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PMSP/SMC/DPH
São Paulo, janeiro/fevereiro de 2007
Ano 2 N.10


Edição temática


























Números anteriores:
01-09 (2005 / 2006)

Alimentação em São Paulo

Esta edição do Informativo AHMWL é dedicada ao tema da alimentação na cidade de São Paulo, sempre tomando como ponto de partida documentos do acervo e serviços prestados pela instituição. O assunto é certamente uma oportunidade para revelar o potencial documental dos fundos custodiados.

2007 marca o início da comemoração do Centenário do Arquivo Histórico Municipal. A data toma como referência o decreto que cria o primeiro setor dedicado a essa função no Executivo paulistano. O ano se inicia ainda com o Edifício sede da instituição em fase de obras relativas a diversos projetos de reforma e restauro que permitirão não só uma adequada condição de conservação de um edifício histórico como a expansão de áreas de guarda e trabalho técnico.

Assim mais uma vez: bom Ano Novo.

Primeiro Centenário AHMWL

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  • BIBLIOTECA

  • DESTAQUE DO ACERVO: Alimentação
    • ACTAS DA CAMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. São Paulo: Archivo Municipal de S. Paulo; Departamento de Cultura, 1914-1951.
    • ALMEIDA, Aluísio. Vida cotidiana da Capitania de São Paulo (1722-1822). In: MOURA, Carlos Eugênio Marcondes. (Org.). Vida cotidiana em São Paulo no século XIX: memórias, depoimentos, evocações. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998. p. 3-67.
    • AMARAL, F. Pompêo do. A alimentação da população Paulistana. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. 90, p. 55-87, 1943.
    • AMERICANO, Jorge. São Paulo naquele tempo (1895-1915). São Paulo: Saraiva, 1957. 497 p.
    • ______. São Paulo nesse tempo (1915-1935). São Paulo: Melhoramentos, 1962. 423 p.
    • AZEVEDO, Aroldo de. (Org.) A cidade de São Paulo: estudos de geografia urbana. São Paulo: Nacional, 1958. 4 v.
    • BARROS, Maria Paes de. No tempo de Dantes. In: MOURA, Carlos Eugênio Marcondes. (Org.). Vida cotidiana em São Paulo no século XIX: memórias, depoimentos, evocações. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998. p. 79-139.
    • BOLAFFI, Gabriel. 450 anos de comida em São Paulo. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. 203, p. 119-132. 2004.
    • BRUNO, Ernani Silva. Histórias e tradições da cidade de São Paulo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1953. 3 v.
    • BUENO, Francisco de Assis Vieira. A cidade de São Paulo – recordações evocadas de memória. In: MOURA, Carlos Eugênio Marcondes. (Org.). Vida cotidiana em São Paulo no século XIX: memórias, depoimentos, evocações. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998. p. 149-170.
    • CASCUDO, Luis da Camara. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Nacional, 1977. v. 1.
    • COLEÇÃO RELATÓRIO DE PREFEITO. São Paulo.
    • DAMANTE, Helio. São Paulo. Rio de Janeiro: Funarte, 1980. 65 p.
    • DEAECTO, Marisa Midori. Comércio e vida urbana na cidade de São Paulo (1889-1930). São Paulo: Senac, 2002. 235 p.
    • FERNANDES, Caloca. A culinária paulista tradicional nos hotéis do Senac São Paulo. São Paulo: Senac, 1998. 131 p.
    • GUIMARÃES, Olmária. O papel das feiras-livres no abastecimento da cidade de São Paulo. São Paulo: Departamento de Geografia/USP, 1968. 96 p.
    • LAGO, Pedro Correa do. Iconografia paulistana do século XIX. São Paulo: Metalivros, 1998. 184 p.
    • LEMOS, Carlos A. C. Cozinhas, etc.: um estudo sobre as zonas de serviço da casa paulista. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1978. 223 p.
    • LENHARO, Alcir. As tropas da moderação: o abastecimento da corte na formação política do Brasil: 1808-1842. 2. ed. Rio de Janeiro: Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes, 1993. 136 p.
    • MENEZES, Maria Eugênia de. Mercadão: o novo e o velho mercado de São Paulo. São Paulo: Formarte, 2004. 89 p.
    • MENEZES, Raimundo. São Paulo dos nossos avós. São Paulo: Saraiva, 1969. 168 p.
    • MILLIET, Sergio. Roteiro do café e outros ensaios. 3. ed. rev. e aum. São Paulo: Departamento de Cultura, 1941. 211 p.
    • MUSEU DA CASA BRASILEIRA. Equipamentos, usos e costumes da casa brasileira: alimentação: fichário Ernani Silva Bruno. São Paulo: MCB, 2000. v. 1.
    • NOGUEIRA, Almeida. Tradições e reminiscências: estudantes, estudantões , estudantadas. São Paulo: Arcadas, 1955. 4 v.
    • PADRÃO de vida dos operários da cidade de São Paulo. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. 13, p. 113-166, 1935.
    • PELLEGRINI FILHO, Américo. Folclore Paulista. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1985. 240 p.
    • PESSOAS e comércio no Centro de São Paulo. São Paulo: CEF, 1998. 40 p.
    • PIERSON, Donald. Hábitos alimentares em São Paulo. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. 98, p. 45-79, 1944.
    • PONTES, José Alfredo Vidigal. São Paulo de Piratininga: de pouso de tropas a metrópole. São Paulo: OESP; Terceiro Nome, 2003. 256 p.
    • PORTA, Paula (Org.). História da cidade de São Paulo. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 3 v.
    • RAFFARD, Henrique. Alguns dias na paulicéia. São Paulo: Academia Paulista de Letras, 1977. 109 p.
    • SAFADY, Jamil. O café e o mascate. São Paulo: Safady, 1972. 122 p.
    • SANT’ANNA, Nuto. Metrópole. São Paulo: Departamento de Cultura. V. 2.
    • ______. São Paulo histórico: aspectos, lendas e costumes. São Paulo: Departamento de Cultura, 1937-1944. 6 v.
    • SÃO PAULO. São Paulo: Prefeitura Municipal, [ca.1997]. 70 p.
    • SÃO PAULO metrópole em trânsito: percursos urbanos e culturais. São Paulo: Senac, 2004. 263 p.
    • SÃO PAULO 450 anos: cadernos de fotografias brasileiras. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2004. 491 p.
    • SEABRA, Manoel. Abastecimento da cidade de São Paulo em gêneros alimentícios: plano de coleta para a pesquisa. São Paulo: Instituto de Geografia/USP, 1966. 25 p.
    • SILVA, Jacintho. Cidade de S. Paulo: guia illustrado do viajante. São Paulo: Monteiro Lobato, 1924. 358 p.
    • SOUSA, Everardo Valim P. de. A Paulicéia há 60 anos. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. 202, p. 117-126, 2004.
    • SOUSA, Pedro Luís Pereira de. Casa Barão de Iguape. São Paulo: [s.n.], 1959. 181 p.
    • SOUZA, G. H. de Paula; CINTRA, A. de Ulhôa; CARVALHO, Pedro Egydio de. Inquérito sobre a alimentação popular em um bairro de São Paulo. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, v. 17, p. 121-181, 1935.
    • TAUNAY, Afonso d’ E. S. Paulo nos primeiros annos (1554-1601): ensaio de reconstituição social. Tours: E. Arrault, 1920. 216 p.
    • ______. São Paulo no século XVI: história da villa de Piratininga. Tours: E. Arrault, 1921. 252 p.
    • TERRA Paulista: a formação do Estado de São Paulo: seus habitantes e os usos da terra. São Paulo: Cenpec, 2004. 208 p.
    • ______ : modos de vida dos paulistas: identidades, famílias e espaços domésticos. São Paulo: Cenpec, 2004. 212 p.
    • ZALECKI, Gustavo. O problema da carne. Revista do Arquivo Municipal , São Paulo, v. 46, p. 257-324, 1938.

