977. 118 p. (Série História dos Bairros de São Paulo).
    • HOMEM, Maria Cecília Naclério. Higienópolis. São Paulo: DPH, 1980. 231 p.
    • ______. O prédio Martinelli: a ascensão do imigrante e a verticalização de São Paulo. São Paulo: Projeto, 1984. 175 p.
    • LANGENBUCH, Juergen Richard. A estruturação da grande São Paulo. Rio de Janeiro: IBGE, 1971. 354 p.
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    • RELATÓRIO DE PREFEITO apresentado à Câmara Municipal de São Paulo. São Paulo: Vanorden & Cia. (período de1900 a 1921).
    • REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL. São Paulo: DPH, 1934- .
    • ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo. São Paulo: Studio Nobel, 2003.
    • SAIA, Luiz. Morada paulista. São Paulo: Perspectiva, 1972. 311 p.
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    • SIMÕES Junior, José Geraldo. Anhangabaú: história e urbanismo. São Paulo: Senac; Imesp, 2004. 192p.
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    • SOUZA, Edgard Egydio de. História da Light: primeiros 50 anos. 2. ed. São Paulo: Eletropaulo, 1989. 217 p.
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    CD'S, LIVROS E TESES RECEBIDOS

    • ALDEIAS Guarani Mbya na cidade de São Paulo. São Paulo: Studio RG; Associação Guarani Tenonde Porã, 2006. 79 p.
    • LEFÈVRE, José Eduardo de Assis. De beco a avenida. A história da rua São Luiz. São Paulo: Edusp, 2006. 310 p.
    • PIONEIRISMO nos céus: a história da Divisão de Aeronáutica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (1934-1957). São Paulo: Narrativa Um, 2006. 117 p.
    • SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Áreas especialmente protegidas. São Paulo: SMA/CPLEA, 2006.
    • SENAC 60 anos. São Paulo: Senac, 2006. 269 p.
    • SENDACZ, José Aron. Um homem do mundo. São Paulo, 2005. 174 p.

    PERIÓDICOS RECEBIDOS

    • ANAIS DO MUSEU PAULISTA: História e cultura material. São Paulo: Museu Paulista, v. 14, n. 1, jan./jun. 2006.
    • BOLETIM DO INSTITUTO DE SAÚDE. São Paulo: Instituto de Saúde, n. 38, abr. 2006.
    • BOLETIM INFORMATIVO AHJB. São Paulo: Arquivo Histórico Judaico Brasileiro, n. 36, nov. 2006.
    • ESTUDOS. Goiânia: UCG, v.33, n. 1/2, jan./fev. 2006.
    • FRAGMENTOS DE CULTURA. Goiânia: UCG, v. 16, n.1/2, jan./fev. 2006.
    • ______. Goiânia: UCG, v. 16, n.3/4, mar./abr. 2006.
    • HABITUS. Goiânia: UCG, v. 3, n. 1, jan./jun. 2005.
    • HISTÓRIA, CIÊNCIAS, SAÚDE: Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, out./dez. 2006.
    • MARTIUS-STADEN-JAHRBUCH. São Paulo: Instituto Martius-Staden, n. 53, 2006.
    • MONUMENTOS. Lisboa: Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, n. 25, set. 2006.
    • PROBLEMAS BRASILEIROS. São Paulo: SESC, n. 379, jan./fev. 2007.
    • REVISTA DA ASBRAP. São Paulo: ASBRAP, n. 12, 2006.
    • REVISTA DO ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, n. 2, jul./dez. 2006.
    • REVISTA E. São Paulo: SESC, n. 6, dez. 2006.
    • ______ . São Paulo: SESC, n. 7, jan. 2007.
    • ______. São Paulo: SESC, n. 8, fev. 2007.
    • REVISTA UNICSUL. São Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul, n. 13, jun. 2006.




  • EDUCATIVO
        (Serviço)

  • Conhecendo o patrimônio da cidade

    É possível investigar aspectos das mudanças ocorridas na cidade (do ponto de vista histórico, social, econômico, urbanístico, arquitetônico, etc.), utilizando a metodologia empregada na Educação Patrimonial.