    CD'S, LIVROS E TESES RECEBIDOS

    • BRASIL+500: Mostra do redescobrimento. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo; Associação Brasil 500 Anos, 2000. 184 p.
    • BRASIL+500: Mostra do redescobrimento: programa ação educativa. São Paulo: Associação Brasil 500Anos; Sesc, 2000.
    • 5 mil anos de civilização chinesa: relíquias de Shaanxi e os guerreiros de Xi’an. São Paulo: BrasilConnects, 2003. 230 p.
    • A ESCRITA da memória. São Paulo: Instituto Cultural Banco Santos, 2004. 446 p.
    • GUIA Oficial da 25 de março e região. São Paulo: Editora 0n-line, 2006. 290 p.
    • IMAGEM e identidade: um olhar sobre a história. São Paulo: Instituto Cultural Banco Santos, 2002. 96 p.
    • KARNAL, Leandro; FREITAS NETO, José Alves de. (Orgs.). A escrita da memória: interpretações e análises documentais. São Paulo: Instituto Cultural Banco Santos, 2004. 411 p.
    • LEITURAS cartográficas: histórias e contemporâneas. São Paulo: BrasilConnects, 2003. 87 p.
    • PLANO de classificação e tabela de temporalidade de documentos da administração pública do estado de São Paulo: atividades-meio. São Paulo: Arquivo do Estado, 2005. 216 p.
    • OS TESOUROS da cidade proibida: símbolos da autoridade imperial. São Paulo: BrasilConnects, 2003. 230 p.

    PERIÓDICOS RECEBIDOS

    • PENSAMENTO & REALIDADE. São Paulo: Faculdade São Luís, n. 19, nov. 2006.
    • PROBLEMAS BRASILEIROS. São Paulo: SESC, n. 378, nov./dez.2006.




  • ESTUDOS & PESQUISAS

  • MERCADOS PÚBLICOS DA SÃO PAULO OITOCENTISTA


    Em 1806, a Câmara Municipal de São Paulo, no intuito de melhorar o abastecimento da população da cidade e aumentar as rendas municipais, mandou construir um rústico mercado, formado de um correr de 13 quartos geminados, erguidos no início da estrada que seguia para a Penha, à esquerda de quem descia a Ladeira do Carmo (Avenida Rangel Pestana). As mercadorias aí vendidas consistiam em panos de toucinho, banhas, farinhas de milho e de mandioca, feijão, canjica, açúcar, etc., e nos fundos dos quartinhos havia chiqueiros, onde os arrematadores podiam recolher porcos e capados. Todos esses víveres constituíam, afinal, a base do modesto passadio paulistano da época, sendo considerado o prato de feijões cozidos com toucinho uma iguaria tipicamente regional.

    As Casinhas da baixada do Buracão do Carmo, como eram chamadas, não eram, no entanto, as únicas construções usadas como mercado municipal; existiam seis outras, mais antigas, localizadas na Rua da Casinhas (Rua do Tesouro), vistas e descritas em 1819 pelo botânico francês August de Saint-Hilaire. Construídas inicialmente em 1773, e reconstruídas em 1797, apresentavam um aspecto repulsivo aos estrangeiros, com o toucinho, os cereais, a carne, tudo jogado e misturado pelo chão, sem limpeza e nem nenhuma ordem.

    Ladeira do Carmo - 1862
    Ladeira do Carmo. À esquerda, ao fundo,
    observa-se o correr das Casinhas.
    Foto de Militão Augusto de Azevedo, c.1862.
    Acervo: DIM/DPH/SMC

    O paulistano Francisco de Assis Vieira Bueno, recordando os dias de meninice passados nos anos de 1820, citava o fato de não existir mercado algum na cidade de seu tempo. Só as carregações de toicinho e de carne de porco é que iam sempre para as Casinhas. No caso, sem dúvida, as Casinhas da futura Rua do Tesouro. Os caipiras que traziam dos arredores – e até de Atibaia, Nazaré Paulista e Jaguari (Bragança Paulista) –, os mantimentos para serem comercializados na cidade, quedavam nessa rua, à noite, a cantar ingênuas modinhas, fazendo-se acompanhar do som plangente das violas e atraindo a atenção das pobres prostitutas locais.

    Após a Independência, com a promulgação da Lei do Regimento das Câmaras Municipais, em 1828, passou a ser encargo dessas corporações a construção de mercados públicos, entre outros melhoramentos urbanos. Viu-se então a Câmara paulistana obrigada a providenciar a construção de um mercado adequado, sendo escolhido como local da nova edificação o Buracão do Carmo, terreno erodido por causa de um cano de despejo proveniente do Convento de Santa Teresa. O cano evacuava águas servidas na Rua do Carmo (Roberto Simonsen), nas proximidades da ladeira desse nome (Avenida Rangel Pestana), num nível acima das Casinhas de 1806, que por isso tinham a estabilidade de suas estruturas constantemente ameaçada.

    Durante o período das Regências, as coisas não corriam muito bem para a cidade de São Paulo. Minguados eram os recursos municipais e mesquinha a mentalidade que preponderava entre os estratos dirigentes de então. Em 1836, a Câmara encomendou um risco de mercado provavelmente a algum mestre-de-obras. O desenho no entanto logo se extraviou, e a partir daí todas as etapas de construção foram resolvidas por escrito entre os vereadores, o prefeito (cargo de confiança da presidência da Província que durante certo tempo existiu na Câmara paulistana) e os trabalhadores da obra. Concluído em 1838, o barracão mostrou-se totalmente inadequado ao fim a que se destinava. Não restou à edilidade senão arrendá-lo para outras finalidades, ficando assim a cidade sem o seu desejado mercado municipal. Vinte anos depois a imagem dessa edificação seria captada pela objetiva de Militão Augusto de Azevedo, e embora tivesse sofrido alterações após o arrendamento a particulares, a aparência na foto confirmava ser o barracão uma pequena e tosca construção de taipa, de planta bastante singela.

    Rua do Carmo - 1862
    Pormenor da vista da Rua do Carmo.
    Foto de Militão Augusto de Azevedo, c.1862.
    À esquerda, na esquina da Ladeira do Carmo, vê-se o antigo
    Barracão do Carmo, construído entre 1836 e 1838
    para ser o primeiro mercado paulistano.
    Acervo: DIM/DPH/SMC

    A necessidade de um mercado municipal só retornaria às discussões em vereança muitos anos mais tarde, em 1859, quando já se cogitava construir a ferrovia que iria interligar o porto de Santos a Jundiaí. Ao dar seu parecer sobre a proposta de Francisco de Siqueira Queirós para a construção do mercado municipal, a Comissão Permanente da Câmara garantia:
      A praça do Mercado é uma obra de summa urgencia para esta Capital, e presentemente mais da que nunca, porquanto, tendendo a engrandecer-se sua população pelo facto da construcção da estrada de ferro, torna-se indispensavel um centro para a compra e venda de comestiveis, impedindo-se assim que o monopolio tire partido das primeiras necessidades do povo [...]
    Interrompidos logo no início os trabalhos de construção da praça do mercado, novo programa e edital foram apresentados em 1861. De autoria do vereador José Porfírio de Lima, arquiteto-medidor formado em Niterói, foi então executado um ”prospecto”, que serviria de base para o contrato a ser assinado com o empreiteiro de obras.

    O projeto desenvolvido por Porfírio, contudo, não foi aceito pelo governo provincial, por ter sido considerado seu orçamento muito acima do que permitiam os recursos financeiros municipais. Desse modo, o mercado só se concretizaria algum tempo depois, num terreno situado na várzea do Tamanduateí, que passara por recente processo de urbanização, com a retificação do rio e a abertura da Rua 25 de Março. Desenvolvida nova proposta em 1865, por um engenheiro inglês naturalizado chamado Newton Bennaton, a execução do novo equipamento municipal não deixou de apresentar problemas, causados em grande parte por conta da pouca importância que então se dava à confecção de planos detalhados. Bennaton forneceu um simples risco, incompleto, várias vezes modificado pelo empreiteiro Dr. José Maria de Andrade, que agia, porém, com o consentimento e a orientação do engenheiro Bennaton. Um dos vereadores, entretanto, discordou daquilo que entendeu ser uma ingerência indevida do autor na realização da obra municipal. Depois de vários percalços, a construção foi concluída em 1867 e uma comissão formada pelo engenheiro Carlos Rath, pelo autor do projeto, Newton Bennaton, e pelo engenheiro Vilalva, vistoriou-a com o objetivo de elaborar um relatório final. Os engenheiros aproveitaram a ocasião para dar uma lição à Câmara, defendendo uma idéia que naquela altura deve ter soado exótica aos ouvidos dos vereadores: a necessidade de ter toda e qualquer construção um acompanhamento técnico competente realizado por engenheiro:
      Bem poucos empreiteiros no mundo são engenheiros, e n’estas occasiões de diffículdades se elle não tem um profissional para o guiar e obrigal-o a proceder como deve, não obstante ter elle a melhor boa vontade possivel, muitas veses obra demaneira [sic] que reveste não só em seu proprio prejuiso como tambem em prejuiso da obra ou construcção que esta realizando.
    E concluíram:
      Eis a rasão porque em toda a parte calcula-se nos orçamentos pelo menos cinco por cento de administração ou direcção technica. Nem todos os empreiteiros possuem a mesma boa vontade de cumprir o que tratão e nem o caracter nobre do arrematante da Praça do Mercado, e é por isso ou por falta da necessaria direcção que muitas obras no Brasil ou sahem mal feitas ou não se acabão, julgando o Governo e as repartições e corporacões publicas inutil essa despesa de cinco por cento. Nunca houve maior engano, e o tempo mostrará que á muitas das obras no Brasil, o mesmo que tantas veses tem acontecido hade [sic] continuar a acontecer até haver aqui pessoas habilitadas para esse fim, em quem o Governo e as corporacões possão depositar inteira confiança.
    Ao que tudo indica, a aparência do Mercado Municipal não agradou à população paulistana; apesar de o empresário e o engenheiro autor do projeto terem-se esforçado por conferir um ar de modernidade à construção, edificando-a, sem duvida, com tijolos produzidos em máquinas a vapor da Olaria do Bom Retiro, que pertencia ao empresário Andrade, e ornando-a com elementos arquitetônicos postos em moda pelo Neoclassicismo que nos vinha da Corte.

    Consistia numa longa ala formada de quartos, provida de arcada com 35 aberturas em arco pleno. Externamente, pilastras subdividiam a fachada, enquanto o telhado ficava originalmente oculto atrás de uma platibanda sem enfeites. O amplo pátio fronteiro, de forma quadrangular, era circundado por muros providos de gradis de ferro, chumbados em grossos pilares de seção quadrada.

    A manutenção da praça do mercado foi, contudo, considerada muito custosa pela edilidade: havia freqüentes estragos provocados nos gradis pelas mulas dos caipiras, que teimavam em amarrá-las nos varões de ferro, e constante era a substituição de calhas, rufos e condutores de cobre, peças então de valor considerável. A solução encontrada pela Câmara para diminuir os gastos foi mandar eliminar as platibandas em 1874 e substituir os gradis metálicos por muros maciços de tijolos.

    Na década de 1870, com a Capital crescendo em função da ativação econômica motivada pelo funcionamento da estrada de ferro inglesa, cogitou a Câmara Municipal de São Paulo mandar construir um mercado de verduras. Isso nos faz supor que o consumo de vegetais ia em aumento naqueles anos, pois até então a mesa dos paulistanos era guarnecida com um número muito reduzido de hortaliças, sendo preferida entre elas a couve, acompanhamento clássico do prato de feijões cozidos com toucinho.

    Em 1873 a planta básica do novo mercado foi traçada, supomos, pelo engenheiro então a serviço da Câmara, o alemão Carlos Rath. Contaria o novo edifício com dois pisos e arcadas no térreo. Como a municipalidade continuava não dispondo de recursos suficientes, o presidente da Câmara recorreu a um amigo seu, o presidente da Província João Teodoro. Este se predispôs a ajudá-lo; mas sendo a construção de exclusivo interesse municipal, João Teodoro recorreu a um estratagema francamente indefensável: no final de janeiro de 1874, comunicou estar disposto a reunir num mesmo edifício o mercado de verduras municipal e algumas repartições provinciais. A edilidade paulistana aceitou prontamente a oferta estapafúrdia e, de acordo com a proposta feita, comprometeu-se a conceder de forma gratuita os terrenos municipais onde se ergueria grande parte do novo edifício. Com a resposta, remeteram-se as bases e a planta pelas quais havia assumido a Câmara a almejada construção, a fim de que por elas se fizesse o contrato a ser assinado pelas partes interessadas.

    A nova edificação seria erguida na Rua das Casinhas, ocupando os terrenos do antigo mercado colonial. Ao governo da Província caberia mandar reorganizar a planta do segundo pavimento do projeto municipal para adaptá-lo às instalações da Escola Normal e do Tesouro Provincial.

    É possível que dessas adaptações haja sido encarregado Antônio Bernardo Quartim, empreiteiro de obras públicas amigo e correligionário político de João Teodoro. Em um artigo de jornal intitulado O capitão Quartim ou o popular A.B.Q., em scena os dois advogados que haviam defendido a causa de D. Rita Bourroul contra a Província, dado o fato de a obra do mercado ter arruinado a casa dessa senhora, puseram de lado a compostura e sisudez profissional e ridicularizaram o empreiteiro, nomeando-o “supremo architecto das obras publicas da capital” e responsabilizando-o pela concepção do grande edifício provincial em construção, do qual segundo eles não havia planta alguma:
      É voz publica que o capitão delineou e executa o edifício em questão [edifício da escola normal, praça de verdura, ou o quer que é].

      Já se sabe - planta mental - mesmo porque isto de planta em risco:

      Não se admitte em jardim

      Que administra Quartim
      .
    Os dois autores desse texto provocativo respondiam ao capitão, que pelos jornais se dizia ofendido com as insinuações a respeito da má qualidade de suas obras. Nos versinhos aludiam eles também às construções que Quartim empreendia no Jardim da Luz, do qual era administrador.

    Apenas iniciada a construção do edifício do mercado de verduras e Escola Normal, começaram a chover críticas e ironias na Assembléia. Os deputados da oposição revezavam-se nos sarcasmos. Chegaram a apelidar o edificio do mercado de Barracão:
      o edificio conhecido com a designação de Mercado Novo, em via de construcção á esquina da antiga rua do Rosario, tem sido muito censurado. Realmente não é elegante, sem dúvida, é obra bronca pelo que apparece exteriormente. Tem sido apreciado na altura e projectada disposição interna.

      Quanto á altura, o sr. Presidente
      [da Assembléia] póde dizer como a quadrinha popular:
      “Quem casa na praça fez
      A muito se aventurou;
      Uns dizem que ficou baixa,
      Outros que de alta passou.” (Riso.)
    Pelas discussões ocorridas em torno do projeto de lei n.87, que os deputados oposicionistas apresentaram na sessão legislativa de 1875, temos conhecimento de que, na realidade, estavam eles tomados de inveja, tencionando apossar-se do grande edifício para transformá-lo na sede da Assembléia Provincial. Acabamos descobrindo também o porquê de a construção estar destituída de todo o valor arquitetônico aos olhos dos contemporâneos: ela simplesmente não possuía platibanda!