    De acordo com Maria de Lourdes Parreiras Horta,
      a educação patrimonial é um instrumento de ‘alfabetização cultural’ que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido.
    Partindo desta premissa, é possível desenvolver um trabalho que tenha como objetivo propiciar ao aluno conhecer o seu meio ambiente histórico – espaço criado e transformado pela atividade humana, ao longo da história; espaço permanentemente mutável, tanto agora quanto no futuro. De fato, observando e estudando as características do centro histórico da cidade de São Paulo, pode-se identificar as sucessivas transformações por que passou e vem passando a megalópole de nossos dias.

    Na verdade, não só o centro histórico da cidade, mas também o bairro, o local onde se situa a igreja, a escola, ou o espaço da rua onde mora o indivíduo podem, e devem, ser usados na exploração dos conceitos de identidade, diversidade cultural, cidadania e preservação. Conhecer e se identificar (ou seja, envolver-se afetivamente) com o que está próximo desperta as noções de pertencimento à cidade e, consequentemente, de valorização do patrimônio cultural.

    Declara a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 no seu art.216:
      Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
      I - as formas de expressão;
      II - os modos de criar, fazer e viver;
      III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
      IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
      V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico;
    A seguir, transcrevemos o conceito de Educação Patrimonial, segundo Maria de Lourdes Horta:
      Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. Isto significa tomar os objetos e expressões do Patrimônio Cultural como ponto de partida para a atividade pedagógica, observando-os, questionando-os e explorando todos os seus aspectos, que podem ser traduzidos em conceitos e conhecimentos. A metodologia proposta para as atividades de Educação Patrimonial se estrutura sobre cinco etapas ...

      As etapas propostas, os recursos, atividades e objetivos visados podem ser resumidos no quadro abaixo, e podem ser enriquecidas e inovadas pelo professor:

    Etapas Recursos/Atividades Objetivos
    1-Observação Exercícios de percepção/sensorial, por meio de perguntas, manipulação de objetos, medição, anotações, dedução, comparação, jogos de detetive, etc Identificação do objeto: função/significado; desenvolvimento da percepção visual e simbólica
    2-Registro Desenhos, descrição verbal ou escrita, gráficos, fotografias, maquetes, mapas e plantas baixas, modelagem, etc Fixação do conhecimento percebido, aprofundamento da análise crítica; desenvolvimento da memória, pensamento lógico, intuitivo e operacional
    3-Exploração Análise do problema, levantamento de hipóteses, discussão questionamento, avaliação pesquisa em outras fontes como bibliotecas, arquivos, cartórios, documentos familiares, jornais, revistas, entrevistas, etc Desenvolvimento das capacidades de análise e julgamento crítico, interpretação das evidências e significados
    4-Apropriação Recriação, releitura, dramatização, interpretação em diferentes meios de expressão, como a pintura, escultura, drama, dança, música, poesia, texto, filme e vídeo, exposição em classe Envolvimento afetivo, internalização, desenvolvimento da capacidade de auto-expressão, apropriação, participação criativa, valorização do bem cultural

    Diante do exposto, sugerimos aos educadores as atividades abaixo, que devem ser adaptadas à faixa etária e ao potencial dos alunos, iniciando-os na pesquisa por meio de fotografias, documentos cartográficos e escritos, plantas de edificações e registro da memória oral. As atividades apresentadas possibilitam ao jovem conhecer a região onde mora, respeitar a diversidade cultural aí existente, reconhecer e proteger o patrimônio cultural, desenvolvendo atitudes de cidadania.

    Conhecendo a história da família

    O aluno fará um trabalho de registro de sua história pessoal através dos depoimentos de pais e avós. Reconstituirá sua árvore genealógica e para tanto pesquisará documentos pessoais dos familiares, tais como, o registro de nascimento e de casamento de pais e avós; certidões de óbito, carteiras de trabalho, etc. Investigará o local de nascimento dos ascendentes, e reconstituirá o tipo de vida que levavam na época de seu nascimento.