    O projeto de lei acima mencionado não foi aprovado porém. Em relatório apresentado à Assembléia Provincial no dia 27 de junho de 1875, o novo presidente da Província, Dr. Sebastião José Pereira, comunicou ter suspendido as obras do edifício. Faltava dinheiro e era necessário alterar-lhe o plano, pois não era sensato abrigar sob o mesmo teto repartições públicas e mercado.

    Na sessão extraordinária da Assembléia iniciada em junho de 1875 foi apresentado outro projeto autorizando o governo a modificar e concluir o edifício em questão. Um substitutivo que acabou transformado em lei (lei n.8 de 6 de julho de 1875) autorizou finalmente o governo provincial a mandar fazer os trabalhos mais urgentes, necessários à conclusão das obras começadas, podendo-se modificar os planos existentes, rescindir os contratos em vigor, etc.

    No relatório com que foi aberta a sessão legislativa de 1876 da Assembléia Provincial, Sebastião Pereira expôs a situação em que se encontravam as obras do mercado. Embora aparentando acreditar na probidade do empreiteiro Quartim, Pereira houve por bem conseguir da Assembléia autorização para reformar-lhe o contrato, assegurando desse modo os interesses do Governo. Além disso, indicou o engenheiro Trigo de Loureiro para fiscalizar o andamento das obras depois de – e aí está o mais importante – mandar reorganizar a planta do edifício. A nosso ver, a intervenção de Trigo de Loureiro não ficou limitada à parte interna da construção. É muito provável que tenha sido esse profissional o responsável por conferir ao “barracão” ou "palácio das verduras”, como era pejorativamente chamado pelos deputados, a dignidade arquitetônica de que até então estava desprovido aos olhos dos contemporâneos.

    Examinando cuidadosamente os dois únicos documentos iconográficos subsistentes do Palácio do Tesouro Provincial que fixaram sua aparência entre 1877 (uma foto do Largo do Mercadinho datada aproximadamente desse ano e um desenho de Jules Martin presente na planta da cidade dessa mesma data) e 1891, quando foi de novo totalmente reformado no seu aspecto externo, observamos que a organização das fachadas mostradas neles não poderia ter existido antes da intervenção de Trigo de Loureiro. Se foi ele o introdutor no edifício das desejadas platibandas, anteriormente inexistentes, só pode ter sido ele também quem criou o corpo avançado central coroado com frontão na fachada da Rua das Casinhas, doravante conhecida como Rua de Palácio, hoje Rua do Tesouro. As arcadas do térreo, por inúteis, foram tapadas e as janelas do pavimento superior ganharam arcos de sarapanel – um tipo de verga que gozou de algum favor a partir do segundo lustro dos anos de 1870; ainda no primeiro andar, pilastras coríntias, a sustentar o entablamento, reforçavam visualmente os ângulos do edifício e subdividiam ritmicamente os panos lisos das paredes. O resultado contudo não era muito convincente, havendo certa desproporção entre a altura do edifício e suas aberturas superiores situadas nas fachadas laterais, anos mais tarde também transformadas em janelas rasgadas.

    Largo do Mercadinho - 1877
    Vista do Largo do Mercadinho, hoje Praça Padre Manoel da Nóbrega, em foto provavelmente datada de 1877, de autor desconhecido.
    Ao fundo, à direita, na esquina da Rua da Imperatriz (Quinze de Novembro) com a Rua das Casinhas, depois do Palácio, nota-se a fachada lateral do Palácio do Tesouro Provincial (1874-1877), em fase de finalização. A arcada térrea do projetado mercado de verduras já fora entaipada e as platibandas, erguidas. Os vãos singelos do primeiro andar seriam mais tarde transformados em janelas de sacada, pois assim aparecem em foto de Militão datada de 1887.
    Acervo: DIM/DPH/SMC

    Apesar desses senões, o palácio, depois de remodelado, passou a impressionar muito favoravelmente os paulistanos, e a realização nele do baile de inauguração da ferrovia de São Paulo ao Rio de Janeiro em julho de 1877 é uma eloqüente prova disso.

    Com a decisão tomada por Sebastião Pereira para resolver o problema de um edifício de propriedade provincial que reunia sob o mesmo teto atividades totalmente incompatíveis – mercado de verduras e repartições públicas que exigiam um ambiente silencioso para seu funcionamento –, ficou a cidade de São Paulo novamente desprovida de seu desejado mercado. A solução para essa carência só viria anos mais tarde, com a construção do mercadinho de “ferro” da Rua São João.

    Mercado de Verduras - 1888-1890
    Mercado de verduras (1888 - 1890), sito na Rua de São João.
    Foto de Guilherme Gaensly; início do século XX.
    Fonte: TOLEDO, Benedito L. de. Anhangabahú. São Paulo: Fiesp, 1989.

    O ferro fundido – tido como o material construtivo típico da Primeira Revolução Industrial – e o aço, material incomparavelmente mais resistente e de fabricação industrial bem mais recente, quase não foram usados na cidade de São Paulo durante o período do Império. O ferro fundido limitou-se a ser empregado em umas poucas pontes sobre rios paulistanos, em um ou em outro avarandado complementando edifícios de recente construção, e em alguns elementos construtivos de chalés e quiosques do Jardim da Luz. Na verdade, não se via na cidade nenhuma obra arquitetônica de porte significativo que fosse inteiramente executada com peças metálicas, salvo o mercado de verduras da Rua de São João, que sob esse aspecto constituiu grande exceção à regra, embora só tenha sido inaugurado nos primeiros dias da República (junho de 1890).

    Contratado pela Câmara em 1888, o escritório Aurélio, Vilanova e Cia., representante do sistema Danly, optou, sem dúvida por uma questão de exigüidade do prazo de entrega da obra acabada, por encomendar um mercado pré-fabricado, de acordo com o mencionado sistema, à fabrica belga Forges d’Aiseau, conforme deduziu o professor e arquiteto Geraldo Gomes da Silva em sua pesquisa sobre a arquitetura do ferro no Brasil (Arquitetura de ferro no Brasil. São Paulo: Nobel, 1986). O edifício era inteiramente feito de chapas prensadas de aço, combinadas com perfis de seções pequenas. Com o propósito de amenizar a ofensiva rudeza funcionalista das construções metálicas, o sistema Danly moldava as chapas estruturais com a aparência de silhares renascentistas (pedras de cantaria) talhados em forma de diamantes. Afinal, a estética arquitetural oitocentista sempre recorria a referências historicistas, na tentativa de tornar suportável à sensibilidade da época, romântica, nostálgica e evasiva, as mais ousadas realizações da civilização capitalista moderna, como é o caso das estruturas utilitárias erguidas segundo avançadas técnicas industriais.

    Outro memorialista paulistano, chamado Jorge Americano, conheceu o mercadinho da São João nos últimos anos do século XIX (São Paulo naquele tempo, 1895-1915. São Paulo: Saraiva, 1957.) e assim o descreveu:
      [...] era quadrado, 50 metros por 50, uma entrada central em cada face.

      Havia frutas, cereais, legumes, verduras, lingüiças, frangos, tôda a pequena produção das chácaras dos arredores da cidade, e um setor de peixe, vindo de Santos. Nada de artigos que não fossem comestíveis, a não ser as cestinhas e peneiras tecidas com taquara e os potes e moringas de barro. Nos comestíveis, bacalhau sêco, mas não produtos enlatados.
    Calixto, Benedito.  Inundação da Várzea do Carmo
    Pormenor de vista panorâmica - óleo de autoria de Benedito Calixto - representando uma inundação da Várzea do Carmo.
    No detalhe, aspecto do Mercado Municipal em fins do século XIX.
    Acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo.
    LAGO, Pedro Corrêa do. Iconografia paulistana no século XIX.
    São Paulo: Metalivros, 1998.

    Como vimos acima, os velhos quartos da Rua das Casinhas foram derrubados em 1874 para dar lugar ao Palácio do Tesouro Provincial. Quanto às Casinhas da Ladeira do Carmo e ao Barracão do Carmo, acabaram vendidos pela municipalidade em 1882. O mercado da Rua 25 de Março, por sua vez, conhecido também como Mercado dos Caipiras, foi substituído por uma versão mais moderna a partir de 1907 (esta última preterida pelo atual Mercado Municipal da Rua da Cantareira no início da década de 1930). Finalmente, o mercadinho da São João desapareceu durante as transformações urbanas locais ocorridas em 1915, ao ser construída a Praça Verdi, atual Praça do Correio.


    Eudes Campos


    Bibliografia
    • ACTAS DA CAMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. São Paulo: Archivo Municipal de S.Paulo; Departamento de Cultura, 1914-1951.72v. (período consultado: 1874-1886, v.60-72)
    • ACTAS das sessões da Camara Municipal (Conselho de Intendencia) de São Paulo, 1890. São Paulo: Espindola & Comp., 1905.
    • [ACTAS das sessões da Camara Municipal de São Paulo, 1889. São Paulo: ?,19--]
    • BUENO, Francisco de A. Vieira. A cidade de São Paulo, recordações evocadas de memória. São Paulo: Academia Paulista de Letras, 1976.
    • CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império: aspectos da formação da cultura burguesa em São Paulo. 1997. 814 f. Tese (Doutorado em Arquitetura) – FAUUSP, São Paulo. 4v.
    • SANT’ANNA, Nuto. São Paulo Histórico. São Paulo: Departamento de Cultura, 1937. 6v. v.1.
    • SILVA, Geraldo G. Arquitetura de ferro no Brasil. São Paulo: Nobel, 1986.
    • TAUNAY, Affonso E. História da cidade de São Paulo no século XVIII (1765-1801). São Paulo: Divisão de Arquivo Histórico, 1949. v.2, partes 1 e 2.





  • LOGRADOUROS

  • A COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS E
    A DENOMINAÇÃO DE ANTIGOS LOGRADOUROS PAULISTANOS



    Como não podia deixar de ser, a comercialização de alimentos em São Paulo imprimiu sua marca, através da toponímia, em determinadas ruas e largos da cidade. Por exemplo, Rua da Quitanda ou Rua da Quitanda Velha era o nome usado no século XVIII para designar a posterior Rua do Comércio, atual Álvares Penteado. Com permissão da Câmara Municipal, nela se aboletavam as negras quitandeiras, escravas de ganho ou talvez forras, que em plena rua vendiam “miudezas, hortaliças, cereais, palmitos, frutas e demais produtos dos sítios e chácaras, que abasteciam a cidade provinciana”, conforme nos esclarece Nuto Santana, ilustre historiador e chefe da Seção de Documentação Histórica do Departamento de Cultura da PMSP na década de 1930.

    Em 1793, essas quitandeiras foram proibidas de trabalhar depois das Ave-Marias (seis horas da tarde), sob pena de perderem os gêneros que vendiam e de pegarem 30 dias de cadeia, de onde não sairiam sem pagar 6000 réis para as despesas da prisão.

    A quitanda mantida nessa rua provocava transtornos aos comerciantes aí estabelecidos. Em 1822, quando a via já se chamava do Comércio, negociantes de “fazenda seca” e moradores fizeram uma representação à Câmara sobre o dano que experimentavam com o enxame de moscas atraídas pelos produtos comercializados pelas quitandeiras, que se postavam às portas dos negociantes. Em atenção aos reclamantes, a municipalidade restringiu então o espaço por elas ocupado. Só poderiam postar-se dos dois lados da Rua do Comércio a partir da esquina da travessa que ia sair na Rua São Bento. Essa última via era então conhecida pelo nome de Rua do Cotovelo ou Travessa da Quitanda. Como a Rua da Quitanda teve alterado o seu nome para Rua do Comércio, a Rua do Cotovelo passou a se chamar Travessa da Quitanda ou Beco das Cachaças. Mais tarde se tornou Rua da Quitanda, que é o nome que até hoje conserva.

    Rua das Casinhas foi o nome que recebeu a via sem denominação que ia da Rua da Quitanda Velha (Álvares Penteado) ao Pátio do Colégio. Nela, em 1773, a Câmara decidiu erguer seis quartos encarreirados para arrendá-los como mercado público e assim aumentar as rendas municipais. Além de contribuir para o erário, o primeiro mercado municipal paulistano parece que veio pôr alguma ordem no comércio de gêneros alimentícios que se fazia em São Paulo, até então exclusivamente nas mãos das quitandeiras e dos ambulantes (índios sobretudo) que, provenientes dos arredores, vinham vender seus produtos na cidade, sem nenhuma fiscalização.

    No último terço do século XIX, o governo provincial pretendeu erguer um edifício para o mercado de verduras municipal na Rua das Casinhas, sendo para isso demolidos os velhos quartos setecentistas que tradicionalmente eram usados como mercado. A idéia não deu certo e o grande edifício em construção acabou reformado e ocupado, exclusivamente, com repartições provinciais. Mas os verdureiros que trabalhavam naquela rua, agora chamada do Palácio, ao que parece não arredaram pé do local. Continuaram a comercializar seus legumes e verduras nessa via pública, pois afinal o mercado de hortaliças municipal só entraria em funcionamento em 1890 na Rua São João. Em 1873, nas adjacências da Rua do Palácio, futura do Tesouro, o presidente da Província João Teodoro (1872-1875) mandara desapropriar algumas casas que ficavam na esquina da Rua Municipal (Rua General Carneiro) com Rua da Imperatriz (15 de Novembro). Disso resultou a abertura de um espaço contíguo ao Largo do Palácio (Pátio do Colégio) que acabou, durante um certo tempo, tomando o nome de Largo do Mercadinho, em razão da presença dos verdureiros teimosos que persistiram nas imediações. Depois, o largo se tornou do Tesouro e hoje esse espaço se chama Praça Padre Manoel da Nóbrega, em virtude da Lei n.4.596 de 3 de dezembro de 1954.


    Maurílio José Ribeiro
    Seção Técnica de Logradouros

    Eudes Campos
    Seção Técnica de Estudos e Pesquisas



    Bibliografia
    • Sant’Anna, Nuto. Metrópole. São Paulo: Departamento de Cultura, 1953. 3v. v.3.
    • ______. São Paulo Histórico. São Paulo: Departamento de Cultura, 1937. 6v. v.1.


    Documentação arquivística
    • SÃO PAULO (Cidade). AHMWL. Banco de dados da Seção de Denominação de Logradouros. (ficha referente à Praça Padre Manoel de Nóbrega).

    Serviços: A Seção Técnica de Logradouros é responsável pela pesquisa e orientação aos interessados sobre nomes de logradouros paulistanos. A documentação está disponível para consulta através do atendimento ao público.
    Conheça também o site Dicionário de ruas (parceria AHMWL e Plamarc), onde através de um banco de dados é possível realizar pesquisas sobre denominações de logradouros paulistanos.


  • EDUCATIVO
        (Serviço)

  • O DOCUMENTO TEXTUAL COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO

    O programa de Ação Educativa pretende ser um facilitador, principalmente entre professores e alunos do ensino fundamental e do ensino médio, no contato com as chamadas fontes primárias e assim favorecer a formação e o crescimento desse gênero de público no âmbito do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís.