    Conhecendo a rua onde mora

    O aluno entrevistará os antigos moradores da rua e, se for o caso, seus próprios pais e avós, para saber como era a rua no tempo em que eles eram jovens. Como eram as construções daquele tempo, que tipo de atividades se desenvolviam no espaço urbano, como era a convivência com os vizinhos, etc.

    Conhecendo seu bairro

    O aluno descreverá o percurso de casa para a escola, destacando os principais edifícios públicos (bibliotecas, igrejas etc.), as praças, os edifícios comerciais mais importantes, as construções mais curiosas, etc. Pesquisará sobre o que já foi publicado acerca do bairro em jornais, revistas, livros e internet. Trabalhará com fotografias da comunidade e fará uma exposição na escola.

    Recorrerá também às informações da Seção de Denominação de Logradouros Públicos do Arquivo Histórico Municipal disponíveis no site www.dicionarioderuas.com.br, onde encontrará interessantes dados sobre ruas, praças, avenidas e viadutos localizados no município de São Paulo.

    Conhecendo sua cidade

    Antes de ir a campo sugerimos fazer um levantamento do roteiro a ser realizado. Deve-se obter dados sobre a história da cidade a ser visitada, sobre a existência de mapas turísticos e de folhetos, etc.

    Se a visita for a uma instituição, deve-se estar informado sobre quais os dias e horários de funcionamento, se existe acompanhamento de monitor, etc.

    Se a visita for a algum centro histórico, pode-se trabalhar, em sala de aula, com mapas e fotografias antigos e modernos, antes e depois da visita. Por meio da leitura de depoimentos de cronistas e viajantes, por exemplo, pode-se identificar as transformações urbanas ocorridas e levantar hipóteses sobre as causas dessas transformações.

    Abaixo, sugerimos alguns sites com dados, mapas e fotos referentes à cidade de São Paulo: Para saber mais sobre educação patrimonial

    DUARTE, Ana. Educação Patrimonial; guia para professores, educadores e monitores de museus e tempos livres. Lisboa: Texto Editora, 1994.

    HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999.

    MACHADO, Maria Beatriz Pinheiro. Educação Patrimonial; orientações para professores do ensino fundamental e médio. Caxias do Sul: Maneco Livr&Ed, 2004.


    Silvana Regina Giglio de Almeida
    Silvana Gomes Giovanetti
    Arzelinda Maria Lopes



    Para agendar visitas monitoradas, utilize o e-mail:
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  • CCAD

  • CCAD - Comissão Central de Avaliação de Documentos

    A CCAD – Comissão Central de Avaliação de Documentos tem por objetivo geral a instituição de uma política de gestão de documentos no âmbito da administração pública municipal, com vistas à avaliação, seleção e preservação de seu patrimônio documental. Seu trabalho é desenvolvido em conjunto com as CSAs – Comissões Setoriais de Avaliação, de cada secretaria, autarquia ou empresa mista da Prefeitura da Cidade de São Paulo.

    À CCAD compete, entre outras atividades, orientar e coordenar os trabalhos desenvolvidos pelas Comissões Setoriais de Avaliação-CSAs, nos processos de levantamento e avaliação dos documentos produzidos e acumulados em suas unidades, além de avaliar, adequar e aprovar as propostas de Tabelas de Temporalidade elaboradas pelas CSAs.


    CCAD: atividades no período - janeiro a fevereiro

    Sem atividades

    Fátima Pessoa Colacite de Oliveira




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    Serviços: Visita Monitorada - O Edifício Ramos de Azevedo, projetado pelo escritório técnico de Ramos de Azevedo, foi inaugurado em 17 de abril de 1920 para receber os cursos de eletrotécnica e mecânica da Escola Politécnica. A partir de dezembro de 1999 tornou-se sede do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.



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    Liliane Schrank Lehmann
    Divisão do Arquivo Histórico Municipal "Washington Luís"