    Ao resgatar o trabalho da ação educativa desenvolvido em 2003, destacamos aqui as propostas de uso dos documentos textuais inseridos nos kits pedagógicos distribuídos no workshop realizado naquele ano. Dentre os documentos então pesquisados (mas não usados na ocasião), selecionamos um relacionado com a temática do número atual do Informativo AHMWL – alimentação e abastecimento –, e baseadas nele comentaremos acerca das possíveis questões que deverão nortear o uso do documento textual como fonte de informação.

    No trabalho pedagógico com documentos, podemos usar diferentes tipos de fontes documentais, cada uma com suas especificidades e possibilidades de trabalho. No geral, é importante ter o cuidado de não encará-los como depositários de verdades indiscutíveis. Quem lida com documentos deve procurar dar-lhes significação, tentar reconstruir seus contextos originais, interrogá-los a partir de temas que estejam neles contidos. Esse trabalho depende da escolha de procedimentos que orientem a observação, a identificação e a interpretação de dados, procurando extrair o máximo de informações, tanto da forma quanto do conteúdo.

    O trabalho de orientação deve ser feito pelo professor, e envolve vários momentos diferentes que, associados, possibilitem uma apreensão histórica mais ampla. Por exemplo, é importante permitir que os alunos expressem inicialmente suas primeiras impressões, utilizando-se de seus conhecimentos e experiências.

    Em seguida, é importante orientá-los para que procurem obter informações a partir do documento, as quais só podem ser alcançadas quando ele é interrogado: fatos, conceitos, sentidos, etc. Outra possibilidade de trabalho – que dependerá da faixa etária dos alunos – deve envolver a realização de pesquisa de informações relacionadas com o documento – autoria, época, contexto –, mas provenientes de fontes independentes. E, para completar, deve-se incentivar a comparação dos eventos históricos relacionados com o documento estudado com eventos de outras épocas, estabelecendo também uma comparação com o presente.

    Abaixo reproduzimos as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que orientam as atividades didáticas com os alunos e propõem a observação de determinados procedimentos por parte do professor:
    • valorize inicialmente os saberes que os alunos já possuem sobre o tema abordado, criando momentos de trocas de informações e opiniões;
    • avalie essas informações, identificando quais poderiam enriquecer seus repertórios e suas reflexões ;
    • proponha novos questionamentos, informe sobre dados desconhecidos e organize pesquisas e investigações;
    • selecione materiais de fontes de informação diferentes para que sejam estudados em sala de aula;
    • promova visitas e pesquisas em locais ricos em informações;
    • proponha que os estudos realizados se materializem em produtos culturais, como livros, murais, exposições, teatros, maquetes, quadros cronológicos, mapas etc.

      (PARÂMETROS curriculares nacionais: história, geografia/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. p 53.)


    O documento

      Registro de um edital que a Camara mandou publicar respeito á taxa do peso que deve ter o pão de farinha de trigo emquanto a farinha andar cara cujo teor é o seguinte.

      O Doutor Juiz de Fora Presidente Nicolau de Siqueira Queirós, Vereadores, e Procurador do Senado da Camara desta cidade de São Paulo, que servimos o corrente anno por eleição e aprovação de Sua Magestade Fidelissima que Deus guarde etc.

      Fazemos saber a todas as pessoas que costumam padejar nesta cidade o pão de trigo, que attendendo á carestia da farinha de trigo no tempo actual, se determinou em Camara de cinco do corrente que o peso do pão de vinte reis fosse de quarta e o de quarenta reis de meia libra depois de cosido, emquanto não houvesse mais barato preço da dita farinha que dê motivo a nova taxa na forma do paragrapho 8º da Ord. L. 1º t.º 66 sendo obrigadas as ditas pessoas a continuar na dita padaria com o sobredito regulamento debaixo das penas das leis respectivas. E para que chegue á noticia de todos, e não possam aduzir ignorancia mandamos passar o presente que será publicado e fixado no logar do costume. Dado nesta cidade de São Paulo sob nosso signal, e sello real que serve neste Senado em Camara de nove de fevereiro de 1820. E eu João Nepomuceno de Almeida escrivão da Camara que o escrevi – Logar do sello – Nicolau de Siqueira Queirós – João Lopes França – Antonio da Silva Prado – Manuel Joaquim Coelho – Nada mais se continha em dito edital.


      (REGISTRO Geral da Camara Municipal, 1820-1822. São Paulo: Archivo Municipal de S. Paulo, 1922.v. 16. pág. 11 e 12.)
    O que sugerimos a seguir são apenas algumas possibilidades de trabalho com o documento. Elas requerem a interferência constante do professor, estimulando a elaboração de hipóteses, sugerindo percursos de pensamento ou mesmo auxiliando com informações adicionais que considere pertinentes. Lembramos, no entanto, que o formato final da atividade é uma prerrogativa exclusiva do professor, de acordo com as necessidades do seu trabalho pedagógico cotidiano e das competências de seus alunos.

    Questões a serem dirigidas aos alunos:
    1. Qual o principal motivo da publicação do edital?
    2. O texto do edital menciona o fato de que, após publicado, o documento deveria ser fixado no “logar de costume”. Levante hipóteses sobre este lugar e sobre por que isso deveria ser feito.
    3. Qual o governo vigente no Brasil na época da publicação do edital? Como era exercida a fiscalização dos padeiros pela Câmara Municipal?
    4. Pesquise a respeito de como se dava o abastecimento da cidade de São Paulo na época da publicação do edital. De onde vinha e como era produzida a farinha de trigo consumida na cidade?
    5. O que poderia fazer a população ante a falta de pão ou ante o preço muito elevado do produto?
    6. Nos dias de hoje, qual região do Brasil se caracteriza como produtora de trigo? A produção de trigo é suficiente para o consumo da população brasileira?
    7. Recentemente, uma lei regulou a venda do pãozinho francês. Identifique no texto qual a forma de comercialização do pão e quais semelhanças e diferenças entre o início do século XIX e os dias atuais, sobretudo em relação ao sistema de pesos e medidas e ao sistema monetário, por exemplo.
    8. Faça uma leitura atenta do documento e descubra as palavras cujos significados são hoje desconhecidos, como também aquelas que possuíam grafia diferente das dos dias de hoje. Reescreva o texto substituindo as palavras encontradas e atualize a pontuação.
    Ressaltamos, ainda, que a interpretação do documento sairá enriquecida se ele for objeto de trabalho interdisciplinar.


    Silvana Regina Giglio de Almeida
    Silvana Gomes Giovanetti
    Arzelinda Maria Lopes



    Para agendar visitas monitoradas, utilize o e-mail:
    educativoarq@prefeitura.sp.gov.br




  • MANUSCRITOS

  • A DIRETORIA DE POLÍCIA E HIGIENE


    Dentre o acervo da Seção Técnica de Manuscritos destacamos nesta edição o sub-grupo documental Diretoria de Polícia e Higiene, composto pelas séries Intimação e Multa, Administração de Mercados, Administração de Cemitérios, Administração de Matadouros, Alvará de Licença, etc. Sub-grupo esse atualmente em fase de organização pelos técnicos do AHMWL.

    Uma das principais atribuições da Diretoria de Polícia e Higiene era a fiscalização das condições de asseio de mercados, hotéis, restaurantes, quitandas, matadouros, botequins e estabelecimentos que comercializavam alimentos, inclusive alimentos vendidos por ambulantes e em quiosques, pavilhões de madeira cuja presença foi admitida no espaço público da cidade a partir de 1883.

    Abaixo reproduzimos queixa publicada no jornal Diário Popular de 16 de Janeiro de 1908, ocorrida no antigo Mercado Municipal da Rua 25 de Março, que vale como exemplo vivo do cotidiano da época.De fato, não é documento relacionado com a fiscalização higiênica dos alimentos, mas apresenta interesse de natureza sociológica, não estando, além disso, destituído de um humor involuntário.

    Na São Paulo do início do século XX, o caipira e o negro escravo haviam sido substituídos na comercialização dos alimentos pelo elemento imigrante, sobretudo itálico, muitas vezes desprovido das maneiras submissas que os fregueses, antigos paulistanos que se diziam de boa cepa, gostavam de encontrar nas camadas subalternas. Durante a Primeira República, os setores hegemônicos se impacientavam com freqüência com a rudeza de comportamento das camadas inferiores e procuravam impor-lhes muitas vezes à força atitudes mais adequadas aos padrões burgueses que eles próprios haviam adquirido recentemente.
      QUITANDEIRA AGRESSORA

      No mercado 25 de Março deu-se esta manhan uma occorrencia cuja dupla feição bem merece ser encarada pelo digno sr. Prefeito municipal
      [Dr. Antônio Prado].

      Cerca das dez horas da manhan, uma senhora pertencente a conceituada e antiga família paulista, indo fazer compras áquelle mercado, dirigiu-se a quitandeira Grazzia Benevenuto para comprar uma abóbora. Procedendo á escolha deste vegetal, pegou numa, mas não o fazendo com bastante firmeza, a abóbora cahiu-lhe das mãos e, casualmente bateu num pé da quitandeira. Esta, sem mais palavra, alça o braço e dá na referida senhora uma bofetada.

      A Senhora, que pela sua educação, não podia tomar um desforço material, exprobou o ato da regateira insolente, e immediatamente dirigiu-se a administração do mercado. Alli encontrou o respectivo administrador, sr. Leão, ao qual narrou o que lhe acontecera, formulando sua queixa. De nada lhe serviu esse recurso, porque em modos desabridos declarou á offendida nada ter que fazer.
      É curiosíssimo , mas é verdade. De forma que as funcções de administrador do mercado estão limitadas á cobrança de alugueis e impostos, nada mais!

      Neste ponto é que achamos de toda a urgência a intervenção do sr. dr. Prefeito municipal.

      Mas há mais:

      Nada obtendo do administrador Leão, a referida senhora dirigiu-se ao inspector de quarteirão, um italiano que como autoridade é mansa como uma ovelha. Também foi infeliz, neste seu segundo recurso, a senhora aggredida. Provavelmente por espírito de nacionalidade, o inspector não esteve para proceder contra sua patrícia Grazzia Benevenuto, e declarou nada poder fazer.

      Foi então que interveio um cavalheiro que, auxiliado por uma praça, conduziu a quitandeira á policia central, na qual o 4.° delegado mandou que a feroz vendedora de abóboras fosse recolhida ao xadrez.

      Registre-se: a tudo isto quis ser, e o foi, estranho o administrador do mercado sr. Leão.

      Quanto ao inspector de quarteirão, é de esperar que o dr. Chefe da Segurança Publica tenha uma providência; no que se refere ao administrador desse próprio municipal, sem duvida o dr. Prefeito tratará de lhe esclarecer quaes são suas attribuições, do contrário qualquer dia lançam fogo ao mercado e esse funccionario, que é um dos mais bem retribuídos pelos cofres municipaes, é bem capaz de dizer que nada tem com o facto.
    A reclamação publicada no Diário Popular foi então protocolada no dia 17 de janeiro e encaminhada ao administrador do mercado, que respondeu em sua defesa no dia 25 que tomou todas as providências para a detenção da agressora, porém não contente a senhora agredida se retirou e em seguida retornou em companhia da polícia.

    No despacho final o prefeito se dá por satisfeito com a resposta do administrador e indefere a multa de dez contos de reis, que só poderia ser aplicada em caso de reincidência.


    Guido Gustavo Venturini Flud Alvarenga
    Seção Técnica de Manuscritos


    Serviços: A Seção Técnica de Manuscritos atende de segunda-feira à sábado, das 9 às 17 horas.


  • RESTAURO EM PAPEL

  • O PAPEL COMO ALIMENTO PARA MICROORGANISMOS E INSETOS

    Há séculos o papel é utilizado como suporte das informações produzidas pelo homem, tais como, textos literários, mapas, desenhos, entre outros. A sua vida útil depende dos materiais que o compõem, mas não apenas disso. As condições nas quais é armazenado, a maneira como é tratado e o modo como é acondicionado são elementos que interferem na sua durabilidade. Assim como os adesivos, os cartões, o pergaminho e o couro, o papel é suscetível à deterioração provocada pela ação de fungos e bactérias. Além disso, serve como alimento para muitas espécies de insetos. Dentre os objetivos da ação de conservadores do patrimônio escrito destacam-se a prevenção desses ataques e o tratamento dos danos por eles provocados.

    Fungos e bactérias

    A presença destes microorganismos pode ser detectada na incidência de manchas coloridas e pelo mau cheiro provocados pelos ácidos orgânicos que excretam. Eles também fragilizam o papel ao retirar das moléculas de celulose os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

    A umidade relativa do ar superior a 65%, a temperatura ambiente superior a 20°C, a má ventilação, a falta de iluminação, o estado de conservação do material das coleções, a freqüência e a maneira como é realizada a limpeza do espaço físico e do acervo, são fatores responsáveis pela propagação destes microorganismos nos arquivos e bibliotecas.

    Insetos

    Insetos como a barata, o piolho de prata, a traça de livro, a broca e o cupim também são agentes da degradação de acervos bibliográficos, sobretudo em zonas tropicais. A combinação de ambientes mal ventilados, mal iluminados, quentes, úmidos, próximos a locais onde há alimentos e lixo, favorece a proliferação e o ataque destes insetos. Sua ação provoca desde abrasões superficiais, com contornos irregulares, até perfurações e perda total do suporte dos livros e documentos.

    Ações preventivas de infestações de fungos, bactérias e insetos
    • manter os ambientes arejados
    • iluminar os ambientes seguindo orientação de especialista na área
    • remover ou destruir os ninhos de insetos
    • manter os ambientes limpos
    • manter os ambientes secos, evitando vazamentos ou presença de água e umidade
    • eliminar todos os locais onde a água possa ficar estagnada
    • dar preferência a mobiliário de aço
    • remover todos os fragmentos de madeira das construções após o término das mesmas
    • inspecionar constante e detalhadamente o entorno e a edificação, procurando indícios da presença de insetos
    • construir quadros elétricos e painéis de metal
    • não preencher porões e caixões perdidos com materiais utilizados na construção e monitorar estes locais periodicamente
    • remover galhos secos das árvores existentes nas imediações ou galhos projetados sobre o edifício
    • manter a área externa limpa, sem entulho ou materiais empilhados
    • manter a grama aparada
    • acondicionar o lixo em recipientes adequados e providenciar sua remoção diária
    • proteger as janelas e vãos sob as portas
    • não manter alimentos em áreas de acervo
    • limpar e vedar frestas, ralos, caixas de gordura e esgotos
    • instalar dispositivos de fechamento automático nas portas
    • manter as instalações elétricas, hidráulicas e a rede de esgoto em condições adequadas
    • orientar os funcionários sobre as medidas preventivas
    • estabelecer programa de manejo integrado de pragas, orientado por especialista na área.
    No caso de constatação da presença de microorganismos ou insetos, procurar imediatamente orientação especializada.


    Equipe técnica da Seção de Restauração e Encadernação

    Colaboração: técnicas contratadas pelo Projeto Caixa Restauração da Documentação dos Cemitérios Públicos de São Paulo




  • INTERCÂMBIO

  • CENTENÁRIO DO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

    Neste ano que se inicia, 2007, será comemorado o centenário do Arquivo Histórico Municipal. Há 100 anos, por força da Lei n. 1.051, de 17 de outubro de 1907, a Secretaria Geral da Prefeitura passava a contar com mais uma seção, destinada aos serviços de instrução pública, estatística e arquivo municipal. A partir dessa data, começaram a ser transferidos aos poucos da Presidência da Câmara Municipal para a Prefeitura valiosos documentos históricos pertencentes à Câmara e às Intendências, entre eles os que remontavam ao século XVI: as Atas da Câmara de São André da Borda do Campo (1553-1558) e da Câmara de São Paulo (1562-1909). Esse fato, tão relevante, nos fez eleger 1907, como o ano da origem mais remota do Arquivo Municipal de São Paulo.

    É indiscutível a relevância da documentação sob a guarda do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, sendo a divulgação das informações nela contidas crucial para a preservação da memória histórica da cidade. Daí a necessidade de recursos, tanto para a manutenção adequada do acervo, quanto para a ampliação e aperfeiçoamento das atividades de difusão arquivística.

    Correios e Telégrafos
    Fachada principal do edifício dos Correios e Telégrafos, na esquina da Av. São João com Rua Formosa e Vale do Anhangabaú. Com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, o prédio foi inaugurado em 1922
    Reprodução: Diego Spino. Acervo: AHMWL/DPH/SMC

    No intuito de alcançar esses objetivos – comemorar o centenário da instituição e angariar recursos para as atividades que oferece –, a Seção Técnica de Intercâmbio do AHM em parceria com a Mecenato Moderno Marketing e Produção Cultural S/C Ltda, apresentarão ao Ministério da Cultura (através da Lei Rouanet), e posteriormente a diversas outras fontes de financiamento, o projeto CENTENÁRIO DO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO, com os seguintes objetivos:
    • divulgar o acervo do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (Arquivo Histórico Municipal Washington Luís) e os serviços que esta Instituição oferece;
    • favorecer o interesse pela pesquisa, incentivar a Educação Patrimonial no ambiente escolar e aproximar o jovem dos acervos arquivísticos por meio de atividades orientadas pelo Serviço Educativo do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo;
    • produzir conhecimento, compartilhar experiências e promover o intercâmbio nacional e internacional de conceitos e técnicas ligadas ao processamento técnico, preservação e difusão dos acervos documentais.
    Dentre os produtos gerados pelo projeto, destacam-se:
    • a criação e publicação de um logotipo para o Arquivo Histórico Municipal, com a finalidade de trazer mais visibilidade à identidade da Instituição – a criação desse logotipo foi gentilmente oferecida pela artista plástica Maria Bonomi;
    • a publicação de 2.500 exemplares de um livro com 150 reproduções de documentos representativos, em sua maioria inéditos, pertencentes ao acervo do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, devidamente comentados em textos bilíngües;
    • a montagem de exposição com 20 reproduções de documentos escolhidos a partir da seleção feita para o livro, acompanhadas de textos explicativos, no edifício-sede do Arquivo Histórico Municipal, com extensão para outros pontos da cidade;
    • a publicação de 5.000 exemplares atualizados do Guia do Arquivo Histórico;
    • a realização de atividades educativas para orientação de coordenadores e professores de 40 escolas das redes pública e particular, com o objetivo de desenvolver atividades ligadas à Educação Patrimonial em sala de aula e oficinas voltadas a 1.600 alunos do ensino fundamental e médio, das redes públicas e particulares, com a finalidade de fomentar a atividade de pesquisa entre o público infanto-juvenil, a partir do contato com os documentos históricos;
    • a produção de 3.000 kits de material didático composto por cartilha impressa e CD-ROM interativo para apoio das atividades educativas do AHM;
    • a promoção de seminário internacional Identificação, Preservação e Difusão do Patrimônio Documental, aberto e gratuito, para profissionais especializados, estudantes e público em geral, composto por 15 palestras distribuídas em 3 eixos temáticos;
    • a realização de evento de lançamento do livro, inauguração da exposição e comemoração oficial do Centenário do Arquivo Histórico Municipal.
    O acesso às atividades do projeto será gratuito e voltado a todas as camadas da população, incluindo idosos e portadores de necessidades especiais. Pretende-se atender 1.200 alunos da rede pública e 400 alunos da rede particular do ensino médio e fundamental através do Programa Educativo. Para o seminário serão oferecidas 700 inscrições a estudantes, historiadores, advogados, arquitetos, sociólogos, antropólogos, jornalistas, arquivistas, restauradores, bibliotecários, museólogos, entre outros. E serão oferecidas também 5.000 inscrições para a exposição a ser realizada no edifício-sede do AHM e, posteriormente, em outros locais da cidade de São Paulo.

    Affonso Freitas - planta da cidade
    Reconstituição histórica de São Paulo entre 1800 e 1874, numa representação realizada por Affonso A. de Freitas.
    Reprodução: Diego Spino. Acervo: AHMWL/DPH/SMC

    Durante a realização de todas essas atividades previstas durante um ano a partir de 2007, o AHM atenderá normalmente ao público consulente, que também poderá se beneficiar das atividades promovidas pelo projeto.


    Maria Bonafé
    Seção Técnica de Intercâmbio
    intercambioarquivohistorico@prefeitura.sp.gov.br
    mbonafe@prefeitura.sp.gov.br
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  • CCAD

  • CCAD - Comissão Central de Avaliação de Documentos

    A CCAD – Comissão Central de Avaliação de Documentos tem por objetivo geral a instituição de uma política de gestão de documentos no âmbito da administração pública municipal, com vistas à avaliação, seleção e preservação de seu patrimônio documental. Seu trabalho é desenvolvido em conjunto com as CSAs – Comissões Setoriais de Avaliação, de cada secretaria, autarquia ou empresa mista da Prefeitura da Cidade de São Paulo.

    À CCAD compete, entre outras atividades, orientar e coordenar os trabalhos desenvolvidos pelas Comissões Setoriais de Avaliação-CSAs, nos processos de levantamento e avaliação dos documentos produzidos e acumulados em suas unidades, além de avaliar, adequar e aprovar as propostas de Tabelas de Temporalidade elaboradas pelas CSAs.


    CCAD: atividades no período - novembro a dezembro

    A CCAD – Comissão Central de Avaliação de Documentos – aguarda a apreciação da Secretaria Municipal de Gestão quanto à versão final da Tabela de Temporalidade – Atividades-Meio. Após a oficialização e publicação no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, a referida Tabela servirá de guia para as CSAs por contemplar documentação comum a todas as Secretarias.

    No período, a CCAD orientou as Comissões Setoriais de Avaliação de Documentos das Secretarias da Saúde, Finanças e Esportes quanto à elaboração de suas Tabelas de Temporalidade.

    A CCAD recebeu também documentação relativa à nomeação da CSA da São Paulo Turismo, conforme ofício PRR-G/174/06, de 22/08/06.


    Fátima Pessoa Colacite de Oliveira




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    Serviços: Visita Monitorada - O Edifício Ramos de Azevedo, projetado pelo escritório técnico de Ramos de Azevedo, foi inaugurado em 17 de abril de 1920 para receber os cursos de eletrotécnica e mecânica da Escola Politécnica. A partir de dezembro de 1999 tornou-se sede do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.



    Para agendar visitas monitoradas, utilize o e-mail:
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    funcionamento:
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    Gilberto Kassab
    Prefeito da Cidade de São Paulo

    Carlos Augusto Calil
    Secretário de Cultura

    José Roberto Neffa Sadek
    Secretário Adjunto

    Paulo Rodrigues
    Chefe de Gabinete

    Walter Pires
    Departamento do Patrimônio Histórico

    Liliane Schrank Lehmann
    Divisão do Arquivo Histórico Municipal "Washington Luís"